• No Dia da Democracia, autoridades e jornalistas lamentam morte de Guedon. Câmara decreta luto de três dias

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  • 24/10/2020 13:15

    Autoridades, personalidades e jornalistas lamentaram a morte daquele que foi um dos principais líderes de Petrópolis. Com muitos dos seus 88 anos dedicados a ideia de uma democracia participativa, Guedon faleceu justamente no dia dedicado à democracia. Um dia que vai ficar eternizado pelo legado, ideais e luta que marcaram sua vida.

    O prefeito Bernardo Rossi e seu vice, Baninho, lamentaram a perda. “Philippe sempre foi uma referência, não só pelos por seus ensinamentos, mas também, pela defesa da democracia. O auditório da Casa dos Conselhos leva o nome de Philippe Guedon, que representa todo o trabalho do espaço que é democrático, onde a  sociedade pode exercer a reflexão e discutir questões que afetem a vida coletiva, construindo e moldando políticas públicas. À família, nossas condolências. Petrópolis perdeu hoje um grande homem que faz parte da nossa história”, publicaram nas redes sociais.

    Inauguração do Auditório Philippe Guedon, na Casa dos Conselhos, ano de 2015

    A Prefeitura de Petrópolis decretou luto oficial de três dias no município, lembrando da importância de Guedon na cidade. “Philippe Guedon, figura de grande valor para Petrópolis. Fundador do PHS, Guedon deixa um legado político importante num período em que a democracia se faz mais presente”.

    A Câmara Municipal de Petrópolis também decretou luto pela morte, lembrando sua importância para a luta popular da cidade. “Era uma pessoa excepcional, que deixa um importante legado para todos nós. Guedon não se contentou em apenas viver. Ele quis fazer a diferença. E fez”, lembrou o presidente do Legislativo Municipal, Hingo Hammes. 

    O ex-prefeito Rubens Bomtempo, que inaugurou em 2015 um auditório na Prefeitura com o nome de Guedon, também lamentou a perda. “No Dia da Democracia, Petrópolis perde um filho e nós perdemos um amigo e grande defensor da participação popular. Sem dúvida, o legado que Guedon deixa para nós e para a nossa cidade será sempre lembrado. Seu exemplo de amor e dedicação às causas populares ficou marcado em nossos corações e, tenho certeza, também servirá de guia para as futuras gerações que desejam participar e decidir os destinos de Petrópolis”.

    A jornalista Aline Rickly tinha uma intensa relação de carinho com Philippe e sua família. Do primeiro encontro, em 2012, até agora, são muitos os momentos em que registrou boas histórias, a convivência familiar e as experiências vividas pelo ícone da política em Petrópolis. Das coincidências da vida, faz aniversário no mesmo dia em que Guedon nasceu, 23 de julho. Uma memória que nunca vai ser esquecida. 

    “A primeira vez em que estivemos juntos foi para produzir uma matéria de capa para uma revista. Foi uma minibiografia. Nesse dia ganhei das mãos dele o livro que conta a história da fundação do PHS e da vida dele: ‘’solidaristas, Graças a Deus’’. Naquela primeira entrevista, que durou horas, já nos identificamos, ele, eu e a Lúcia, esposa dele. Da família ainda ganhei uma receita escrita à mão que minha tia já falecida tinha dado a eles. O que me encantava no Guedon era o otimismo sem fim, a inteligência e a defesa pela participação popular nas lutas por melhorias para a cidade, como um todo. Estava sempre fazendo brincadeiras. Era um homem culto, que nasceu na França e escolheu Petrópolis para viver. Muita gente não sabe, mas ele que ajudou Itaipava a crescer”, conta. 

    O contato nunca se perdeu. E-mails, telefonemas, conversas que dinheiro nenhum paga. Ele a chamava de amiga e num último e-mail, enviado em agosto, ainda demonstrou o orgulho de vê-la se desenvolvendo na profissão. 

    “Achei linda a assinatura ‘‘Aline Rickly Repórter’’. Achar a sua vocação e correr atrás é um feito que nem todos conseguem. Creio que a definição do êxito pessoal seja esta: identificar a profissão que deseja exercer e viabilizar o sonho. Levar ou não à fortuna ou ao reconhecimento social podem ser importantes para uns e não para outros, mas não se substituem à vocação, ou não deveriam”, disse Guédon, encerrando com a frase: “Obrigado por dar atenção a um ancião, que desejava ter feito muitas coisas que não conseguiu realizar e, mesmo assim, acha que valeu a pena.”

    O também jornalista Rogério Tosta acompanhou de perto momentos emblemáticos na trajetória de Guedon. Segundo ele, sua morte deixa uma lacuna enorme na cidade e que dificilmente será preenchida. Dentre os atributos destacados estão o entusiasmo e comprometimento com a participação popular, que contagiava a todos os que estavam ao seu lado. 

    “Mesmo fragilizado pela idade, nunca deixou de participar da política, quando não diretamente, de forma indireta incentivando outros. Não há dúvida que Guedon é e sempre será um ícone para muitos e, mesmo aqueles que não concordavam com ele, o respeitavam por verem seu entusiasmo. Por diversas vezes o entrevistei e sempre era um aprendizado. Há dois, entre muitos, momentos que marcaram as nossas conversas. A primeira foi quando ouvi pela primeira vez ele dizer ‘‘primavera de Petrópolis’’ referindo se aos primeiros anos do governo de Paulo Rattes, na década de 1980, quando, segundo Guedon, a cidade viveu de fato a participação popular no governo. O segundo momento foi quando aceitou o desafio proposto por Dom Filippo Santoro criando a Frente Pró- Petrópolis por causa das chuvas de 2011. E desde então vinha trabalhando e defendendo a participação por meio do planejamento, propondo a criação do Instituto Koeler”, conta.

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