• Natal mais triste para famílias do Contorno

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  • 24/12/2017 08:00

    Para as famílias do Vale do Escola, no Contorno, local afetado pela cratera aberta às margens da BR-040, na altura do quilômetro 81 da pista de descida da serra, as festas de fim de ano serão mais tristes. Acostumados a passar a noite de Natal na comunidade, no dia 24 eles estarão separados. A localidade ainda está interditada pela Defesa Civil (DC) e não há previsão para a liberação das moradias e da Escola Municipal Leonardo Boff. 

    "Muitos moradores moram aqui há muitos anos. Alguns, desde que nasceram. São famílias inteiras que passavam juntas a noite de Natal. A ceia era quase comunitária. Visitávamos uns aos outros no dia 24, passando de casa em casa. Neste ano não será assim. As famílias tiveram que ser divididas por conta da tragédia. Será um Natal mais triste para todos nós", disse a moradora e diretora da escola, Angélica Domingas.

    Segundo ela, para tentar manter a tradição de se unirem na noite de Natal, algumas famílias estão planejando ir para o imóvel novo da escola, na Rua Duarte da Silveira. “Estamos conversando e tentando fazer algo na escola. Ainda está tudo meio confuso, porque há pessoas que estão morando muito longe, mas nosso desejo é continuarmos juntos, como sempre fazíamos”, comentou. Depois da tragédia, Angélica alugou uma casa no mesmo terreno da escola. O novo local do colégio foi alugado pela Concer – concessionária que administra a rodovia.

    A família do comerciário, Paulo Henrique do Nascimento, de 48 anos, também vai passar a noite de Natal separada. Longe de casa e dos amigos de tantas décadas, ele disse que não sabe como serão as festas este ano. “Minha casa fica atrás de um imóvel que foi parcialmente destruído. Próxima à minha ficava a de outras pessoas da minha família e de amigos que fiz nestes 25 anos em que morei no Contorno. Depois da tragédia, foi cada um para um lugar. Tem pessoas no Dr. Thouzet e Mosela. Vai ficar complicado reunir todos, como sempre fazíamos”, contou.

    Paulo ainda não conseguiu alugar uma casa para morar com a esposa, o filho de 26 anos, e a sogra, de 78 anos. Ele e a mulher estão na casa de um primo, na Duarte da Silveira. A sogra foi para a casa de outro parente, no Bingen, e o filho foi morar com a namorada. “Minha sogra precisa de cuidados especiais. Ela fica na cama o dia todo e estamos tendo dificuldades para encontrar um imóvel. Já são quase dois meses em casas de parentes, com minha família toda dividida. Estamos nos desdobrando para cuidar da minha sogra, que sofre com problemas de saúde”, disse.

    O morador contou que as noites de Natal no Vale da Escola eram alegres, com toda a comunidade reunida. "Fazíamos uma grande festa, churrasco no dia seguinte. Estamos vivendo um momento delicado e muito triste", lamentou Paulo Henrique. Ao todo, 55 moradias do Vale da Escola estão interditadas. Até o momento, a Concer ainda não divulgou os laudos sobre as causas do desabamento – a previsão é que isso aconteça em 60 dias – mas tudo indica que o abandono das obras de construção do túnel da nova subida da Serra tenha levado à erosão do terreno. Os trabalhos foram paralisados em julho do ano passado e em novembro, toda a área escava deixou de ser monitorada.

    Laudos preliminares da empresa contratada pela Concer confirmaram que houve colapso no túnel no local do desabamento. A cratera de cerca de 70 metros de profundidade já foi coberta. Os técnicos trabalham agora no monitoramento da área e nas avaliações que apontem quais as causas do desabamento e quais as medidas que serão adotadas para garantir a segurança das moradias e da rodovia.


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