• Mudar tudo para deixar tudo como está

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  • 01/03/2018 12:40

    Nas últimas semanas o carioca tem vivido em estado de pânico devido à escalada da violência na cidade. Roubo de cargas, assaltos, arrastões e assassinatos são eventos cotidianos que caracterizam o Rio como uma das cidades mais violentas do Brasil. A situação agravou tanto, que o governo estadual “jogou a toalha” e entregou a segurança pública para o governo federal onde este rapidamente baixou um decreto de intervenção passando o controle da pasta para o exército. A questão é se de fato a segurança do carioca é a prioridade para o governo, visto que não é de hoje que o Rio de Janeiro está entregue a marginalidade e a violência, ou se é mais uma jogada eleitoral.

    Há décadas o carioca sofre com a violência. Todo governo que se inicia tem como prioridade, acabar com os assaltos e erradicar o tráfico de drogas. Mas, a promessa só é retórica. Uma política que se pensou que daria certo foi a implantação das UPPs nas comunidades, mas logo se notou que o tráfico de drogas é muito bem organizado e articulado e o governo viu sua última política consistente de segurança se mostrar ineficiente em poucos anos.

    A vida do carioca se transformou em um verdadeiro inferno. Arrastões nas praias, assaltos em pontos de ônibus e assalto seguido de morte, não tem hora e nem local para acontecer. Os roubos de carga chegam a ser são transmitidos ao vivo pelos telejornais. O carnaval carioca que é um evento que mobiliza milhões de pessoas do Brasil e do exterior todos os anos, também ficou marcado pela audácia dos marginais que sem o menor receio das autoridades, protagonizaram cenas de violência estarrecedoras. E todo esse vácuo de poder fez com que o governo estadual entregasse a segurança admitindo a incapacidade de administrar a situação, incapacidade essa, que por sinal já é conhecida de todo carioca, visto que o estado passa por uma de suas piores crises devido à corrupção, omissão e descaso de um governo cujo partido PMDB que voltou a se chamar de MDB (por motivos óbvios), tem os piores quadros políticos dos últimos anos e alguns proeminentes, como o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-deputado federal e presidente da câmara Eduardo Cunha, que cumprem pena em prisão por corrupção e outros crimes contra a administração pública.

    Um fato que está implícito é que o mesmo MDB que na década de oitenta foi um dos idealizadores do movimento conhecido como “Diretas Já”, que tinha como objetivo o fim do regime militar e o direito de eleições diretas para presidente da república, hoje cassa as atribuições da área de segurança de um governador eleito democraticamente e passa para o Exercito que outrora combateu com a gana de querer um país democrático. Interessante…

    A questão é se de fato a intervenção federal tem como objetivo eliminar a violência e dar dias melhores ao carioca ou apenas é uma jogada “eleitoreira” para maquiar a imagem dos políticos do ressuscitado MDB, promovendo uma mudança para deixar tudo como está, pois o interventor não tem a prerrogativa de atacar o crime organizado no seu âmago, ou seja, nas engrenagens políticas e policiais do Rio. Nesse sentido, parece que o interventor Braga Netto tem como missão primordial atenuar a crise com as mesmas ações de sempre: atentando para a cidade e deixando o morro e a comunidade em um mundo a parte.


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