• Muda o perfil de empresários e consumidores

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  • 06/11/2017 09:08

    O período mais complicado do setor da indústria da moda passou, é o que diz a coordenadora de moda da Firjan, Ana Carla Torres. Segundo ela, o mercado está em processo de maturação, se recuperando, tendo em vista que a empregabilidade no segmento melhorou Por isso o mercado já pode ser visto de forma mais animadora. Uma ótima notícia aos empresários de Petrópolis, em particular da Rua Teresa, que atuam no ramo e conseguiram se manter durante o período mais grave da recessão econômica. Para a especialista, os que continuaram ativos no mercado possuem características que a maioria dos empresários locais não tinham. Outro fator destacado por ela é a drástica mudança no perfil do novo consumidor do maior polo de modas da cidade. 

    Famosa pelos tradicionais “sacoleiros”, que por décadas mantiveram as vendas na Rua Teresa aquecidas, hoje o varejo tem ganhado cada vez mais espaço. E foi justamente esse público que teve grande influência na permanência efetiva de algumas marcas da cidade, mesmo diante da dificuldade econômica. Isso porque se trata de um público mais exigente, que não busca apenas consumir, mas que se torna fiel a marca. Eles desejam ainda ter uma boa experiência de compra, aliada a qualidade, inovação, e consciência social e ambiental da marca.

    Apesar de muitas lojas possuírem um ou mais itens da lista da especialista: criação-estilista; antecipação de tendência, transparência da marca, e identidade, a metodologia aplicada pode não ter sido correta, e ter levado ao fechamento prematuro de mais 500 lojas na Rua Teresa nos últimos anos. É importante ressaltar que o processo pode e deve ser adotado o mais rapidamente possível pelos empresários que pretendem continuar no ramo, tendo em vista que se tratam de questões ligadas diretamente ao novo consumidor final. Cada vez mais o consumidor dita o produto e participa do processo de construção. Por isso as marcas grandes investem tanto hoje em customização, qualidade, e criação. “Tudo isso ainda precisa se comunicar de forma harmônica com os pontos de venda, ou seja, é necessário que a coleção faça alusão a estação, e principalmente a nova coleção dentro das lojas físicas. O consumidor precisa se sentir acolhido para permanecer mais tempo no local. Assim ele consumirá mais o produto. Esses componentes fazem toda a diferença e podem determinar o sucesso de um empreendimento. Além disso, mapear os desejos desse consumidor, traduzi-los, e conseguir se antecipar quando trata-se de tendência é fundamental nesse ramo”, afirmou Ana Carla.


    Estilista é essencial para sucesso da marca

    O mercado de moda só ganha valor financeiro quando consegue apostar de forma correta naquilo que o consumidor deseja. Ser capaz de antecipar e transformar a produção e apresentá-la antes dos concorrentes é um diferencial importante, e que ainda não se faz presente de forma massiva no setor de vestuário da Rua Teresa. Isso porque durante muitos anos a maior parte das lojas vendia malharia, e peças parecidas ou até iguais umas das outras. Já nos últimos anos, devido aos gastos com a produção própria, muitos passaram a comprar mercadorias em outras cidades, com São Paulo, para revender no polo de modas, deixando novamente as lojas com produtos similares.

    “A criação é muito importante, mas quem prefere revender as mercadorias também tem grandes chances de sucesso se tiver o profissional correto dentro da empresa. Pois ele que vai saber exatamente o que comprar, e dar uma identidade para a marca, mesmo sem ela possuir produção independente. Além disso, é o estilista que fará o trabalho de antecipação de tendências, personalização, e criação. E, muitas lojas da rua ainda não possuem esse profissional”, explicou Ana Carla.

    Apesar disso, as marcas petropolitanas que contam com o serviço dentro dos empreendimentos afirmam que não sabem mais como não ter esse tipo de especialista atuando. O empresário Francisco Carvalho, possui loja na Rua Teresa há 25 anos, e há oito conta com o auxílio de estilista para desenvolver os modelos da maior parte das roupas vendidas no estabelecimento. “É um conjunto de reformulação que venho fazendo nos últimos anos, e que de fato muitos não fizeram. Se as pessoas não se atualizarem, estudarem e se informarem sobre como o mercado está fica complicado continuar no mercado”, afirmou. 

    Para a estilista da marca, Letícia Mendes, o maior problema de muitos empresários é não saber criar a identidade da marca. “É possível comprar e revender, contanto que exista alguém que vai direcionar a loja para o que de fato terá saída, e está ou estará em alta. Antes o consumidor não procurava tendências, nem muito qualidade. Hoje isso é essencial”, salientou. Para a coordenadora de moda Ana Carla, outro erro de alguns empresários é demorar para iniciar a produção. “Copiar as grandes marcas e tendências pode ser um problema. É preciso se antecipar! Muitas lojas esperam determinadas tendências fazerem sucesso para então iniciarem a produção, mas todo produto tem uma escala de vida. Primeiro os “influenciadores” recebem essas novidades, logo depois existe o pico de vendas do produto, e em seguida, quando muitos empresários optam em “copiar”, esse produto já está em declínio, ou seja, ele terá que cobrar mais barato, e terá menos tempo de venda.

    Além das marcas que já trabalham com produção própria e também mercadorias terceirizadas, existem empresas de Petrópolis que por terem grande capacidade de produção também de alguns empresários é demorar para iniciar a produção. “Copiar as grandes marcas e tendências pode ser um problema. É preciso se antecipar! Muitas lojas esperam determinadas tendências fazerem sucesso para então iniciarem a produção, mas todo produto tem uma escala de vida. Primeiro os “influenciadores” recebem essas novidades, logo depois existe o pico de vendas do produto, e em seguida, quando muitos empresários optam em “copiar”, esse produto já está em declínio, ou seja, ele terá que cobrar mais barato, e terá menos tempo de venda. Além das marcas que já trabalham com produção própria e também mercadorias terceirizadas, existem empresas de Petrópolis que por terem grande capacidade de produção também atendem empreendedores de outros municípios. Esse é o caso da loja onde atua a estilista Márcia Macharotto.

    “Hoje fazemos as nossas peças e de outras lojas. O cliente, dono de alguma loja, nos procura e produzimos determinado material já com a etiqueta dele. Decidimos fazer isso depois que reduzimos pela metade a produção de peças das nossas lojas, há cerca de dez anos. Dessa forma focamos em criar, dar mais qualidade e exclusividade aos consumidores, do que em quantidade. Estamos nos adequando as mudanças e tem dado certo. O problema da Rua Teresa é que a maior parte dos empresários foca em comprar e revender e não inovar”, disse.

    Conselho de Moda, Firjan, Estácio de Sá, e Sebrae estão em fase final de apuração de enquete. Diante das mudanças no perfil do consumidor final, e no mercado de moda em si, a Firjan em parceria com estudantes de moda da faculdade Estácio de Sá, e também especialista do Sebrae, realizaram uma enquete na Rua Teresa para entender o que o consumidor deseja comprar.

    “Junto com esses parceiros estamos tentando identificar o que as pessoas que compram em Petrópolis desejam encontrar, que eles buscam no polo de modas. Dessa forma pretendemos nos aproximar mais ainda desse novo perfil que invadiu a cidade, para ajudar os empresários nas tomadas de decisão, e investimento em novos projetos, para então alavancarmos a competitividade de venda entre as empresas. O resultado deve ficar pronto até o fim de dezembro”, explicou Ana Carla. 


     

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