• Mobilidade urbana para pessoas com deficiência ainda é um desafio em Petrópolis

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  • 03/12/2019 17:10

    Nessa terça-feira (3) foi celebrado o Dia Mundial das Pessoas com Deficiência, a data promovida pela ONU com o objetivo de promover uma maior compreensão dos assuntos relacionados à deficiência física e mental, para mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas. Além de buscar conscientizar sobre a importância de inserir as pessoas com deficiência em diferentes aspectos da vida social.

    A inclusão dos deficientes físicos vai além da acessibilidade presente nas ruas e nos estabelecimentos, as limitações não só no espaço, mas também criadas pelos próprios pensamentos e o olhar da sociedade precisam ser contornados dia após dias por aqueles que mais do ninguém, precisam lutar pelos seus direitos.

    Aline Nunes de Carvalho, estudante de direito de 32 anos e cadeirante há 19 anos, conta que levou tempo para se sentir motivada a sair de casa. Ela precisou de anos para encarar o mundo, e percebeu que a aceitação das pessoas dependia da sua própria aceitação.

    “Fiquei quatro anos sem querer sair, não era fácil ver como as pessoas me olhavam e me tratavam. Foi só quando percebi que se eu não tomasse as rédeas da minha vida, as pessoas continuaram a me tratar daquela forma. As pessoas com deficiência não tem que se colocar barreiras, ela tem direito de viver como qualquer outra pessoa, e eu tive que aprender isso, eu tive que me aceitar, aceitar a minha nova condição. A aceitação das outras pessoas depende da forma como a gente se aceita”, disse ela. 

    O apoio familiar para quem tem uma condição diferente da vista como normal pode ser primordial. O cadeirante Pedro Fernandes, de 27 anos, nasceu com paralisia cerebral, o que afetou a parte motora do seu corpo. Ele conta que o incentivo dos pais o ajudou a encontrar o equilíbrio necessário para viver. “Eu já tive alguns momentos ruins, que chamamos de crises existenciais, mas graças a Deus e aos meus pais, eu tive um bom desenvolvimento físico e mental. Mas eu já me senti limitado, não só mentalmente, mas pelo espaço físico, porque o mundo não está preparado para nós, cadeirantes. Meus pais me ajudaram a passar por cima das dificuldades de uma forma suave, me ensinaram a compreender que  obstáculos e dificuldades todo mundo tem. Nunca usei da minha condição para me vitimizar, todos temos dificuldades e limitações físicas e psicológicas. Eu tenho ansiedade, e com a deficiência tive que aprender a lidar e criar uma balança”, contou ele, que é ator, pós-graduado em gestão pública e estudante de serviço social.

    Quanto à acessibilidade, Aline e Pedro concordam que apesar das melhorias, ainda são encontradas dificuldades. “Ainda encontramos degraus altos, buracos, pisos irregulares, lixo, postes e árvores no meio das calçadas, falta de rampa, ou rampas irregulares. Mas a cidade já foi pior, eles começaram a trazer um olhar, começaram a mudar, mas é preciso reeducar a cidade a ser acessível a todos”, disse Pedro.

    No entanto, Pedro elogia a obra que está sendo realizada nas calçadas da Paula Barbosa, “é uma obra que deveria ser expandida. Ela tem os caimentos para subir e é mais alta para os cadeirantes acessarem as lojas. São coisas simples e que fazem uma grande diferença para a gente. A cidade não é perfeita, mas está evoluindo”.

    Questionada sobre o problema, a Prefeitura de Petrópolis afirmou ter lançado, com o apoio da ABCP e da FIRJAN, o Manual de Calçada Acessível “Todos na Calçada”. O objetivo é atender a população com mais segurança e qualidade. O projeto, segundo o município, já foi apresentado para os Conselhos Municipais do segmento e está disponibilizado no site da prefeitura.

    Saúde

    Na área da saúde, o município oferece suporte no atendimento das pessoas com deficiência no Centro de Atenção Psicossocial, atendimento odontológico e na solicitação de OPM (órteses, próteses e material assistivo) para deficientes físicos e visuais. No caso de pacientes amputados no Hospital Alcides Carneiro (HAC), estes são encaminhados diretamente para uma fisioterapeuta no Centro de Saúde Coletiva para trabalhar o coto a fim de receber a prótese. Nos últimos 12 meses, a Secretaria de Saúde atendeu cerca de 350 solicitações.

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