• Mobilidade: muitos problemas e algumas propostas de mudanças

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  • 18/11/2019 18:11

    Com uma frota de quase 176 mil carros, o que representa mais de um veículo para cada duas pessoas, o caos no trânsito da cidade é cada dia maior. Rotineiramente, são registrados casos de longos engarrafamentos que geram atrasos até mesmo em percursos curtos. A situação denuncia a falta de estrutura da cidade em acompanhar o crescimento populacional, seguido pelo aumento do número de carros. Para especialistas, é urgente a adoção de melhorias no sistema transferência modal, que priorizem a circulação de pedestres; possibilitem que as bicicletas sejam uma alternativa; e agilizem os percursos do transporte coletivo com, por exemplo, a criação de faixas exclusivas para o tráfego de ônibus.

    Em recente reportagem a Redação da Tribuna chamou a atenção para o transtorno no tráfego da cidade em dias de maior movimentação. O assunto veio à tona a partir do registro de engarrafamentos em várias vias em dia em que a única ocorrência na cidade foi uma chuva que caiu por pouco mais de 20 minutos. Os congestionamentos se tornaram uma realidade frequente, mesmo em dias sem acidentes ou outros problemas. Como novamente na última quintafeira, quando o tráfego do Bingen sentido Centro se tornou inviável. 

    A motorista Gisele Vivarine França, de 33 anos, que realiza transporte escolar, levou mais de uma hora para fazer o percurso Bingen–Montecaseros. “Ando com crianças pequenas na van, que demoram para chegar em suas residências. Hoje (quinta-feira), por todo o trajeto que segui, não encontrei um agente de trânsito auxiliando os veículos”, disse a motorista que trabalha com rota que passa pela Mosela e Alto da Serra. “Essa não é a primeira vez que isso acontece”, reclamou.

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    E para driblar todos os fatores que podem colocar Petrópolis em patamar de desordem, medidas imediatas para a implantação de um plano de mobilidade urbana se fazem necessárias. E para especialistas a ações deveriam incluir melhorias no sistema transferência modal, que priorizem a circulação de pedestres; possibilitem que as bicicletas sejam uma alternativa; e criem faixas exclusivas para o transporte coletivo. A descentralização dos serviços essenciais, hoje concentrados no Centro Histórico, também se faz necessária.

    A professora do curso de Arquitetura e Urbanismo, Alline Serpa, da Universidade Católica de Petrópolis, elabora a pesquisa Estudo Urbano, com alunos e outros profissionais, que desde 2016 visam a organização urbanística da cidade, de forma a reduzir o impacto dos problemas e criar alternativas para melhorias estruturais.

    Alline Serpa diz que a busca por melhorias na mobilidade urbana esbarra, entre outras coisas, no fato de, assim como todas as cidades brasileiras, haver em Petrópolis um privilégio para o transporte individual. O crescimento do número da frota de carros em 3% no último mês denuncia essa tendência. A estatística apresentada pelo Detran, compara o número de carros no mês de outubro deste ano, com o mesmo período do ano passado. “Se pegarmos uma série histórica veremos que essa relação carro versus população vem crescendo cada vez mais. Esse é um problema de todas as cidades brasileiras”,acrescenta a arquiteta, ressaltando que esse crescimento é reflexo da busca por desenvolvimento econômico, que tem o mercado automobilístico como um dos focos. 

    Esse movimento vai de encontro com tendências que visam a adoção de diferentes maneiras de se locomover. O aumento da frota de carros compete com as medidas que visam a adoção de outras formas de deslocamento, como uso do transporte coletivo, de bicicletas e até mesmo realizar percursos a pé. “Este é um problema para o qual se precisa de solução imediata”, destaca Alline. Para a especialista, ainda falta se pensar a transferência modal de forma planejada e os estudos feitos em equipe, com o apoio de estudantes serão levados apresentados para a prefeitura como contribuição para a cidade.

    A criação de uma estrutura para a cidade, que estimule as pessoas a deixar o automóvel de lado exige maios organização no transporte público. “É preciso adotar projetos urbanos que forneçam outras opções, mantendo a segurança. É importante criar mecanismos que liguem o Centro a bairros como Corrêas, Bingen, Quitandinha e Alto da Serra”, destaca a professora, reforçando que existem várias ramificações estruturais na infraestrutura da cidade que precisam ser melhor planejadas em algumas localidades.

    O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro) apresenta alternativas, alguma já propostas pelas empresas de transporte coletivo. A principal é a criação de faixas exclusivas para os ônibus. O projeto sugere usar áreas em que os carros ocupam vagas em via pública, como acontece na Rua Washington Luiz, no Centro. “Com essa medida, os passageiros seriam favorecidos com mais fluidez no trânsito, que resulta, consequentemente, em viagens mais rápidas e cumprimento de horários”, informou o órgão em nota.

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    Empresas de transporte coletivo já apresentaram sugestões

    Algumas propostas já foram levadas ao poder público. De acordo com o Setranspetro, a Viação Cidade Real sugere a colocação de um corredor exclusivo de ônibus para a Rua Paulino Afonso, com o objetivo de atender com mais dinamismo seus passageiros. A Turb Petrópolis aponta a possibilidade de um corredor exclusivo somente no Trevo de Bonsucesso.

    Para os moradores do segundo distrito, a empresa Cidade das Hortênsias propôs a colocação de rotativos no Itamarati, fiscalização de estacionamento irregular nas regiões do Quissamã e Cascatinha, além do planejamento com as escolas na Avenida Ipiranga. A empresa argumenta que para a região não é viável a colocação de faixa exclusiva, tendo em vista que a via de ligação com o Itamarati é estreita.

    O Setranspetro está muito otimista e confiante no diálogo que está sendo estabelecido entre a CPTrans, Prefeitura e empresas de transporte, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento do Plano de Mobilidade do Município, como também aos projetos de otimização e troncalização de alguns bairros e regiões, que vai tornar as viagens mais regulares e rápidas para os passageiros do transporte”, pontuou Carla Rivetti, gerente do Setranspetro, que ressalta a necessidade do fortalecimento da fiscalização do órgão público e mais rigor no controle dos estacionamentos irregulares. “As melhorias nas condições de infraestrutura e qualidade viária de diversas regiões, principalmente nos bairros, também é o que precisamos com urgência. Para que o sistema seja eficiente, é imprescindível que todos pensem na questão da Mobilidade Urbana”, completou.

     

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