• Migração de cariocas contribui para aumento populacional em Petrópolis

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  • 02/09/2018 16:30

    A procura por uma melhor qualidade de vida está fazendo com que muitos cariocas deixem a cidade do Rio de Janeiro e subam a serra. No último ano, Petrópolis tem sido o destino de muitas famílias em busca de mais segurança. Essa migração pode estar ligada ao crescimento populacional divulgado essa semana pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De acordo com o instituto, o município conta agora com 305,68 mil moradores, um aumento de 2.5 % em um ano.

    Desde 2015, a cidade não tinha um crescimento populacional tão acentuado. De 2015 para 2016, o aumento foi de apenas 0.005%, quando a cidade passou de 298,142 mil moradores para apenas 298,158 mil. Já de 2016 para 2017, o crescimento foi de 0,03%. Em relação ao Censo 2010, quando o IBGE contabilizou 295.917 mil habitantes Petrópolis teve um aumento da população de cerca de 3.3%. 

    O empresário Wilson Alves, de 56 anos, faz parte desta estatística. Em busca de paz e tranquilidade, ele se mudou com a família (mulher e dois filhos) para Petrópolis, especificamente para o distrito de Itaipava. A mudança aconteceu em 2013, desde então Wilson tem visto um aumento populacional na região, em especial de pessoas que viviam no Rio de Janeiro e que fugiram da violência.

    "Hoje em dia é impossível circular por Itaipava em alguns horários, o movimento de carros é altíssimo. Quando chegamos aqui há cinco anos, era bem mais tranquilo", disse o empresário. Wilson morava com a família no bairro de Jacarepaguá, mas a violência e as longas horas no trânsito fizeram com que eles decidissem se mudar para Petrópolis. 

    "Minha esposa é advogada e trabalha no Centro do Rio. Eram quase duas horas no trânsito entre a nossa casa e o escritório. Fizemos os cálculos e percebemos que morando aqui em Petrópolis perderia menos tempo neste trajeto", contou. Além de uma vida mais tranquila longe da violência do Rio de Janeiro, a família acreditou que, com a construção da Nova Subida da Serra, o trajeto entre a casa e o trabalho seria feito em bem menos tempo. "Infelizmente isso não aconteceu. As obras paralisaram e minha esposa tem perdido horas na estrada", lamentou.

    Além das más condições da BR-040, os constantes engarrafamentos causados por acidentes envolvendo carretas têm causado transtornos para quem desce e sobe a serra diariamente. Na última semana, depois que duas carretas ficarem agarradas, fechando quase que completamente a pista, os motoristas chegaram a ficar parados cerca de três horas na estrada.

    "Minha esposa começou a subir a serra às 18h20 e só chegou em casa depois das 23h. Infelizmente isso tem ocorrido com frequência. O que seria um alívio morar na serra, fugindo da violência e do trânsito, não está sendo mais vantajoso", lamentou o empresário.

    A migração de cariocas para a cidade tem se comprovado também nas escolas particulares. A diretora do Colégio Alaor, Neuza Cristina Fernandes, diz que vem percebendo um aumento no pedido de transferências. "De um ano para cá, isso vem acontecendo e a grande maioria desses pedidos é de alunos que estudavam no Rio de Janeiro. Eles estão fugindo da violência, aqui as crianças podem vir para a escola de bicicleta e andar menos despreocupados no trajeto do colégio para casa", comentou a diretora.

    Números do mercado imobiliário também comprovam essa migração. Em 2013, havia 30 empreendimentos em processo de licenciamento na cidade, de acordo com dados da Secretaria de Planejamento. Só na região de Corrêas, cinco condomínios estão sendo construídos e um já foi entregue.

    Segundo dados do Sindicato da Habitação do Estado do Rio de Janeiro (Secovi), divulgados no início do mês, quase 100% dos bairros pesquisados nos municípios serranos tiveram valorização do metro quadrado de julho de 2017 a julho de 2018, alcançando patamares bastante expressivos em alguns locais: 11%, no Centro de Teresópolis, 10% no bairro petropolitano do Quitandinha, e 9% no Cascatinha, de Nova Friburgo.

    "As pessoas estão subindo e o mercado está se aproveitando, basta uma caminhada por Itaipava e regiões próximas para perceber a quantidade de condomínios que estão aparecendo", comentou Wilson. De acordo com dados do Secovi, Petrópolis segue com os preços mais altos da região serrana, com o preço do metro quadrado próximo dos R$ 6 mil em quase todas as localidades. 

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