• Meu Corpo Não É Público: campanha estimula denúncias contra assédio sexual

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  • 13/11/2017 11:50

    O caso de uma jovem de 27 anos assediada por um homem dentro de um coletivo em Petrópolis, na semana passada, acende a discussão de um tema que embora seja recorrente é pouco difundido e denunciado no município: o assédio sexual sofrido dentro dos ônibus por mulheres. Em toda a cidade, as ocorrências sobre este tipo de violação têm números inexpressivos na 105ª e 106ª delegacias – problema causado pela falta de apoio e estimular para que as mulheres denunciem essa violação. Para estimular às denúncias, CPTrans e Setranspetro dão início na terça-feira (14) à campanha “Meu Corpo Não É Público”.

     A campanha, que tem lançamento às 8h30, no Terminal Rodoviário Imperatriz Leopoldina, no Centro, busca estimular que as mulheres denunciem este tipo de atitude e também busca punições mais severas para este tipo de atitude. Em Petrópolis, este tipo de violência é registrado como crime de importunação ofensiva ao pudor e, dados do Dossiê Mulher 2017 apontam que houve apenas oito registos em Petrópolis em todo ano de 2016. Em 2015 não houve, sequer, um registro.

    “Medo, receio, raiva, nojo. Foi uma mistura de sentimentos e sensações quando vi aquele homem se masturbando ao meu lado no ônibus. Nunca tinha vivido uma situação deste tipo e não soube o que fazer. Aquele homem estava esfregando o cotovelo em mim enquanto e me imprensando no canto do banco. Uma situação horrorosa. O sentimento de impotência é grande até que resolvi brigar quando vi ele abrindo o zíper da calça. As pessoas que estavam no ônibus imediatamente se sensibilizaram e me ajudaram com aquela situação, mas o que vivi ali foi realmente muito ruim”, relata Lilian Chanuel, vítima do homem que chegou a ir à delegacia e foi liberado em seguida.

    Lilian conta que ficou com receio de denunciar o caso até ter certeza do que estava acontecendo. Para a jovem, foi uma experiência traumática e agravada pela falta de amparo na justiça. O homem em questão foi liberado após prestar esclarecimentos e vai responder em liberdade. Em menos de 12 horas ele deu entrada mais uma vez na delegacia, desta vez por se masturbar e mostrar fotos do órgão genital em frente a duas jovens em um ponto de ônibus em Corrêas. O abusador foi solto outra vez e responde às denúncias em liberdade.

     

    Campanha tem foco na vítima, abusador e testemunhas

    A campanha que será lançada na próxima terça-feira busca falar com três públicos: as vítimas em si, o abusador e as testemunhas. No primeiro caso a intenção é estimular as mulheres a denunciar. Com o slogan “”Em caso de abuso não se cale”, a intenção da CPTrans e do Setranspetro é buscar aumentar o número de denúncias sobre este tipo de atitude. Para o abusador, a campanha mostra que o abuso sexual é crime e, no último caso, o estimulo é para as testemunhas, que também têm o poder denunciar o crime.

     “Essa campanha foi pensada como forma de prevenção a este tipo de crime, uma maneira de intimidar o abusador para acabar com este tipo de atitude uma vez por todas. É um absurdo que ainda nos dias de hoje isso seja comum. Qualquer pessoa conhece alguém que já foi vítima, seja de casos mais graves ou daquele abusador que se aproveita de um ônibus cheio para se esfregar nas pessoas. Estamos combatendo esse tipo de atitude”, explica o diretor-presidente da CPTrans, Maurinho Branco.

    Para o combate a este tipo de atitude, o Setranspetro também deixa à disposição da polícia, as imagens das câmaras de segurança dos ônibus. Para as empresas de transporte público, é fundamental e necessário dar a segurança para as passageiras e auxiliar nas denúncias é uma dessas ações.

    “Estamos trabalhando juntos porque consideramos essa campanha importante para que as mulheres se encorajem a denunciar. Vamos buscar sempre apoias esse tipo de ação e, principalmente, as denúncias. Esperamos, assim, que haja punições mais severas aos abusadores e que esse tipo de atitude seja completamente extinto”, destaca a gerente de planejamento do Setranspetro, Carla Rivetti.

     


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