• Lula, o chefe dos chefes

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  • 20/09/2016 12:00

    Para os procuradores da Lava Jato, Lula foi o “comandante máximo do esquema de corrupção” que tomou conta da Petrobras, o “capo di tutti capi”, o “maestro de uma orquestra criminosa” que assaltou o erário. Lula não apresentou em sua defesa nenhuma novidade. Em discurso na sede do PT em São Paulo, a velha cantilena da falta de provas, como se fôssemos incapazes de perceber que os crimes praticados por Lula saltam aos olhos.

     Há quem escorregue na armadilha lulopetista, montada para dar resposta aos delitos do ex-metalúrgico no comando do país e como dirigente máximo do PT. É claro que nada se fazia na mais alta administração pública, como não se faz em seu partido, sem seu aval. Daí a conexão estabelecida pelo MP entre o Mensalão e o Petrolão, como faces da mesma moeda. Lá atrás, o deputado Roberto Jefferson disse que alertou Lula sobre o esquema de compra de votos de parlamentares, sem que nenhuma providência fosse adotada pelo então presidente para conter as ações ilícitas. José Dirceu, subordinado a Lula, terminou condenado, inclusive com base na teoria do domínio do fato, e suportou as penas pelos crimes cometidos. Encontra-se preso novamente, agora cumprindo sentença de 23 anos de prisão do juiz Sérgio Moro. Ainda assim, deve andar de alma lavada, com Lula finalmente no proscênio dos fatos criminosos.

    As provas contra o ex-presidente são incisivas, muitas já expostas e outras a serem oferecidas ao longo da instrução processual. Há ocorrências que se estendem em depoimentos e em registros documentais e fotográficos. Ao seu redor, tem-se um clima de suspeições e ilicitudes, desde as famosas palestras, algumas não realizadas, mas pagas a peso de ouro pelas empreiteiras mergulhadas na Lava Jato. Segundo documento entregue à Receita Federal, Lula aumentou seu patrimônio em 360%, ao saltar de R$ 1,9 milhão para R$ 8,8 milhões, entre os anos de 2010 a 2015, como mágico das finanças, milagr e que também premiou a família, com filhos empresários e ricos.

    No imbróglio Petrobras, era Lula quem dava as cartas e a palavra final sobre a nomeação de seus diretores. Alguns deles privavam de sua intimidade, como Paulo Roberto Costa, tratado de Paulinho, e Nestor Cerveró, cujo depoimento Lula quis evitar a qualquer preço, em tratativas com Delcídio Amaral, vindas a público em gravações não contestadas.

    No caso do tríplex de Guarujá e das despesas de armazenamento do acervo presidencial, como justificar os pagamentos feitos pela OAS, também a respeito da reforma e da aquisição de mobiliário do apartamento, visitado em inúmeras ocasiões por Lula, sua mulher Marisa e seus filhos, tudo documentado com fotografias, notas fiscais e outras provas. O fato do apartamento não ter escritura em seu nome não significa que não seja seu, somente assim possível de caracterizar-se como crime de ocultação de patrimônio.

    Lula encerrou em grande estilo sua defesa, ao reconhecer “a profissão do político como a mais honesta do mundo”, “porque todo ano, por mais ladrão que ele seja, ele tem que ir pra rua, encarar o povo e pedir voto”. Incrível, ao mesmo tempo, honesto e ladrão. Sobraram críticas aos servidores públicos concursados, que “tem emprego garantido para o resto da vida”. Um ato falho de Lula, na vã tentativa de desculpar-se por seus deslizes legais e éticos.

    paulofigueiredo@uol.com.br

     

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