• Lula no tríplex e em Atibaia

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  • 16/02/2016 11:00

    Movimentos sociais preparam ato de protesto contra o Ministério Público que investiga a compra de um tríplex no Guarujá pelo ex-presidente Lula. Estarão reunidos diante do Fórum da Barra Funda, em São Paulo, por ocasião dos depoimentos de Lula, sua mulher, Marisa Letícia, e Leo Pinheiro, presidente da empresa OAS.

    Agitarão o conhecido bordão petista: “Lula é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo”. E drapejarão suas bandeiras vermelhas, a cor do pecado petista, agora escondida no programa do partido apresentado na TV. Pobre do vermelho, por sinal, uma bela cor, quente e afirmativa. Tudo indica que agirão do mesmo modo em relação às investigações sobre o sítio Santa Bárbara, em Atibaia.

    Independente do tom agressivo contra as instituições jurisdicionais, devem considerar Lula inatingível e inimputável, tenha ou não cometido qualquer infração legal. Desconhecem que o Ministério Público cumpre missão constitucional, ao investigar se houve ou não crime na compra de um bem imóvel, cuja propriedade é atribuída ao ex-presidente.

     Mas, fatos são fatos, até o momento indesmentíveis por Lula, pelo instituto que guarda seu nome, por sua família e pelo empreiteiro Leo Pinheiro.         

     Em relação ao tríplex, resta demonstrado que Lula adquiriu uma unidade habitacional no prédio que vinha sendo construído pela Cooperativa dos Bancários, obra assumida pela OAS, a pedido do ex-presidente. Ele e sua mulher avaliaram que o imóvel não se ajustava às necessidades da família e decidiram que seriam feitas reformas de adaptação no apartamento, inclusive com a colocação de elevador exclusivo, levadas a efeito pela OAS. Com Leo Pinheiro, visitaram as obras no tríplex. Marisa Letícia e filhos inspecionaram os serviços em várias oportunidades. A OAS comprou e pagou os móveis de cozinha e armários do apartamento. A família Lula da Silva somente desistiu do imóvel porque as notícias sobre a aquisição passaram a ser divulgadas pela mídia.

     No caso de Atibaia, a OAS pagou em dinheiro a compra da cozinha e eletrodomésticos da casa. Lula, mulher e filhos passaram fins de semana no local em mais de uma centena de vezes. Maria Letícia adquiriu um barco para ser usado no lago existente no sítio. O imóvel encontra-se registrado em nome de Fernando Bittar e Jonas Suassuna, sócios do filho do ex-metalúrgico, Fábio Luís Lula da Silva. Embora com equipamentos pagos pela OAS, a empreiteira solicitou ao fornecedor que constasse na nota de venda o nome de Fernando Bittar. A compra do sítio realizou-se no escritório do advogado Roberto Teixeira, compadre e amigo de Lula. Grande parte da mudança de Brasília do ex-presidente foi entregue no endereço do imóvel. As obras de reforma e ampliação de uma das casas teve a participação de José Carlos Bumlai, outro amigo do peito de Lula, preso pela Lava-Jato, e foram custeadas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS.

     Há um círculo de pessoas e empresas próximas ao ex-presidente, familiares, empreiteiras, advogados, amigos, numa ciranda que os une em torno de objetivos condenáveis. Lula, vigente o Estado de Direito, não está acima da lei. Que responda por seus atos, que dê explicações convincentes sobre tantas suspeições e indagações.

     Não adianta esbravejar. E essa história de que “mexeu com ele, mexeu comigo” não assusta ninguém, muito menos as instituições, que agem em defesa da probidade e da honradez no trato da coisa pública.

    paulofigueiredo@uol.com.br

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