• Luiz Gutierrez

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  • 15/06/2016 09:00

    A missão – não dever – dos verdadeiros e leais amigos, é burilar textos de homenagens e que eles sejam sinceros, eloquentes, oportunos e justos. Sempre fui – e sou – daqueles que reconhecem cada momento de viver as boas amizades, como sei rejeitar as coleações dos aproveitadores de seu dispor ao amparo e à ajuda. A vida encaminha cada qual a um destino seja planejado com sucesso ou arrebanhado aos azares existentes nos caminhos inóspitos das imprevisibilidades.

    Quando falece um conhecido, um amigo, um ser humano de sua estima e admiração, a alma absorve a lágrima brotada de sentimento, banhando de ternura o momento do desabrochar das reminiscências.

    Partiu recentemente um petropolitano dos melhores, nascido a 26 de outubro de 1927, Luiz Gonzaga dos Santos Gutierrez. Esforçado, curioso, atento, completou seus estudos do primeiro nível no Colégio Técnico Martim Afonso, em Niterói e, em seguida, bacharelou-se pela Faculdade de Direito da Universidade Católica de Petrópolis. Durante sua passagem pela vida universitária. exerceu seus dotes de liderança, presidindo o Diretório Acadêmico Ruy Barbosa, agremiação de meu carinho e boa reminiscência, que ajudei a fundar, organizar e crescer.

    Ingressou na vida de funcionário público no servir ao Poder Legislativo Estadual, onde burilou edificante carreira. Advogou e poetou, exerceu atividades magisteriais e serviu na administração municipal na área da educação, como correto e diligente Inspetor Escolar e Coordenador da Merenda Escolar.

    Por sua polimorfa cultura, seu talento de poeta e escritor, ingressou no quadro efetivo da Academia Petropolitana de Letras, na Cadeira nº26, patronímica de D. Azeredo Coutinho, anteriormente ocupada pelo Bispo D. José Pereira Alves e Historiador José Kopke Fróes.

    Luiz Gutierrez tomou posse na sessão festiva de 3 de agosto de 1993, sob minha presidência, com saudação pelo Acadêmico José de Cusatis. Também ocupou cadeiras nas Academias Fluminense de Letras (Cadeira nº 6), Piracicabense de Letras (Correspondente) e Petropolitana de Poesia Raul de Leoni (Cadeira nº 15),.

    Na oração para receber Luiz Gutierrez na Academia Petropolitana de Letras, o acadêmico José de Cusatis delineou o perfil do poeta. Disse: [,,,] a quem tenho como assim: homem de cultura humanística, com gosto pela história, pelas artes, pela literatura, se não clássica, dos grande autores consagrados, porém, não inflexível, no rumo da poesia moderna, Ensaísta, cronista, sonetista, trovador, poeta, palestrador, conferencista […]

    Eis uma completa súmula biográfica do intelectual, à qual acrescento: homem digno, de bela personalidade, incapaz de ferir, pelo contrário, bálsamo do exemplo de bem viver com paz, harmonia, amor ao próximo, um “gentleman” integral. Deixa no coração de seus verdadeiros amigos e admiradores uma saudade imensa.

    E, na sua trilha dourada de vida, muita poesia inspirada no romantismo, na observação do dia a dia, no viver pelo semelhante, publicados em coletâneas, revistas e jornais. Sei que preparou o livro “Brisa e Orvalho”, porém não tenho notícia que o tenha editado.

    Termino a crônica com versos de Luiz Gutierrez: o poema é “Eu Sou”, lindo, perfeito, sonoro, um encanto: “Eu sou o pó que levanta / eu sou a pedra que rola / eu sou a ave que canta / eu sou o gemido que chora. / Eu sou do presente a surpresa, / embrulhada em fino papel. / Eu sou da abelha a leveza, / sobre a flor colhendo mel. / Eu sou o pai sem a filha / eu sou a casa sem lar. / Eu sou o caminho. A trilha / que ainda muitos vão pisar. / Eu sou da terra a semente / eu sou a sombra da vida / eu sou a estrela cadente, / que perdeu a luz refletida.

    Poeta mesmo, inspirado, que jamais perderá a luz de sua passagem percorrida por aqui.

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