• Justiça seja feita

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  • 10/07/2017 12:00

    Os diletantes nas calçadas doravante serão obrigados a reconhecer não apenas a legitimidade dos protestos contra o aumento das passagens, mas também que eram justas e acertadas as palavras de ordem entoadas. Eles tinham razão!

    Na última quadra, ano após ano, nossa juventude militante ocupou as ruas manifestando-se contra o aumento abusivo das tarifas de transporte coletivo, questionando a veracidade das planilhas apresentadas e protestando contra a ganância dos empresários do setor. E não foram levados a sério.

    Agora, uma operação da Polícia Federal no âmbito da Lava-Jato, leva em cana nada menos que os expoentes da atividade: o dono das maiores empresas de ônibus do estado do RJ e o presidente da Fetranspor, entre outros, revelando o modus operandi de uma das inúmeras quadrilhas que se especializaram em assaltar o Estado e o povo.

    A par da degeneração do sistema, suas contradições internas – que nunca cheiraram bem – vão aos poucos sendo escancaradas para uma opinião pública que assiste a tudo estupefacta e sem capacidade de reação, impassível.

    Acusados de tudo aquilo que bradavam as manifestações, as associações criminosas vão sendo nominadas à medida que são investigadas suas atividades. E nessa toada, empresários de sucesso e empreendedores geradores de emprego e renda são transformados em bandidos corruptos e vagabundos, desmascarando o discurso capcioso da burguesia no poder e dos detentores do capital.

    Que a corrupção é endêmica sob o capitalismo, nós já sabíamos, e nunca nos cansamos de denunciar, mesmo perante os céticos e ouvidos moucos em razão do eficiente aparato de contra-informação montado pelas classes dominantes.

    Mas, agora, com a verdade esfregada na cara, não há apassivamento e alienação que resistam aos fatos. A relação promíscua entre agentes públicos e o setor privado, a gestão patrimonialista do Estado, o tráfico de influência e um sem número de mazelas inerentes ao capitalismo são reveladas sem qualquer cerimônia, fazendo corar de vergonha até o mais prudente dos cordatos.

    Ontem foram as empreiteiras, hoje é o setor de transporte e amanhã será outro segmento de atuação do capital a expor suas vísceras ante um processo de assepsia interno necessário à sobrevivência do regime burguês. Contudo, tal movimento tem um limite, que é precisamente o de avançar até onde o permite o reordenamento da própria ordem burguesa em crise.

    Daí por diante, cabe a quem nada tem a perder com uma nova ordem de coisas levar o processo até suas últimas consequências. E este sujeito histórico é a classe trabalhadora, porque no que depender da burguesia este limite já foi alcançado. Além disso, convém prestar mais atenção às manifestações que percorrem nossas ruas. Elas costumam ter razão de ser.

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