• Julho Verde alerta para os riscos de cânceres de cabeça e pescoço

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  • 16/07/2018 09:08

    Os tumores de cabeça e pescoço vêm sendo os mais frequentes no Brasil. São o quinto tipo mais frequente nos homens e décimo primeiro nas mulheres. No ano passado, só em Petrópolis foram 42 casos registrados e a estimativa para o país é de 41 mil novos casos por ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço. Um dos principais fatores que causam o problema, de acordo com o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, é o uso de cigarros, que foi detectado em oito de dez pacientes que apresentaram a doença e foram atendidos na unidade. 

    O mês de julho chama a atenção para os cuidados para evitar esse tipo de câncer que pode atingir toda a região oral como lábios, boca e maxilar, além de faringe, laringe, vasos sanguíneos, nervos e a glândula tireoide. Os especialistas alertam para sintomas como rouquidão ou feridas, que devem ser prontamente informados ao médico, além de uma boa higiene oral e consultas periódicas ao dentista. “A má higiene oral e por exemplo, uma prótese má encaixada, podem ser fatores que influenciem na incidência desse tipo de câncer. Para evitar, é importante, além de, adotar hábitos de vida saudáveis, fazer uma consulta pelo menos uma vez ao ano, com o dentista” afirma o oncologista Bernardino Ferreira Neto. 

    Hábitos como ser fumante, utilizar álcool constantemente, além de trabalhar com produtos químicos de origem do petróleo e de indústrias têxtil e de plástico, além como a presença do HPV, que podem ser fatores que influenciem ao surgimento deste tipo de câncer. A falta de betacaroteno, por exemplo, também pode aumentar a incidência dos tumores e por isso, os médicos recomendam se alimentar com abundância em frutas e vegetais. 

    Um pequeno caroço na região do pescoço começou a dificultar a respiração de Maria Neusa Gomes,  quando ela decidiu procurar ajuda. Inicialmente, o médico chegou a perguntar se ela fumava, mas a paciente não consome tabaco. A causa do câncer ter surgido, segundo os médicos, foi a fumaça inalada passivamente. “O tumor estava do tamanho de uma laranja, foram seis meses sem falar, quinze sessões de radioterapia, quimioterapia e a possibilidade de ter apenas 10% de chance de sobreviver. Cheguei a ficar muito magra, ter apenas 33kg, mas tinha muita fé de que iria vencer”, explica. 

    Ao ser diagnosticado é importante realizar acompanhamento também com o dentista, que deve solucionar todos os problemas bucais, de preferência quinze dias antes do tratamento oncológico começar. “Quando diagnosticado com a doença, é importante estar ciente que sua imunidade vai abaixar, além de outras alterações que vão ocorrer. E como a cavidade oral é um local extremamente convidativo, devido seu ambiente asséptico isso poderá gerar intercorrências desagradáveis durante o tratamento oncológico. Desta forma procurar o dentista e fazer um check up é essencial antes do início do tratamento contra o câncer”, diz a Cirurgiã-dentista Angélica Sant'Anna. 

    No início, a doença é, segundo o especialista, altamente curável com pequenas cirurgias e tratamentos. Em fases avançadas os tratamentos são mais agressivos. O diagnóstico precoce é essencial para que o paciente não tenha sequelas posteriores. “Basicamente são lesões que se manifestam como pequenas aftas ou ulcerações que não cicatrizam, saliva com presença de sangue, lesões esbranquiçadas na bochecha ou gengiva. Tudo isso é motivo de alerta pra a população buscar orientação”, pontua Dr. Bernardino. 

    Ao longo do tratamento, podem ocorrer algumas dificuldades para engolir, ardência, sensação de boca seca, diminuição na produção de saliva, alteração do paladar, ressecamento nos lábios, perda dentária e halitose. “Algumas são passageiras como a alteração do paladar e dificuldade em engolir. Mas em outras haverá a necessidade de que por um tempo indeterminado haja um acompanhamento  para diminuir os possíveis efeitos do tratamento oncológico”, diz Angélica.

    Após cinco anos de todo o medo vivenciado pela doença, Maria Neusa tem mais disposição para encarar a vida. Faz fisioterapia pra recuperar os movimentos musculares do braço, que perdeu por conta da cirurgia e se demonstra alguém com muita fé. “Os médicos disseram que eu poderia durar apenas um mês e cinco anos depois eu estou aqui. Hoje utilizo esse exemplo pra motivar muita gente e até os médicos se surpreenderam com a forma que eu passei pelo câncer e me mantive de pé”, finaliza Maria Neusa. 

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