• Homem é responsável por 96% dos casos de queimadas

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  • 11/08/2019 09:40

    Assim como no verão o período intenso de chuvas tende a castigar a Região Serrana, o período de estiagem durante o inverno traz grandes prejuízos para a flora, fauna e, principalmente, o solo. Nos sete primeiros meses deste ano, o 15º Grupamento Bombeiro Militar já registrou quase 95% do número total de incêndios florestais registrados em todo o ano de 2018: foram 257 ocorrências este ano, enquanto em 2018 foram 269.

    O comandante do 15º GBM, tenente-coronel Gil Kempers, explica que na maior parte dos casos as queimadas são consequência de ação humana. Que pode ter sido iniciada por uma fogueira próximo à mata, ou uma queima de lixo no fundo do quintal. “No ano passado, 96% das ocorrências foram consequência de ação humana, neste ano já está bem próximo disso”, disse.

    O incêndio florestal é apontado pelo comandante como um causador muito relevante para os deslizamentos de terra que acontecem em outras épocas do ano. “A queimada traz uma série de danos ao solo. O primeiro deles é que tira a vegetação, que protege o solo e ajuda na contenção de líquidos. E a segunda é que mexe na estrutura do solo. O solo passa a ficar mais argiloso. Um solo mais pobre tem uma velocidade de percolação menor, ou seja, a velocidade de água que o solo absorve”, explica. O solo arenoso absorve água com mais facilidade e consequentemente encharca mais fácil. Em períodos de grande acúmulo de chuva, se transformam em área propícia para grandes deslizamentos de terra. 

    Outra sequela grave dos incêndios florestais é a destruição do habitat de animais silvestres. Com a queima da vegetação, os animais silvestres e insetos pouco comuns em áreas urbanas migram para a cidade. “Nós notamos que no período de queimada há um aumento na captura de animais. Porque eles estão fugindo das áreas que estão queimando. Procuram abrigo na área urbana. Desde animais peçonhentos, como cobras e aranhas, até animais selvagens como a onça que foi capturada em Itaipava”, disse o comandante. 

    Uma prática comum em áreas rurais transformam o solo em deserto

    O comandante explica que em áreas onde são feitas queimadas controladas para limpeza do terreno, estas são transformadas em deserto. O solo empobrecido das queimadas fica impossibilitado de servir para o plantio. “As pessoas têm dificuldade de entender que as queimadas, além de destruírem o patrimônio, destroem uma vegetação que é nativa, colocando em risco a própria população”, frisa.

    Uma ação conjunta do Comando Maior e os grupamentos dos três municípios a Região Serrana, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, tem feito um trabalho de prevenção aos incêndios florestais. Uma aeronave sobrevoa a região fazendo georreferenciamento das ocorrências. “Boa parte destes incêndios nem chegam a entrar pelo 193, porque a aeronave decola de Friburgo e vem para Petrópolis fazendo o georreferenciamento e indicando aos batalhões os possíveis focos. Isso tem conseguido acelerar muito o combate, conseguimos pegar o incêndio em uma fase em que a temperatura está muito baixa”, disse. 

    Uma ação promovida pelo Ministério Público Federal (MPF) e organizada pelo 15º GBM, a Operação Abafa II, tem trabalhado pela conscientização da população visando reduzir os casos de incêndios florestais em regiões com maior número de ocorrências. A primeira etapa foi feita no fim de julho. Cem notificações preventivas foram entregues. A ação contou com a participação de 45 representantes de treze órgãos, municipais, estaduais e federais. As próximas etapas estão programadas para serem realizadas até o fim do período de estiagem. 

     

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