• Grandes derrotados

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  • 19/07/2016 12:30

    Com a vitória de Rodrigo Maia, Lula, o Centrão e Eduardo Cunha saíram como grandes derrotados das eleições na Câmara Federal. Marcelo Castro, ex-ministro de Dilma e candidato do ex-presidente, amargou votação pífia, não mais do que 70 votos. E Rogério Rosso, representante do Centrão, uma inspiração de Eduardo Cunha, foi batido em segundo turno por considerável diferença de 115 votos.

    O ex-presidente Lula, no melhor de seu estilo, tentou o golpe. Fez com que a deputada petista Maria do Rosário desistisse do pleito e forçou o embarque do PT na candidatura de Marcelo Castro. Esperava emparedar o governo Temer e ver facilitadas suas ações para vencer a votação final no Senado contra o impeachment de Dilma.

    Como não lidou com amadores, viu suas artimanhas e seu candidato serem batidos vergonhosamente. Uma derrota de consequências políticas que podem ser fatais para suas pretensões em 2018. Mais grave é que Lula começa a perder a aura de vencedor. Mas continua arrogante, basta ver como ameaça quem lhe faz oposição, mas logo haverá de baixar a crista.

    Mais cedo do que se imagina, deverá retornar ao leito normal, perdedor no passado em várias disputas, como candidato a governador de São Paulo e por três vezes a presidente da República. Com a Carta aos Brasileiros, enganou o país e elegeu-se, depois de vários insucessos. Já no comando do poder federal, com o uso da máquina pública, montou esquema fantástico de aliciamento eleitoral, o bolsa família, com o qual reelegeu-se e elegeu sua pupila Dilma Rousseff. 

    Lula vem perdendo feio. Esboroou-se sua imagem de intocável, ao ser levado para depor na Polícia Federal, via mandado de condução coercitiva. Nomeado para Casa Civil, numa tentativa de blindagem de sua pessoa contra ações do Judiciário, não conseguiu assumir. Foi apanhado em gravações com investidas contra ministros do Supremo Tribunal Federal e que revelaram seus propósitos de conter a Lava-Jato. Convicto de que o impeachment não passaria na Câmara, terminou derrotado por margem folgada de votos. Dava como favas contadas que barraria o processo no Senado, mas também viu seus planos por água s abaixo. Instalou-se num ‘bunker’ em hotel de luxo em Brasília e ofereceu mundos e fundos em troca da manutenção de sua afilhada no poder, sem obter nenhum sucesso. Em jantar recente, também em Brasília, na residência do senador Roberto Requião, não conseguiu reunir mais do que meia dúzia de senadores.

    Com a eleição de Rodrigo Maia e frente ao compromisso já firmado entre DEM e PSDB em torno da eleição do presidente da casa para o biênio 2017/18, há forte sinalização de enfraquecimento ou extinção do Centrão, como grupo de peso na Câmara. De mais a mais, a liderança expressiva do movimento, Eduardo Cunha, não terá como escapar do cutelo parlamentar. Assim, dá-se como certa a dispersão de seus membros dentre outros blocos partidários da base de apoio ao governo Temer, consolidado o processo de impeachment.

    Com tudo isso, teremos oportunidade de reorientar a ação do parlamento, sepultando o presidencialismo de coalização, nome pomposo que esconde a sórdida política do “franciscanismo” congressual do é dando que se recebe. Mesmo assim, jamais chegaremos a bom termo, sem uma reforma política que consiga castrar essa enxurrada imoral de partidos de balcão, que inviabiliza qualquer projeto sério de articulação política.

    paulofigueiredo@uol.com.br

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