• Falta de espaço para grandes eventos em Petrópolis gera prejuízo superior a R$ 7 milhões

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  • 10/04/2016 07:00

    A falta de um espaço para a realização de festas e conferências de grande porte na cidade faz com que grandes eventos sejam deslocados para outros municípios. Isso foi o que aconteceu com a tradicional festa de formatura da Faculdade de Medicina, que movimenta cerca de R$ 7 milhões. O evento, que acontece anualmente, era realizado no Hotel Quitandinha, porém desde que o Sesc assumiu, as comissões de formatura precisaram buscar outros espaços. A festa chegou a acontecer no Parque Municipal, em Itaipava, mas o local não atendeu às expectativas dos formandos. Depois disso, as turmas de medicina encontraram em Juiz de Fora o espaço perfeito. Há quatro anos, as festas acontecem na Expo Minas. De acordo com o Sesc, o espaço deixou de ser alugado por conta da nova conceituação de uso e destinação do local. Apesar de questionada, a empresa não deu mais detalhes sobre o assunto. 

    Segundo Bruno Andrade, vice-presidente da comissão de formatura da turma que se forma esse ano, o evento atrai cerca de 3 mil pessoas e acontece, geralmente, no fim do ano, entre os meses de novembro e dezembro. Cada turma tem, aproximadamente, 95 alunos. Ele explicou que houve uma tentativa de realizar as festas no parque, porém por ser um período de chuvas na cidade, o gasto com tendas era muito grande. E ainda tinha o desconforto, principalmente, para as mulheres, com relação aos vestidos em um ambiente que ficava repleto de lama. 

    Bruno explicou que o gasto com as tendas girava em torno de R$ 200 mil. Em contrapartida, na Expo Minas, em Juiz de Fora, o aluguel do espaço custa R$ 40 mil, durante os quatro dias seguidos. “Sem contar que o espaço oferece toda a infraestrutura necessária, com salões grandes, banheiros, estacionamento e fica nas margens da BR-040”, destacou. Toda a festa é organizada com mais de um ano de antecedência. Já os alunos começam a pagar pela formatura no segundo ano da faculdade. Além disso, revelou que só a festa custa mais de R$ 1 milhão. “Somamos a isso os gastos que a família tem. Em um núcleo de 4 pessoas, por exemplo, gasta-se no mínimo R$ 10 mil, considerando o investimento em roupas, salão”, disse. 

    A festa de Medicina tem início na terça-feira com a realização de um culto, que acontece em Petrópolis. Na quarta há uma missa na Catedral São Pedro de Alcântara, na parte da manhã, e à noite acontece um jantar dançante já em Juiz de Fora. A colação acontece na quinta também na Expo Minas e, na sexta, o tradicional Baile de Gala, que termina só no sábado de manhã. 

    Segundo Ricardo Tammela, coordenador de projetos e extensão da FMP, a festa movimenta a economia da cidade onde acontece, porque atrai também os parentes dos formandos que passam, pelo menos, uma semana instalados no município. Este ano, por exemplo, 90% da turma de medicina é de alunos de outros estados. “Com isso, movimentam hotéis, vans, restaurantes, salões de beleza, táxis. É um momento festivo para todos”, declarou, acrescentando que gera fluxo ainda para o turismo na cidade. 

    Ricardo destacou que a faculdade tem uma preocupação ainda com a questão de desenvolvimento do município. “Seria natural que a festa acontecesse aqui, na cidade onde os alunos passaram 6 anos estudando. Afinal, a FMP tem o compromisso com o desenvolvimento de Petrópolis, que além de tudo, é uma cidade que tem potencial, inclusive para eventos científicos, mas que não são atraídos por falta de espaço para encontros de grande porte”, comentou. 

    O coordenador da FMP acrescenta ainda que a época em que acontece a formatura é um período de baixa temporada para Petrópolis, que poderia ser movimentada com a vinda de pessoas de outros estados. “O curso de medicina tem particularidades. Quando o aluno se forma é algo simbólico para toda a família, amigos. Por isso acaba mobilizando um público maior”, afirmou. 

    Já Bruno destaca que o espaço em Juiz de Fora atende tão bem a expectativa do curso que fez com que as próprias comissões descartassem a possibilidade da festa voltar a acontecer novamente no Palácio Quitandinha, mesmo se o Sesc revisse a questão de não alugar mais o espaço. “O local não oferece a estrutura que encontramos em Juiz de Fora”, disse Bruno.  Ricardo acrescentou que o ponto turístico tem todo o glamour e é significativo, porém do ponto de vista de conforto para os convidados, a Expo Minas é superior. Para ele, esse é um nicho em que a iniciativa privada em Petrópolis deveria investir. “Precisamos de um centro de convenções, um espaço que consiga absorver essa demanda que a cidade possui. Petrópolis tem que evoluir nesse sentido”, declarou, sugerindo até mesmo uma parceria público privada e que o espaço fosse construído na rodovia, para não prejudicar o trânsito no centro, tendo em vista que o município enfrenta um problema grave com relação à mobilidade urbana. 

    Para Ricardo, existem condições favoráveis para que isso aconteça, considerando a presença de grandes instituições na cidade, como o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), a Fiocruz e o Museu Imperial. “É uma cidade histórica, que está se tornando universitária e não possui esse espaço. Além disso, temos uma rede de hotelaria e gastronomia desenvolvidas”, observou. 



    Castelo de Itaipava absorve parte da demanda de eventos da cidade

    Formaturas, casamentos, festas de 15 anos, bodas e eventos corporativos. Parte desses eventos encontraram no Castelo de Itaipava o ambiente ideal. Segundo o diretor do local, Jeferson Salzaya, o Castelo tem feito cerca de 10 festas por mês. Um dos diferenciais é que são oferecidos pacotes fechados já com os serviços de cerimonialista, bufê, decoração, entre outros, que fazem com que os formandos, por exemplo, não fiquem sobrecarregados durante a organização. Eles fecham o pacote e já chegam para a festa pronta.

    O espaço já abrigou formaturas de turmas de escolas e universidades de Petrópolis e também de outros municípios, como Teresópolis, Valença e Vassouras. O local comporta um público de até 1.500 pessoas. Além disso, Jeferson comentou que já chegou a se reunir com algumas comissões da Faculdade de Medicina, mas que não consegue abrigar o número de convidados, que gira em torno de 3 mil pessoas. 



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