• Estado de emergência

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  • 10/02/2016 12:00

    Gostei de saber que a OMS (Organização Mundial de Saúde) decretou estado de emergência internacional de saúde pública por causa da proliferação da microcefalia associada ao vírus zika.  Esse fato tornou-se importante, porque despertará um interesse maior sobre as pesquisas que procuram criar uma vacina capaz de imunizar a população, além de estabelecer testes mais confiáveis, que possam diagnosticar com mais precisão e rapidez a presença desse vírus no organismo humano.  E, com esse intuito, a diretora da OMS, a senhora Margaret Chan, afirmou: “Nenhum país tem condição de combater sozinho uma ameaça dessa. É necessário decretar a emergência e ter uma resposta internacional coordenada”. 

    Após essa decisão, espera-se uma mobilização mundial para conter o avanço das doenças transmitidas pelo mosquito aedes aegypti, principalmente as infecções causadas pelo vírus zika. 

    Nessa semana que passou, o Ministério da Saúde informou que o número de casos suspeitos de microcefalia subiu 14,4%. Passou de 4.180 para 4.783. Apesar da imprecisão de alguns diagnósticos dessa doença, algumas mães estão optando pelo aborto para evitar a possibilidade de ter um filho ou filha com microcefalia. Geralmente a constatação da doença é obtida entre a vigésima e a vigésima oitava semana de gravidez, ou seja, o feto já está bem desenvolvido. E, entre as práticas abortivas, há uma em que se aplica uma injeção de potássio no coração da criança que se encontra no ventre da mãe. Isso é um crime. Não se trata mais de um embrião; a criança já está formada. É um típico caso de eugenia, em que se opta pelo não nascimento de uma criança por identificar algum problema na gestação. É válido ressaltar que a criança com tal doença pode ter um parto normal. É diferente de anencefalia que impossibilita a sobrevivência da criança fora do ventre.

    Como cristão, sou contra a prática do aborto. Considero crime esses casos clandestinos praticados na suspeita de que a mãe tenha sido infectada pelo vírus zika. E, como cidadão, posso dizer que esse problema tem suas raízes em uma política que não dá prioridade à saúde pública. Claro que não é nada agradável para um pai ou uma mãe saber que o filho está predestinado a ter uma vida limitada por causa de um problema que poderia ter sido evitado. 

    A meu ver, o mínimo que a União poderia fazer consiste em amparar esses pais, dando assistência médica e psicológica, uma vez que o combate ao mosquito transmissor é de competência governamental. Embora cada cidadão tenha o compromisso moral e o dever de também zelar pela saúde pública, evitando a propagação de doenças.

    Segundo a OMS, o vírus zika poderá infectar entre três a quatro milhões de pessoas só nas Américas. No Brasil, que está no epicentro da microcefalia, há uma estimativa que ultrapassará a um milhão de casos, se providências sérias não forem tomadas. O problema é grave. Ouvir das autoridades que o País está perdendo a guerra no combate ao mosquito aedes aegypti é triste. Esse é mais um motivo para a sociedade se organizar e deter a proliferação das doenças. 

    P.S.: Caro leitor, não quero tornar-me enfadonho.  Sei que ultimamente só tenho abordado esse assunto. Desculpe-me.  Mas ver o sofrimento de uma criança me comove muito. E a indignação surge quando se tem a consciência de que a história dela seria diferente se a saúde pública fosse prioridade nas ações; não nos discursos políticos. Considero covarde o homem que abandona a família ao saber que o filho dele é portador de uma grave doença congênita. 


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