• Está tudo bem não ser autodidata

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  • 18/07/2020 13:12

    Precisamos reconhecer, antes de mais nada, que colocar professores em frente a uma câmera para diversas faixas etárias, mesmo com todo esforço do mundo que eles estejam fazendo para literalmente “fazer acontecer”, não pode ser chamado de “educação a distância”. O que está acontecendo às pressas é uma disponibilização de conteúdo, o que sem dúvidas, se torna muito mais fácil para aqueles estudantes mais inclinados a aprendizagem autodidata, ou seja, uma aprendizagem de forma mais autônoma. Educação a distância é um modelo que requer inúmeras formas e maneiras diversas para que funcione a maior parte das pessoas, o que de fato, leva tempo, preparo e investimento para acontecer. Mas e os alunos que não tem facilidade para aprender de maneira autônoma? Como lidar com os estudos em meio à pandemia? 

    O que podemos perceber após alguns meses em isolamento social é que muitos estudantes, principalmente adolescentes – pois já possuem maior autonomia sobre seu tempo – estão desgastados, desanimados. Uma reação natural, afinal de contas o isolamento social causa diversos impactos psicológicos que devem ser tratados e trabalhados em conjunto e individualmente. No entanto, em relação aos estudos, o que precisamos compreender, tanto no âmbito familiar, pedagógico ou mesmo como sociedade é que nem todos estão preparados para assumir seus estudos de maneira autônoma, e está tudo bem. Não ser autodidata não deve ser um problema ou se quer uma cobrança. Algumas pequenas tarefas diárias podem auxiliar para que o estudante não paralise de vez suas atividades, como a organização, que pode ajudar muito nesse processo, ler mais livros de seu interesse, assistir as vídeo-aulas fazendo as devidas anotações, porém precisamos falar sobre as cobranças, sobre a empatia, sobre como lidar principalmente com as notas ou os dias ruins, que certamente existirão. Está tudo bem não estar bem. Está tudo bem não ser o melhor ou o mais animado nesse momento. 

    O professor sempre foi e sempre será uma peça fundamental no processo de aprendizagem, substitui-lo pela tecnologia é algo fora do comum. Crianças e adolescentes aprendem cada qual a sua maneira e é normal que só a rotina escolar dê conta de traduzir todos os aspectos que necessitam para que conhecimento alcance sua plenitude, ou ao menos, a plenitude que almeja alcançar. Vai ficar tudo bem, em algum momento daremos conta de todo conteúdo que ficou para trás, a única coisa que os profissionais da educação não podem resolver são os transtornos que esse período trará caso não se repita, a todo momento, que está tudo bem não estar bem.

     

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