• Escola do Amparo: conheça a escola para meninas em Petrópolis que tem 150 anos

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  • 16/11/2018 18:25

    Pense em uma escola que existe desde a época da Família Imperial na cidade, e que foi apresentada pessoalmente ao imperador Dom Pedro II pelo próprio Padre Siqueira: esta é a Escola Doméstica Nossa Senhora do Amparo. Na época, ela possuía como seu principal objetivo educar apropriadamente meninas carentes, ensinando-as a servirem em casas de famílias como criadas até que se sentissem em condições de dispensarem o local. Hoje em dia, ela é uma escola de ensino regular, mas ainda mantém algum dos costumes de sua fundação.

    Até a hoje, a escola que pertence à Congregação das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Amparo, segue sendo destinada exclusivamente às crianças carentes do sexo feminino, funcionando como instituição de ensino focada na educação fundamental, isto é, do primário até o 5º ano. A instituição também oferece diversas oficinas para as meninas no horário vespertino, como pintura, culinária, costura, dança, piano e informática, além de aulas extras de reforço e encontros reflexivos para que as crianças exercitem o pensar em conjunto.

    Diretora da instituição desde 2015, a Irmã Teresa Cristina disse que o princípio primordial da escola é dar uma formação moral, consciente, religiosa e de trabalho para a criança, para que assim elas cresçam como cidadãs prontas para oferecer o bem à sociedade. Ela conta que a relação entre as docentes e as alunas são de completa amizade, amor e afeto, o que facilita em tudo neste processo. “É incrível como elas adoram as professoras. Algumas são bastante agitadas sim, mas no geral todas são muito obedientes e respeitosas. É como se elas sentissem gratidão pela oportunidade que a escola ofereceu, mesmo com tão pouca idade”, relata.

    A Irmã Teresa explicou os requisitos necessários para que a criança seja admitida na instituição: “O principal que nós avaliamos é a renda per capita da família, já que admitimos principalmente crianças em situação delicada de carência. Há casos como, por exemplo, a mãe é solteira e precisa trabalhar o dia inteiro para dar o que comer à família. Nesta circunstância, que a mãe não tem com quem deixar a filha, nós a acolheremos. A partir daí faremos uma entrevista presencial com o responsável para avaliar quais são as despesas e necessidades da família, havendo até uma visita das irmãs à moradia deles. Ao notarmos a situação emergente da família, a criança é matriculada”, declarou.

    Ela esclareceu também o motivo de a escola só admitir meninas. Segundo ela, além manter a ideia inicial do Padre Siqueira, as instalações da escola também não permitem esta transição ainda. “Não temos como adaptar a escola nesse momento para que isso aconteça, já que a escola funciona da maneira como é hoje desde quase dois séculos atrás. Nossas instalações não seriam adequadas para isso”, conta.

    Individualidades, como religião e opção sexual dos pais, não passam pela análise e julgamento das irmãs da congregação. Isto pelo fato de que, o fundamental ponto a ser atendido e acolhido pela escola é a necessidade da criança. “Tem uma menina que estuda aqui que tem duas mães. Apesar de ainda ser bastante diferente pra nós, nos sentimos preparadas para ajudá-las a educar a criança”, relatou a diretora da instituição.

    Fundação e História

    Quando foi fundada no ano de 1868, a instituição surgiu para servir de abrigo para as meninas que eram judiadas e abandonadas durante a Guerra do Paraguai, na qual o Padre Siqueira serviu missão. A partir daí, o padre buscou angariar fundos pedindo esmola para que pudesse manter a escola em funcionamento.

    Ao se tornar, de fato, uma escola, a dinâmica era feita da seguinte maneira: a administração era composta por dois sacerdotes, um reitor capelão e um vice-reitor como coadjutor; e a interna de um número conveniente de Irmãs de Caridade, que tomavam conta do ensino e direção das meninas. Elas aprendiam disciplinas como Doutrina Cristã e história sagrada; arranjos domésticos; costura, bordados, tecidos e flores; cozinha, lavagem e engomado; ler e escrever bem a língua nacional; efetuar as quatro operações de aritmética; e cultura de horta e jardim, no que diz respeito à conservação ou tratamento.

    As meninas ficavam na escola em tempo integral, e as turmas eram divididas para trabalho em duas classes: a primeira classe era composta de meninas de 7 a 12 anos, que recebiam o ensino menos pesado para que o desenvolvimento fosse de acordo com o que a sua pouca idade comportava. A segunda era de meninas de 12 a 18 anos, que recebiam todo o ensino da escola. Todos os trabalhos relativos aos serviços internos da instituição era realizado pelas meninas, distribuídos semanalmente como objeto de ensino.

    Como ajudar

    Atualmente, a escola atende a um total de 190 alunas, sendo que 130 delas estudam em período integral. Qualquer pessoa pode contribuir e ajudar a escola com donativos, como materiais escolares, cestas básicas, brinquedos e agasalhos. Assim, as irmãs podem continuar oferecendo uma educação de qualidade e segurança para as meninas que necessitam. A Irmã Teresa Cristina também coordena o projeto “Habitação Digna”, que auxilia na reforma e/ou na reconstrução de casas de pessoas em necessidade. Para doar, o interessado pode ir diretamente ao prédio da Escola Doméstica Nossa Senhora do Amparo, que fica na Av. Roberto Silveira 50, no Centro, ao lado do Clube Petropolitano, ou ainda entrar em contato com a escola pelo telefone 2242-0868. A irmã Teresa Cristina também atende pelo WhatsApp (24) 998684934.

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