• Emoções olímpicas

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  • 16/08/2016 12:00

    As Olimpíadas surgiram na Grécia Antiga, pela primeira vez, no ano de 753 a.C. O nome tem óbvia relação com o Monte Olimpo, considerado a morada dos deuses pelos gregos. Era uma homenagem que os helenos prestavam a seus deuses. Os atletas que colhiam os louros como campeões das disputas se tornavam figuras lendárias, uma espécie de semideuses. As Olimpíadas foram interrompidas por mais de um milênio e depois retomadas, em 1896, por iniciativa do Barão de Cubertin. Mas a mística dos vencedores das diversas modalidades como figuras lendárias, quase deuses, continua até hoje.  Um campeão olímpico é e será sempre lembrado pelas gerações futuras, como Guilherme Paraense, medalha de ouro no tiro com revólver em 1920.

    Saltando agora para os dias de hoje, impossível não mencionar a forte emoção que tomou conta de brasileiras e brasileiros ao assistirem o evento de abertura dos Jogos Olímpicos, em sua 31ª edição, no Rio de Janeiro. Foi, sem dúvida, um momento de alta de nossa autoestima e capacidade de realização reconhecida pela imprensa nacional e internacional. Melhor ainda: a cidade do Rio de Janeiro está colhendo um legado que permanecerá após os Jogos.

    Cerca de 3 bilhões de pessoas, no mundo inteiro, estavam grudadas em suas TVs acompanhando o magnífico espetáculo. E toda aquela beleza e explosão de criatividade foram obtidas a um custo muito menor do que foi gasto por outros países em suas festas de abertura. Em relação a uma delas, gastamos apenas um décimo. Um feito magnífico para um País que vem sendo massacrado pela corrupção serial e sistêmica, em que o dinheiro público é surrupiado em doses cavalares. Se somos capazes de tal nível de organização e planejamento para nos presentear e ao mundo com uma festa de tal nível de excelência, certamente descobriremos forças para a reforma política que o País necessita com máxima urgência. A esperança não pode morrer.

    Entretanto, a perfeição é difícil de alcançar. Sem dúvida, que foram irreparáveis as ocas montadas com fios elásticos e as naus portuguesas simulando os galeios do mar. Santos Dumont levantando voo no Maracanã e indo além, percorrendo as praias da Cidade Maravilhosa deu bem a medida das alturas que o espetáculo atingiu. A contribuição dos negros trazidos à força e dos imigrantes foi relembrada, como não poderia deixar de ser.  Mas, no caso de italianos e alemães, não foi relembrada a contribuição inestimável que deram à industrialização do País. Teria sido importante para ajudar a reverter o encolhimento assustador da indústria nacional nos últimos anos. Será que a crise sistêmica nos fez esquecer de quem faz acontecer? Fica com sabor de preconceito contra quem gera riqueza de que tanto carecemos.

    O ponto alto dos dias iniciais de competição foi a primeira medalha de ouro ganha por Rafaela Silva no judô. Simplesmente, ela eletrizou a Nação  tamanha foi sua garra, vencendo inclusive adversárias para quem havia perdido em Londres. O toque genial de Rafaela na final foi reverter a seu favor um golpe que poderia lhe ter sido fatal. Difícil encontrar quem não tenha ido às lágrimas diante de tal destreza. Ela estava com a faca nos dentes.  

    De resto, foi sem dúvida um espetáculo único, um ponto alto da criatividade verde e amarela. Depois da hecatombe que foi o desgoverno Dilma, o que se viu foi uma cidade, um País, que ressurgiram das cinzas, com a incrível habilidade de soprar as brasas sob os escombros e transformá-las na fogueira de emoções positivas que tomou conta do mundo. Longa vida à Fênix, ave que renasceu das próprias cinzas na mitologia grega. Ah, sim, que tal criar uma nova regra em que fosse proibido o golpe “mortal” no primeiro minuto (ou meio minuto, vá lá) do jogo de esgrima? Essa simples providência devolveria a esse esporte o encanto que a técnica relâmpago matou. Os organizadores, com a palavra.

    gastaoreis@smart30.com.br // www.smart30.com.br

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