Eleições 2020: Tribuna entrevista o pré-candidato a prefeito Yuri Moura sobre planejamento

Yuri Moura é pré-candidato pelo PSOL. É petropolitano, professor de história e gestor público especializado em cidades. Tem 10 anos de experiência na administração pública: trabalhou na Prefeitura, ALERJ, Senado e Câmara Federal. Lutou pela cassação dos vereadores corruptos; apresentou inúmeros projetos populares de lei; conquistou 2,5 milhões em recursos para saúde e educação; foi apresentador na TV e no rádio local; e colaborou com a formação de mais de mil jovens e adultos através da Escola Popular. Em 2016 foi o 3º colocado para prefeito, em 2018 teve 12.623 votos para deputado estadual.

Para governar uma cidade que vem acumulando problemas, boa parte deles por falta de planejamento urbano, como sua gestão pretende atuar em relação ao Plano Diretor? E Qual será a prioridade na formação de equipe técnica para o planejamento da cidade?

Propomos uma Petrópolis dos bairros, com a descentralização de atividades essenciais, garantia de infraestrutura e serviços públicos onde as pessoas moram. Hoje nossa cidade não possui sequer lei de abairramento, isso prejudica a eficiência das políticas públicas nos territórios. O Plano Diretor precisa sair do papel de maneira participativa e democrática, na gestão orçamentária, na defesa dos bens naturais comuns e na construção dos planos setoriais (educação, moradia, etc). A criação do Instituto Koeler é fundamental para dar o suporte técnico necessário.

Petrópolis é uma cidade que precisa ser preservada, sobretudo, por sua importância histórica para o país. Como o planejamento, na sua gestão, vai atuar aliando o desenvolvimento econômico à preservação? 

A organização espacial de Petrópolis não pode ser decidida a partir dos interesses da especulação imobiliária ou de grandes grupos econômicos. A cidade não é uma mercadoria, é um lugar pras pessoas. Construção de condomínios despreocupada com a preservação ambiental, supermercados espalhados no Centro Histórico em conflito com o patrimônio, carga e descarga a toda hora em lojas de departamento prejudicam a mobilidade e a manutenção viária. A proposta é uma cidade inteligente e sustentável com desenvolvimento econômico em bairros e distritos. 

Não basta atrair empresas e construções para fazer a economia girar em uma cidade. E Petrópolis tem topografia e adensamento urbano que são um desafio. E prefeitura deve atuar dando a infraestrutura necessária para novos empreendimentos. Como a sua gestão vai agir neste sentido? 

O Condomínio Industrial da Posse é importante, vai ao encontro da proposta de cidade que queremos: planejada, descentralizada e com empregos também nos distritos. É bom lembrar que temos um grande potencial de economia limpa, com empresas de tecnologia e também com a economia criativa. O poder público precisa criar o ambiente favorável para o desenvolvimento de todos estes setores, com rigor às questões ambientais e sociais, por isso deve investir em infraestrutura por meio de um plano de obras públicas contratando cooperativas com mão de obra local.

O planejamento é apenas o pontapé inicial. E ele dá as diretrizes não apenas para a iniciativa privada, mas também para o poder público. Além de implementar o que foi planejado é preciso fiscalizar. Petrópolis tem uma deficiência história em fiscalização por falta de recursos humanos e instrumentos. Como sua gestão vai mudar isso? 

O governo municipal precisa arrecadar mais sem prejudicar os mais pobres ou pequenos empresários. Petrópolis precisa de justiça tributária. Isto é, tributar quem tem mais para garantir políticas públicas e serviços para quem tem menos. Implementar o IPTU progressivo; atualizar a planta genérica de valores e o cadastro de imóveis de luxo e mansões; rever concessões; dar transparência nos incentivos fiscais; garantir a fiscalização (novos concursos e uso de tecnologia). Assim nossa gestão vai ampliar sua capacidade de investimento e de melhorias na cidade.

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