• Efêmeras festividades natalinas

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  • 28/12/2017 12:00

    Raros, de um modo geral, os que têm consciência do significado do Natal e, mesmo aqueles que possuem tal consciência, são, praticamente, forçados a se contaminar com a euforia circulante. Talvez, um esquecimento subliminar, passageiro, em troca de uma alegria momentânea do dia em que a tal “felicidade” é extremamente passageira, como lufadas de vento que contaminam a maioria dos que se deslumbram, pela propaganda comercial, se endividando – em todos os princípios lógicos – quando, como diz o cancioneiro popular – “para tudo se acabar na quarta feira”, isto é, no dia seguinte. 

    Como sempre digo, não sou pessimista nem otimista mas realista porém, esperançoso, de que um dia, alguma coisa possa mudar no comportamento das pessoas, em todos os sentidos, como externo num soneto, que, como sempre, coloco uma citação em seu cabeçalho para corroborar meu ponto de vista. E neste, coloquei uma do escritor colombiano Vargas Vila (1806-1933): “Nunca voltamos tão tristes da vida, como quando vivemos a divina mentira do sonho”. Portanto, CONTRASTE DE NATAL:

    “Confraternização com alegria, / mágoas ausentes, dores ou rancores,/ parece que do peito brotam flores / quando a alma, no Natal, faz terapia.

    Tempos sagrados, cheios de magia,/ conseguem apagar os dissabores, / entre cada esperança fiadores, / misturam emoção com liturgia.

    Mas há Papai Noel, doce ilusão / tão inocente e pura, é alimento / que provoca uma triste decepção,

    quando pobre criança sem alento, / sonhando melancólica no chão,/ verte sofrida lágrima ao relento.”

    A importância da poesia é que, em poucas palavras, consegue-se transmitir uma mensagem ou um  pensamento com rápida assimilação de quem o lê e, raramente por metáforas, como escreveu minha amiga Virginia Vendramini, poetisa cega desde os 16 anos, sempre mais sucinta e objetiva com o atual momento, com o curto poema, “CEIA”:

    “Ao redor da mesa / vozes em brindes./ quebrar de nozes;/ figos e passas; vinho nas taças./ Desperdício de manjares, / desperdício de licores, / mas entre tantos sabores/ faltou o pão da verdade.”

    Portanto, nesses dois poemas mira-se no espelho da verdade, nua e crua. E a vontade que se dá, é de deitar, dormir e só acordar depois que tudo passar, pois, como disse Machado de Assis, num soneto:  – “Mudaria o Natal ou mudei eu?” 

    jrobertogullino@gmail.com


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