• Educar/ensinar não é para amadores!

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  • 26/05/2020 12:00

    No meu último artigo, comentei acerca da linguagem própria para ser, ou deveria ser, usada no ambiente virtual. Além disso, falei sobre a dificuldade que crianças e jovens estão encontrando para realizar as tarefas e acompanhar as aulas na internet. Abordei também o despreparo da maioria dos professores para lidar com essa ferramenta e a dificuldade para adequar a linguagem das aulas presenciais para aulas online.

    Para dar uma noção concreta do problema, apenas 20% dos professores das escolas públicas urbanas (federais, estaduais e municipais), no Brasil, receberam algum treinamento para usar as Tecnologias da Informação e Comunicação e Internet em atividades de/ e aprendizagem, conforme dados de 2018, do CETIC.br, responsável por esse censo. É sério demais este cenário.

    Na semana passada, participei de uma live sobre a questão do adiamento da data de realização do ENEM, como convidada. O adiamento proposto de nada resolve, pois a questão ultrapassa o fato de ter ou não aula presencial. O problema maior é a desigualdade no acesso ao ambiente digital.

    Dados do INEP (2019) demonstram que, embora 93% das escolas publicam de Ensino Médio possuam internet, 81% banda larga, apenas 82% têm laboratório de informática para acesso dos alunos, e internet, na maioria, com velocidade de 2Mbps, ou seja, devagar quase parando. É muito comum que o acesso à internet seja restrito ao professor e à administração da unidade escolar. Isso em tempos normais, sem pandemia, sem isolamento social.

    Em relação aos domicílios, em junho de 2019, a Agencia Nacional de Telecomunicação (ANATEL) contabilizou um total de 31,69 milhões de estabelecimentos com acesso à banda larga fixa, com velocidade de até 34Mbps.  Os Estados do Norte e Nordeste apresentaram as menores densidades (domicílios com banda larga).

    Verifiquei então a internet móvel, de telefonia celular. Os aparelhos correspondem ao principal meio de acesso à rede no país, segundo informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (PNAD Contínua TIC) 2018, divulgada em abril do corrente ano (2020), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Ocorre que 1 em cada 4 brasileiros não tem acesso a internet. Os motivos são variados: localização geográfica, preço do aparelho, custo do plano ofertado pela operadora. Isso significa que muitos estudantes não podem assistir às aulas online, independente do sistema ser público ou privado. Muitos professores se organizaram para ofertar videoaulas gratuitas, é verdade. O aluno confinado e sem internet em casa, ou no celular, ficou de fora.

    Então, quando falo em desigualdade, não me refiro apenas à questão social. Quero destacar inclusive o problema geográfico. Nosso país tem dimensões continentais e o acesso à internet e à telefonia, fixa ou móvel, não está universalizado como deveria. Parece não haver interesse comercial e político nessa expansão.

    Os avanços, a informatização das escolas, o acesso à internet banda larga, a formação continuada do professor estão na Lei. Estão garantidos na Carta Magna e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96. Só no papel. Parece mais uma lei “para inglês ver”. Até quando? Quem perde? O país perde! Os jovens perdem! A economia nacional perde! Perdemos todos nós!

    Enquanto esse quadro de negligência e descaso com as populações de dentro e de fora dos grandes centros urbanos permanecer, a Educação ofertada jamais será de qualidade!

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