• Educação e trabalho

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  • 05/01/2017 12:00

    O professor José Pastore pertence aos quadros da Universidade de São Paulo e da Academia Paulista de Letras. Veio ao Rio de Janeiro para falar em seminário da Academia Brasileira de Letras. O tema: “Educação e trabalho: o futuro da juventude no Brasil”.

    Fez muito sucesso. Começou abordando a espantosa velocidade de mudança que marca os tempos atuais. Segundo ele, as grandes transformações baseiam-se na revolução digital que vem provocando profundas mudanças na produção e na vida cotidiana. O Google, o smartphone, o Uber e os gigantescos sites de busca que se baseiam na inteligência artificial, hoje dominam as relações comerciais e pessoais desconhecidas há 10 anos.

    A produção industrial moderna cada vez mais participa do abstrato do que o concreto. Abstrato é o que se aprende na escola. Em suma, a educação de boa qualidade virou peça fundamental para acompanhar a evolução tecnológica, para os processos produtivos e para as pessoas. O mercado de trabalho é cada vez mais exigente. Muitas entrevistas de emprego são mais difíceis e concorridas do que exames vestibulares. As empresas modernas procuram recrutar profissionais que dominem a linguagem, a matemática, os conhecimentos gerais, a ética do trabalho e a sua profissão. Os profissionais terão de ser polivalentes, multifuncionais e abertos para novas funções.

    Projeções sobre o mercado de trabalho indicam que, em 2050, cerca de 60% das pessoas serão demandadas para exercer profissões desconhecidas e que não existem nos dias atuais. É preciso preparar as escolas e os jovens para as novas características do mercado de trabalho onde tem mais chance de se empregar quem pensa bem. A segurança no emprego depende da capacidade de aprender de modo rápido e contínuo. 

    Recentemente, foi aprovada a lei no Brasil que obriga os pais a matricularem seus filhos na escola a partir dos quatro anos de idade. Nos Estados Unidos, essa lei foi aprovada em 1650! Daí pode-se perceber o atraso do nosso país na questão educacional.

    O ministro da Índia explica o sucesso do país no campo tecnológico: “English, engineering and education!” A educação está diretamente ligada à produtividade e aos ganhos pessoais quando for de boa qualidade.

    A História mostra que países que passaram por fortes crises conseguiram se recuperar investindo na boa educação. Nos EUA a depressão de 1929 quebrou mais de cinco mil bancos. O desemprego disparou e o governo, mesmo com tantos cortes no orçamento, expandiu as bibliotecas públicas, criou as bibliotecas circulantes para atender ao interior e zonas rurais.

    Aqui no Brasil vivemos uma grave crise, são quase 12 milhões de desempregados, e pior, sem qualificação adequada, já que apenas 17% dos empregados brasileiros completou o ensino superior e menos de 50% têm o curso médio completo. Cerca de 1,7 milhão de jovens estão fora da escola, outros dois milhões não estudam, nem trabalham. Como resolver essa equação? Com educação, enfatizando o papel da linguagem. As empresas procuram candidatos com potencial para aprender, que gostem de estudar, que leiam bastante, que tenham o vírus da curiosidade

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