• E daí?

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  • 04/05/2020 11:00

    – 5.000 mortos… “E daí?”…  – 5.000 mortos… “O que vcs querem que eu faça?”… – Mais mortos que na China… “Eu sou Messias, mas não faço milagre!”. …

    O que queremos que faça?

    Que não chame uma grave pandemia de “gripezinha”, ou “resfriadinho”, “coisa que atleta não pega”, “e que tem que ser enfrentada na rua, como homem”.

    Que não chame as preocupações com a pandemia de “fantasia” ou “histeria”, ou “medinho”.

    Que não demita o Mandetta, que fazia bom trabalho, por mero ciúme político – desfalcando seu exército em plena batalha.Que não tente dar uma de médico, receitando irresponsavelmente em rede nacional a ainda tão duvidosa cloroquina.

    Que não deboche de famílias enlutadas dizendo que não sabe o número de mortos porque “não é coveiro”.

    Que não se faça de vítima de conspirações, acusando a OMS, o Congresso, o STF e os governadores e com eles arrumando uma crise que não deveria acontecer em momento em que tanto precisávamos de união e coordenação de esforços.


    Que não estimule e participe de manifestações, carreatas e aglomerações pelo fim do distanciamento social – agora já ciente da explosão de casos em Blumenau, por exemplo, depois que o prefeito de lá liberou precocemente a reabertura do comércio.

    Que não arrume em hora tão imprópria uma enorme crise política porque o Sérgio Moro não aceitava aparelhar a Polícia Federal para livrar os filhos do presidente da investigação de delitos.


    Que, feita a crise política que ele mesmo fabricou, não se atire ao colo do corrupto Centrão, tendo um condenado como Roberto Jefferson na posição de “tropa de choque” que ele já exerceu para Collor, e ainda distribuindo regalias e cargos e assim traindo seu moralista discurso de campanha.


    Que não chame – ainda que por suas milícias – de “traidor comunista” qualquer um que o critique ou dele discorde.


    Que ouça seu amigo Trump, que aponta que Bolsonaro foi pelo caminho errado, ao minimizar a pandemia (Trump já deve estar sendo chamado de “traidor comunista”, claro.).


    Que pare de mentir ao povo (sobre a cloroquina, o isolamento social e a “gripezinha”) e que pare de usar robôs virtuais para espalhar fake news enquanto recita que “a Verdade vos libertará”.


    Que pare de usar o nome de Deus em vão, se não estiver antes disposto a demonstrar empatia, solidariedade e compaixão cristãs.

    Ah, sim e poderia também, em solidariedade, visitar Manaus, Recife e Rio de Janeiro, por exemplo, onde a situação é mais grave. Poderia confortar famílias de vítimas. Poderia mostrar respeito e gratidão aos profissionais de saúde que estão na linha de frente. Poderia presidir o país, e não ser animador de auditórios bolsonaristas. Poderia, talvez, ser um líder, quem sabe?

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