• Driblando a crise: micro e pequenos empresários inovam para se manter no mercado

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  • 31/07/2016 06:00

    No início deste ano o Sebrae divulgou uma pesquisa a respeito do empreendedorismo no Brasil. De acordo com o levantamento, nunca se empreendeu tanto no país. A taxa de pessoas que decidiram investir no próprio negócio atualmente, é a maior dos últimos 14 anos. E a explicação para isso é simples: a crise. Sim, o desemprego fez com que muitos brasileiros tomassem a iniciava de “ganhar a vida” de forma independente, e arriscar naquele velho sonho considerado antes distante. De cada dez brasileiros adultos, quatro já possuem ou estão envolvidos com a criação de uma empresa. 

    Outro ponto que chama a atenção nos novos empresários, é o foco em ideias inovadoras, que se destaquem no mercado e agradem o consumidor. Esse é o caso da empresa Zeppelin Artes, criada pelos cariocas Sônia, Fernanda e Renata Pompeu, e Alexandre Pagy, que vão apostar na venda de seus produtos, objetos voltados para casa feitos com imagens dos principais pontos turísticos do RJ e de Petrópolis no estilo “Pop Art”, (movimento artístico que se desenvolveu na década de 1950 na Inglaterra e nos Estados Unidos), dentro de um Truck (carro modelo Kombi, personalizada). A estreia dessa ideia, os Trucks são usados principalmente para vender comidas e roupas, será justamente no início das Olimpíadas no Rio de Janeiro, com objetivo de também transitar nas ruas aqui do município.

    A família pretende percorrer os pontos turísticos mais visitados da Cidade Maravilhosa, apresentando o “Pop Art” para quem ainda não conhece. Além disso, eles levarão o nome de Petrópolis para o grande evento. Isso porque a empresa teve início na Cidade Imperial, com a abertura de um Box na Feirinha de Itaipava em 2011, vendendo jogos americanos, porta-copos, ímãs de geladeira, quadros, entre outros produtos, com imagens da Catedral São Pedro de Alcântara, Casa de Santos Dumont, Palácio de Cristal, Relógio das Flores, etc.

    Tudo corria melhor do que o esperado para a família, que havia resolvido arriscar no negócio próprio, quando a crise chegou no final de 2014. Como muitos, eles quase quebraram, e a terceira  loja que havia sido inaugurada há dois anos no aeroporto do Galeão no RJ, uma tentativa de expandir os negócios, precisou ser fechada. Assim como a segunda loja localizada no Rio Sul. O aluguel “salgado” e a queda brusca nas vendas, obrigaram os novos empresários a voltar ao ponto de partida, ou seja, Petrópolis onde tudo começou. Aos poucos o negócio voltou a dar sinais de melhora, o que estimulou o foco na inovação. No caso deles, “vendas em movimento” do que há de mais belo nas duas cidades tão tradicionais. Suas paisagens e pontos turísticos eternizados em imagens inspiradas no Pop Art. 

    A Kombi, ainda não estreada, já chama atenção por onde passa. O veículo foi estampado com imagens do Pão de Açúcar, Arcos da Lapa e Calçadão, e por isso não passa desapercebido. “Enfrentamos, assim com mutos, por momentos difíceis de descrever. Primeiro tomamos coragem, eu, meu marido e minha mãe, de montar o próprio negócio e arriscar. Logo no início felicidade total. Fomos recebidos muito bem pelo mercado e as pessoas se encantaram pelos produtos justamente por serem únicos. Mas logo veio o primeiro baque, a crise nos atingiu em cheio e chegamos a pensar que não teríamos a menor chance para enfrentá-la. Tivemos que retornar as origens, e fechamos a nossa segunda loja. Mas ai continuamos focados em produtos diferenciados e as vendas aos poucos têm aumentado. Agora, decidimos diversificar com o Truck e conseguir literalmente atingir todos os públicos em diferentes lugares. Uma loja móvel é uma ideia muito legal! Agora estamos trabalhando duro e nos dedicando para fazer dar certo”, contou esperançosa. 

    Os preços das mercadorias produzidas pela família cabem em todos os bolsos. Justamente o que a crise pede ao mercado. Os produtos considerados carro chefe variam de R$ 15 à 40. Eles são feitos de MDF, com papel fotográfico importado e posteriormente laminados com um material impermeável, levando e conta que podem ser usados tanto como quadros, quanto como mousepads, descansos de copos e pratos, e até suportes para notbooks. Todo esse trabalho surgiu através de uma inspiração inesperada. “Sou jornalista e pela necessidade de quebrar o estresse da rotina, fazia caminhadas diárias pelo calçadão da praia do Leblon até o Leme. A ideia era cultivar a minha paixão pelas paisagens cariocas, e também utilizá-las como uma forma de relaxamento, posteriormente desenhando o que via. Andei por toda a cidade fotografando as paisagens mais simbólicas para ter uma noção de conjunto e comecei a fazer arte digital no computador (não desenho à mão). Isso aflorou minha inspiração no estilo Pop Art, criado pelo artista plástico Andy Warhol – um revolucionário da arte moderna dos anos 60 até 80”, contou Sônia Pompeu.

    Ainda segundo a artista à vezes, os traços das ilustrações variam de estilos inspirados no Impressionismo de Van Gogh, no Abstrato de Kandinsky ou no Cubismo de Picasso. Mas em qualquer estilo de ilustração ela utiliza tons mais discretos, sem cores berrantes. Sônia afirmou ainda que a arte mudou sua vida, pois ela decidiu deixar o jornalismo e viver do que sempre lhe deu tanto prazer. Mesmo passando horas e dias dentro de casa, “hipnotizada pelo computador”, ela se descreveu como uma mulher realizada. A outra filha da jornalista, Fernanda Pompeu, também é sócia da marca e trabalha assim como Sônia, na elaboração de novas artes. 

    O negócio próprio tem se tornado cada vez mais uma espécie de alforria para muitos que sonhavam trabalhar por conta própria, e consequentemente dado a oportunidade de se trabalhar com o que realmente ama. 

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