• Donos e Adminsitradores

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  • 02/09/2020 11:05

     

    Existe diferença entre os conceitos de “dono” e de “administrador”? Eu tenho para mim que é impossível entender o conceito de mandatos, mandantes e mandatários se não tivermos, primeiro, clareza sobre o papel de donos e administradores. E restará impossível entender a política também, esta que é o mal maior dentre os que sofremos.

    Dono é o proprietário de alguma coisa (possuidor, senhor, possuinte, senhorio) ou a pessoa que controla (amo, chefe, controlador, patrão).

    Administrador é quem administra ou gerencia. O preposto do/s proprietário/s na direção de uma empresa.

    Os donos de uma S/A são os seus acionistas. O controle máximo e as principais decisões são objeto das Assembléias Gerais dos acionistas. Os administradores são os membros da Diretoria Executiva e dos Conselhos, Deliberativos ou Consultivos, que transformam em ações a vontade dos acionistas. Se a VW vai fabricar veículos automotores ou panelas, ou se a Embraer vai produzir aviões ou relógios, é decisão que cabe aos donos, ou acionistas, das empresas. Aprovar ou alterar os projetos de planos de ação para atingir determinadas metas, também é tema de deliberação dos donos ou detentores de ações.

    Aos que desejarem candidatar-se ao papel de administradores cabe oferecer a sua competência e conhecimentos aos donos como os mais aptos para a tarefa de transformar em realidade a sua vontade. E, dentre os interessados, a assembléia dos acionistas escolhe quem lhe parece mais capaz para o exercício das tarefas.

    Aos administradores bem sucedidos, cabem remunerações elevadas, bônus, contratos renovados. O insucesso em cumprir os objetivos e metas traduz-se pelo distrato ou pela negativa em renovar o mandato concedido.

    Claro como água límpida de regato livre de poluição. E eficiente.

    O nosso modelo de governos ou administrações foi desenhado, na Constituição, por bancadas partidárias de pretensos administradores. Que como Mateus, cuidaram primeiro dos seus. E os administradores viraram donos, sem deixar de serem administradores enquanto aos donos foram reservados três papéis: biombos enquanto eleitores de quem não desejavam como candidatos, financiadores de todos os custos e – perdoem – otários. Resultado da usurpação do papel de donos pelos administradores: enguiçou tudo.

    É urgente reconhecer que o planejamento estratégico precisa ser elaborado pelo povo-dono diretamente. Os administradores devem responder pela execução desta vontade e prestarem contas ao povo-dono sobre as ações executadas e as metas alcançadas. O monopólio partidário usurpador precisa ser implodido pelos avulsos e pelos partidos estaduais e municipais. A soberania popular, conceito constitucional, assim como os princípios, fundamentos e direitos da República devem todos ser resgatados e cumpridos.

    O cidadão/ã é, a um só tempo, municipal, estadual e federal. O Brasil real é municipal, e os Municípios formam Estados, DF e União, que são criações abstratas. Planejar é competência do povo e finca raízes em cada Município.

    Quando permitimos que esta clareza se perca, como deixamos os Constituintes fazer, some a democracia e vem o monopólio surrupiar a soberania popular. Cave, o populum!

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