Documentário resgata em Petrópolis parte da história da Aéropostale
O Museu Casa de Santos Dumont e o Museu Imperial foram alguns dos cenários escolhidos por dois jornalistas da TV franco-alemã ARTE para ilustrar um documentário sobre o centenário da antiga linha francesa de correio aéreo Aéropostale (que foi antes Linhas Aéreas Latécoère e posteriormente parte da formação da Air France). Acompanhados da presidente da Associação Memória da Aéropostale no Brasil, Mônica Cristina Correa, eles subiram a serra para mostrar os vestígios da companhia no Brasil, o que acaba englobando as memórias do piloto e escritor do Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry na La Grande Vallée, no Vale do Ribeirão Grande, em Itaipava.
Mônica Cristina, veio de Florianópolis para visitar a casa do Pequeno Príncipe junto com os jornalistas, e conta a origem da Aeropostale, como tudo começou. “Tudo começou com a Fabrica da Latécoère em Toulouse, na França. Isso era na década de XX e a empresa queria parar de fabricar aviões para fabricar vagões, mas então chegou a guerra, e continuaram com a produção. Pierre-Georges Latécoère então viu que o futuro estava nos aviões, e não na linha ferroviária.
Ela conta que Petrópolis desbancou diversas outras cidades que também contam um pouco da história da Aeropostale. “Eles poderiam ter escolhido Pelotas, Santos, Vitória, além do próprio Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro, que são lugares importantes para a história da companhia, mas decidiram por essa casa. E o mais curioso é que aqui não tem aeroporto, nem era escala. É uma casa. A biografia de Marcel Reine diz que ele tinha ideia de aposentar e vir pra cá”, explica Mônica. “E Petrópolis tem algumas coisas impressionantes nessa área da aviação. Quando o primeiro raid da companhia aconteceu, em 1925, a primeira missão que eles fizeram foi passar em São Paulo e deixaram cair faixas homenageando Santos Dumont. As duas histórias, os dois fatos, estão relacionadas com a cidade. E o terceiro fato é que o primeiro ministro da aeronáutica brasileira nasceu aqui, o brigadeiro Eduardo Gomes. Então a cidade tem três pontos da aviação fantásticos”, completou.
O proprietário da casa que era de Marcel Reine, José Augusto Wanderley conta que espera que o sítio seja mais frequentado, por ser um reduto de história, e que poucas pessoas conhecem. “Nós queremos que elas tenham orgulho desse lugar, que reconheçam esse lugar assim como o Museu Imperial, ou a Encantada. Queremos que as pessoas saibam da participação da cidade na história da aviação. Para nós é muito satisfatório ter a presença dos franceses aqui, até mesmo para levar o nome do Brasil ao país deles. Eles chegaram bem empolgados, querendo conhecer tudo”, contou.
Segundo Mônica, o livro do Pequeno Príncipe é a porta de entrada para a cultura aviária, como a Aéropostale. O livro foi escrito no mesmo tempo em que Antoine de SaintExupéry estava exercendo sua segunda profissão, a de piloto. Por isso é tão importante para a história da Aéropostale, é um reduto de memória, que hoje comemora 100 anos.
O documentário mostrando as memórias dos pilotos no Brasil e em Petrópolis será lançado na TV franco-alemã Arte e na internet em dezembro, na França. Os documentaristas deixam a cidade nesta quarta (16) e seguem para o aeroporto do Rio de Janeiro.