• Dinheiro de funcionários fantasmas na Câmara pode ter sido usado para pagar campanhas eleitorais

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  • 29/06/2019 09:50

    A investigação sobre o esquema de corrupção na Câmara Municipal de Petrópolis mostra que o dinheiro de funcionários fantasmas pode ter sido utilizado para financiar campanhas eleitorais. A informação consta no processo que corre em segredo de Justiça e culminou no afastamento do presidente do Legislativo Municipal, vereador Roni Medeiros, na última quinta-feira (28).

    A Tribuna de Petrópolis teve acesso ao processo, onde há informações sobre o esquema que, segundo denúncia do Ministério Público, tinha envolvimento direto de Omar Jacob. Importante nome no meio político, ele, de acordo com a denúncia, ajudou a financiar a eleição de Roni Medeiros em 2012 e foi articulador da campanha eleitoral. Ao vencer as eleições, Roni garantiu a familiares de Jacob cargos em seu gabinete. Na legislatura que terminou em 2016, nomeou seu filho, Omar Ligeiro Jacob e os investigados Valeria Maria Vital de Lira Rizzo e Márcio José de Almeida. Eles, no entanto, não compareciam ao trabalho como deveriam.

    Veja também: Roni Medeiros é o sétimo vereador a ser afastado da Câmara em 14 meses

    Omar Jacob e o filho chegaram a ser presos em 2017, durante investigação que também apontava funcionários fantasmas no gabinete do vereador Marcos Montanha, no mesmo período. Além deles também foram presos na época a esposa de Omar, Paula Rizzo Jacob, e seu sogro, Paulo Sérgio Rizzo. Este último confirmou a existência do esquema criminoso e afirmou que, para justificar sua ausência no gabinete, foi orientado a dizer que trabalhava na rua e levava demandas ao vereador.    

    Em depoimento na ocasião, tanto Montanha quanto sua ex-mulher, Rosângela de Souza, citaram que a nomeação de parentes de Omar Jacob como funcionários fantasmas era uma forma de reaver o dinheiro injetado por ele na campanha.

    Depoimentos confirmam esquema


    Ao citar a presença de funcionários fantasmas no gabinete de Roni Medeiros, a desembargadora Maria Angélica Guimarães Guedes, que determinou nesta semana o afastamento do presidente da Câmara e dos outros quatro investigados de suas funções públicas e os proibiu de acessar a Câmara Municipal, faz referência às investigações ligadas a Montanha, ainda em curso.

    Ela lembra que tanto Omar Ligeiro Jacob quanto Paulo Sérgio confirmaram o esquema. Omar Ligeiro chegou a relatar em depoimento que foi o pai quem conseguiu o cargo no gabinete de Roni Medeiros, garantindo que bastaria assinar o termo de posse e abrir a conta bancária, sem necessidade de comparecer ao trabalho.

    Ele confirmou que, no período em que esteve nomeado no Gabinete de Roni Medeiros, esteve na Câmara Municipal apenas duas vezes – uma para assinar o livro de posse e outra quando deixou o cargo. Também garantiu que não tinha conhecimento sobre o fato de sua madrasta ter ocupado cargo no mesmo gabinete anteriormente, também sem trabalhar.

    Ao determinar o afastamento de Roni Medeiros, a desembargadora demonstra preocupação com o fato do vereador ter sido reeleito e ocupar a presidência da Casa. “Logo, hodiernamente, figura como ordenador de despesas públicas e, com muito mais facilidade ainda, poderá perpetuar ato como os ora em apuração, que indiscutivelmente desafiam a moralidade pública e trazem prejuízo ao erário”, diz.          

    Em nota, o advogado de Roni Medeiros, João Francisco, reiterou posicionamento divulgado no dia do afastamento do vereador. Segundo ele, “o afastamento do mandato representa um equívoco muito grande, pois Roni Medeiros é um politico vocacionado, com vida modesta e simples”. De acordo com a defesa, Roni Medeiros “nunca desviou um centavo”. “Essa acusação de funcionário fantasma não tem amparo e será facilmente rebatida”,disse. A Tribuna não conseguiu contato com Omar Jacob.

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