• Dilma no Congresso

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  • 11/02/2016 10:00

     No Congresso, ao falar na sessão de abertura do ano legislativo, Dilma Rousseff recebeu vaias estrepitosas. Em seguida, em cadeia de televisão, ao convocar a população para o combate ao zika vírus, um sonoro panelaço, nas principais capitais do país.

    Nos dois eventos, em que pese a inusitada presença da presidente no parlamento, nenhuma novidade. Dilma é o que é, embora tenha pretendido vestir a capa da humildade. Mostrou-se mais uma vez incapaz de reconhecer os erros do primeiro mandato e insistiu na teimosia de que a crise tem origem externa e que logo todos os problemas do Brasil serão resolvidos, com a retomada do crescimento econômico.

    Mantém-se alheia da realidade que a cerca e quando sai de seus palácios em Brasília é para dirigir-se a auditórios lulopetistas, em inaugurações de obras de pequena ou nenhuma expressão. Somente nessas ocasiões ainda é aplaudida, mesmo assim, por uma claque previamente selecionada.

    Compareceu ao Congresso aconselhada pelo czar da economia dos tempos da ditadura, Delfim Netto, atual conselheiro “in pectore” de Lula e Dilma. Quem poderia supor reencontrar o velho Delfim mais uma vez no núcleo do governo da República, com a falência do regime militar? Tinha que ser nos governos do PT, de quem se jacta de ter combatido o regime autoritário. Mas o que a presidente queria não obteve. Não conseguiu mostrar-se nem um pouco humilde, porque tal postura contraria sua real personalidade, turrona e insolente; e não conseguiu a mínima receptividade à sua proposta de recriação da CPMF, rechaç ada por grande número de parlamentares, com manifestações contra mais essa insanidade do governo.

    Não custa recordar que, em campanha, a presidente pronunciou-se contra o chamado imposto do cheque e há vídeo gravado com o compromisso assumido pela candidata. No entanto, em Dilma nada mais surpreende, uma vez que em sua segunda gestão procura fazer exatamente o contrário do que dizia que jamais faria.

    Agora admite que a CPMF é a única solução para o aumento da receita pública, um disparate, mais um tributo com repercussão em cascata sobre os preços da economia. No tocante à orgia de gastos do governo, nada além do que o discurso demagógico, com acenos para a reforma da Previdência, que terá efeitos apenas a longo prazo. Nenhuma palavra sobre a reorientação e redução dos custos da administração, com medidas de contenção de despesas públicas e de redução do número de ministérios.

     As questões fundamentais que angustiam a Nação não foram tratadas pela presidente com a necessária profundidade. Ficou-se em abordagens e propostas superficiais em relação à reforma tributária, passados mais de treze anos de governo petista. As perspectivas futuras são desanimadoras, com recessão econômica, descenso na atividade industrial, comercial e de serviços, inflação em alta, desemprego crescente, com milhões de trabalhadores mergulhados na penúria, e descrédito internacional.

     No encerramento da sessão, Dilma ouviu de Renan Calheiros, aliado e fiel escudeiro, o que certamente não precisaria ouvir de um adversário ou inimigo. O notório alagoano não usou de meias palavras para dizer que “o ano de 2015 não começou e nem terminou”. Para qualquer entendedor, bom ou mau, um ano que simplesmente não existiu, um ano perdido, jogado no lixo da corrupção e da incompetência, a mais eloquente expressão do desastre lulopetista na vida da República.

    paulofigueiredo@uol.com.br

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