• Dezesseis por cento da população de Petrópolis não tem acesso à coleta de esgoto

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  • 25/07/2019 13:00

    O Instituto Trata Brasil divulgou esta semana um estudo específico sobre saneamento básico nas três principais cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro. De acordo com o levantamento, que levou em conta números de 2017, 16,1% da população não tem acesso à coleta de esgoto e 5,2% a água tratada. Em Teresópolis, a situação é ainda pior: 80,1% dos moradores não contam com rede de esgoto e 12,7% não tem acesso à água. Já na cidade de Nova Friburgo, 16,8% estão sem esgoto tratado e 12,5% não tem água tratada.

    “O acesso à água potável está muito avançado nas maiores cidades, então preocupa ver municípios com índices abaixo de 90%. De toda forma, espanta mesmo os baixos indicadores de esgotamento sanitário em grandes municípios fluminenses. Isso impacta no meio ambiente e na saúde pública, seja com poluição, doenças, internações e alto custo para as cidades”, disse o Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

    Para o presidente, os baixos investimentos em água e esgotamento sanitário fizeram com que os índices na região serrana do Rio não se desenvolvessem num ritmo adequado. Para ele, quanto maior os investimentos em saneamento básico, maior a capacidade de uma região crescer no turismo, gerando mais empregos para a sociedade. “A região serrana do Rio de Janeiro é uma das principais regiões de turismo no Estado. Não investir em saneamento básico na região faz com que o número de empregados na área diminua e mais do que isso, os turistas tendem a evitar viajar para a região, afetando diretamente na renda dos municípios. A serra fluminense é um dos locais que apresentam as maiores rendas com turismo no Rio de Janeiro, sendo extremamente importante para o superávit do estado”, alertou Édison Carlos.

    De acordo com o Trata Brasil, os investimentos em saneamento básico foram baixos e oscilaram muito no estado do Rio de Janeiro entre 2010 e 2017, com destaque para os R$ 1,2 bilhão em 2014 – melhor ano. Das três maiores cidades da Região Serrana, Petrópolis perde para Nova Friburgo, em relação aos investimentos: foram R$ 6.944.422,36 no período. Já Friburgo investiu R$ 8.553.114,69. A cidade de Teresópolis foi a que menos investiu, R$ 873.528,03.

    Édison Carlos ressalta que os investimentos precisam ser bem superiores, levando em conta os desafios para as próximas décadas. “O Brasil como um todo investe pouco, cerca de R$ 11 bi ao ano quando deveria estar investindo perto de R$ 20 bilhões. Os principais municípios serranos do Rio, investiram juntos, somente R$ 16.5 milhões de reais, muito pouco por se tratar de uma das principais regiões do estado”, concluiu o presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

    Petrópolis cai 12 posições no ranking de saneamento básico

    O Instituto Trata Brasil também divulgou o ranking de saneamento básico das 100 maiores cidades brasileiras. De acordo com o levantamento, Petrópolis caiu 12 posições: passando de 27ª (no ranking de 2018) para 39ª no ranking de 2019. Segundo o Trata Brasil, a queda foi devido a redução no número de novas ligações de esgoto e de água.

    De acordo com os pesquisadores do Instituto Trata Brasil, o indicador apresentou um percentual de 65% em 2018 (dados de 2016) de novas ligações de água, enquanto em 2019 (dados 2017) este número passou para 42%. Já com as ligações de rede esgoto, no ano passado, a cidade obteve nota máxima (1,00). Este ano, o município tirou nota zero.

    Os problemas com o saneamento básico vêm sendo denunciados com frequência pela Tribuna. Esta semana, foi publicado o drama dos moradores da Rua São Paulo, no Quitandinha, que lutam há mais de 10 anos por melhorias básicas na comunidade. O esgoto corre a céu aberto e a população tem que conviver com o mau cheiro. Com a instalação precária, não é possível que a rede de abastecimento de água seja tratada.

    Os dados do Instituto Trata Brasil foram contestados pela Águas do Imperador. Em nota, a concessionária responsável pelo abastecimento de água e coleta de esgoto na cidade, explicou que queda de posição foi “em virtude de um erro ocorrido no repasse dos dados referentes ao item Indicador novas ligações de esgoto/ligações faltantes (%) para o para o SNIS, que alimenta o ranking realizado anualmente pelo Instituto Trata Brasil”. A concessionária não soube explicar qual foi o erro e também não informou quando e nem se haverá correção no sistema nacional.

    Ainda em nota, a concessionária ressaltou que “por conta dos quase R$ 160 milhões investidos no saneamento de Petrópolis entre 1998 e 2018 possibilitaram o abastecimento de 94.8% da população com água tratada e o índice de 87.47% de esgotos urbanos coletados e tratados. Até o final deste ano, mais R$ 17 milhões serão investidos na expansão do abastecimento e tratamento de água e na coleta e tratamento de esgotos, aproximando Petrópolis da universalização dos serviços de saneamento e solidificando sua a posição como uma das cidades com melhor saneamento no país”.

    Leia também: Senado aprova novo Marco do Saneamento Básico

    A Prefeitura também questionou os dados do Instituto Trata Brasil e em nota ressaltou que “na cidade, ainda há casos de residências que possuem sistemas próprios e que ainda não se conectaram ao sistema de coleta e tratamento e que para melhorar os serviços prestados, a cobertura dos serviços na cidade e, por consequência, os índices medidos pelo Ranking do Saneamento Básico, Petrópolis terá um investimento de quase R$ 100 milhões feito pela Águas do Imperador até 2023”.

    Apenas sete cidades do Estado estão entre as 100 melhores no ranking do saneamento básico

    De todos os municípios do Estado do Rio de Janeiro, apenas sete estão na lista dos 100 mais bem colocados no ranking do saneamento básico divulgado esta semana pelo Instituto Trata Brasil. Além de Petrópolis, Niterói (10ª), Campos dos Goytacazes (40ª), Rio de Janeiro (51ª), Nova Iguaçu (82ª), São João de Meriti (89ª), Duque de Caxias (91ª), São Gonçalo (92ª) e Belford Roxo (95ª) também fazem parte do ranking.

    As cidades de Franca (1ª) e Santos (2ª), ambas em São Paulo, ocuparam as primeiras posições no ranking. Vinte e seis municípios paulistas estão na lista dos 100 melhores colocados no levantamento do Instituto Trata Brasil. De acordo com o Instituto, o país conta com quase 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada, quase 100 milhões de brasileiros sem coleta de esgotos (47,6% da população) e apenas 46% dos esgotos gerados no Brasil são tratados. 

    Das 100 maiores cidades do país, somente em 46 municípios mais de 80% da população tem coleta de esgotos, segundo o levantamento do Trata Brasil. Quando o assunto é o tratamento de esgotos, os dados são ainda piores: somente 22 cidades tratam mais de 80%. Em relação às perdas de água potável nos sistemas de distribuição, mais de 80% desses grandes municípios têm perdas superiores a 30%.

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