• Desinterdição de casas e escola do Contorno depende de laudo da Concer

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  • 30/08/2018 10:25

    A Concer se comprometeu a entregar nesta quinta-feira (30) à Defesa Civil (DC) um laudo que garante a segurança na Comunidade do Contorno, às margens da rodovia BR-040, na altura do quilômetro 81 e o retorno dos moradores e a reabertura da Escola Municipal Leonardo Boff. O anúncio foi feito, na tarde da última terça-feira, ao Ministério Público Federal (MPF) durante uma vistoria no túnel subterrâneo que estava sendo construído pela concessionária como parte das obras da nova subida da serra. A intenção da Concer é que a DC desinterdite a área que está isolada desde que uma cratera se abriu em novembro do ano passado engolindo uma casa e destruindo parcialmente outras duas. 

    Para a concessionária, não há indícios que liguem as escavações do túnel com a abertura da cratera. Em abril, após cinco meses de interdição, a Defesa Civil liberou para o tráfego a pista no km 81 que estava interditada devido ao buraco. A DC entendeu que o documento elaborado por geólogos e engenheiros, contratados pela Concer, garantia a segurança na pista.

    Além de representantes da Concer, geólogos da Uerj, PUC e Uenf, moradores do Contorno e representantes do Ministério Público Federal (MPF) e da Defesa Civil participaram da vistoria no túnel. “Assim que a Concer entregar esse relatório à DC, esperamos que o órgão nos comunique e indique um prazo para analisar o documento. Caso a área seja desinterditada, o próximo passo é a elaboração de um plano de ação de restabelecimento de habitabilidade da região, uma vez que algumas casas não há condições de receber de imediato os moradores. Além disso, é preciso também restabelecer alguns serviços na região, como a energia elétrica”, disse o procurador da República, Charles Estevam Motta Pessoa.

    O grupo iniciou a visita pela desemboque do túnel no bairro Duarte da Silveira. A intenção era chegar até o local da cratera, mas um paredão de detritos impediu a chegada até o ponto. “Esse paredão de detritos vai do chão até o topo do túnel. Em uma vistoria feita em maio, a percepção era que havia um vão. Depois desse paredão, o túnel ainda estaria alagado”, contou o procurador.

    Do desemboque até o local do paredão toda a água foi drenada, o que permitiu que o grupo pudesse acessar mais do interior do túnel. “A vistoria foi positiva, mas precisamos avançar mais, porque passados 10 meses da abertura da cratera, pouca coisa foi feita para resolver a situação”, disse Charles Estevam.

    O túnel estava sendo escavado a cerca de 70 metros de profundidade e as obras estavam paralisadas desde julho de 2016. Um laudo entregue pela Defesa Civil no ano passado mostrou que a abertura do túnel e o abandono dos trabalhos pela Concer têm ligação com a abertura da cratera. O buraco de cerca de 15 metros de profundidade (de acordo com a concessionária) se abriu bem em cima do local das escavações.

    Após o incidente, as 50 casas do Contorno e a Escola Municipal Leonardo Boff foram interditadas pela Defesa Civil. A pista também ficou impedida ao tráfego por cerca de cinco meses e só foi liberada pela DC em abril, após a Concer apresentar um relatório garantindo a segurança da via. O laudo apresentado pela concessionária também apontou que não houve ligação entre a obra de escavação do túnel e a cratera.

    Cinco moradores do Contorno participaram da vistoria. Para eles, é preciso mais serenidade por parte da Concer em relação à apresentação dos laudos que comprovem que a área é segura e que os moradores podem retornar as suas casas. “Foi um pouco decepcionante para nós, porque não conseguimos avançar até o local onde houve a cratera. Existe um paredão alguns metros antes do ponto da cratera que impede a passagem. Não sabemos que paredão é este e a Concer disse apenas que recolheu amostras para saber que tipo de material é esse. Para nós, ainda fica a incerteza e a falta de respostas”, lamentou a moradora Angélica Domingas.

    Em nota a Concer reafirmou que a subsidência ocorrida em novembro passado, no km 81 da BR-040, teve como causa a falta de drenagem adequada de águas pluviais e de uso doméstico, sem relação com o túnel em questão, conforme concluíram os especialistas independentes por meio das investigações técnicas. O túnel está a 70 metros de profundidade, enquanto a subsidência, medida por equipamento a laser, tinha apenas 13m. Entre o fundo da cratera e o teto do túnel há presença de rocha sã de pelo menos 30m de espessura.


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