• Defensoria Pública envia ao MP denuncia de paciente com Covid-19 que ficou na fila de espera por vaga de UTI

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  • 26/08/2020 14:42

    A idosa Maria Madalena de Jesus, de 66 anos, esperou por quase três dias para conseguir uma vaga em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Alcides Carneiro. Após os três dias de internação entre a UPA Centro e o HAC, com um quadro de infecção urinária e enfisema pulmonar, só nesta terça-feira ela foi diagnosticada com Covid-19. A Defensoria Pública interveio nesta terça-feira (25), e pediu a transferência imediata da idosa para um leito de UTI no hospital, e enviou a denúncia ao Ministério Público que deve abrir um inquérito para apurar o caso. A Prefeitura nega que tenha ocorrido falhas no atendimento à paciente.

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    Segundo a denúncia encaminhada à Defensoria, Maria Madalena deu entrada na UPA Centro no último domingo (23), com um quadro de infecção urinária. Somente na noite de segunda-feira (24), ela foi transferida para o HAC, onde foi diagnosticada com enfisema pulmonar. A família relatou à Defensoria Pública que não havia vaga e a paciente teve que retornar entubada para a UPA Centro. Após receber a denúncia, o defensor público Marcílio Brito, titular do Núcleo Cível de Petrópolis, solicitou a transferência imediata da paciente para a UTI do HAC. 

    Já nesta terça-feira, quando finalmente a paciente foi transferida para um leito de UTI no HAC, foi diagnosticada com Covid-19 e foi novamente transferida, desta vez, para um leito exclusivo de atendimento aos pacientes infectados no Hospital Municipal Nelson de Sá Earp (HMNSE). 

    A Defensoria solicitou esclarecimentos ao HAC e à UPA Centro sobre a demora na transferência da paciente e os atrasos na alteração do status de leito da paciente no Núcleo de Regulação da Upa Centro. Pede ainda que a Secretaria Municipal de Saúde abra uma sindicância para apurar a falha no serviço. E a denúncia encaminhada ao Ministério Público vai apurar se houve omissão no atendimento a paciente. 

    O que a Prefeitura diz

    A Secretaria de Saúde negou que houve falhas no atendimento da paciente. Disse que a demora na transferência da paciente para o leito clínico no HAC no domingo se deu porque, no mesmo dia, outros seis pacientes precisaram ser transferidos para o hospital. Quatro em estado grave, sendo dois que também seriam transferidos para clínica médica, como a idosa. No dia seguinte, quando a paciente foi transferida para o HAC, passou por exames e foi diagnosticada com enfisema pulmonar, um quadro mais grave. Foi entubada e, por se tratar de emergência e como não havia vaga disponível em leito de UTI no HAC, a paciente foi internada em um leito de UTI na sala vermelha da Upa Centro. 

    Já nesta terça-feira, somente no início da tarde é que a paciente foi transferida para o HAC. Após novos exames foi diagnosticada também com Covid-19. Ela foi novamente transferida para um leito exclusivo de pacientes infectados no HMNSE. A Secretaria de Saúde disse que nesta terça-feira, havia 7 pessoas a espera de vaga em leito de UTI de pacientes não Covid. E afirma que há previsão de ampliação de mais 10 vagas de UTI no HAC e a contratação de novos 9 leitos de UTI por meio de licitação. Mas ainda não há data para a realização da licitação, porque o pregão foi impugnado por uma das empresas interessadas que aguarda resposta do Departamento de Licitações, Compras e Contratos Administrativos (Delca) para dar continuidade no processo. 

    Confira a nota da Secretaria de Saúde: 

    “A Secretaria de Saúde declara que não houve falhas no atendimento à paciente Maria Madalena de Jesus, de 66 anos, na UPA Centro e HAC, conforme apontado pela Defensoria Pública. Desta forma, não há razões para a Secretaria de Saúde abrir qualquer tipo de sindicância para apuração de fatos. O tempo entre a entrada na UPA e a transferência ao HAC se deu porque, no mesmo dia, 6 outros pacientes necessitavam de transferência, sendo 4 deles em estado grave e, outros dois, destinados a leitos de clínica médica, como era o caso da paciente. Vale dizer que a paciente não aguardou por 12 horas, como também foi citado pela Defensoria. A família acompanhou todo o trabalho a pedido da direção das unidades hospitalares. Importante lembrar que todo o processo se deu normalmente e não ocorreu por intervenção da Defensoria Pública.

    Ao se sentir mal em casa, a paciente foi levada pela família à UPA Centro, com infecção urinária. Ela foi atendida na unidade e, imediatamente, colocada na Sala Amarela, onde recebeu atendimento, medicamentos e permaneceu até ser regulada para um leito clínico no HAC, no dia seguinte.

    Ao chegar no HAC, a equipe médica verificou que o quadro de saúde da paciente era mais grave. Foram feitos exames e diagnosticado um enfisema pulmonar. A paciente precisou ser intubada e retornar à UPA Centro, onde foi imediatamente levada à Sala Vermelha, uma UTI capaz de atendê-la enquanto aguardava regulação para uma unidade definitiva. O retorno à UPA foi necessário por se tratar de uma emergência e não haver vagas de UTI disponíveis no HAC naquele momento.

    No início da tarde desta terça-feira, a paciente foi regulada e encaminhada para uma UTI no HAC, dentro do prazo previsto pela Secretaria de Saúde, entre 24h e 48h. Antes da internação na unidade de Corrêas, e ao realizar um exame de tomografia computadorizada para o monitoramento do quadro de enfisema pulmonar, a equipe médica fechou, também, o diagnóstico de COVID-19. Diante disso, a paciente foi imediatamente regulada e encaminhada a um leito de UTI exclusivo a pacientes infectados com a doença no hospital de referência ao tratamento e internação a pacientes do novo coronavírus no município, o HMNSE.

    No último final de semana o município havia zerado a fila de espera por internações em leitos de UTI NÃO COVID. Até a tarde da última segunda-feira não havia pacientes na fila, quadro que se modificou nesta terça-feira, com a entrada de 07 pacientes na espera. Vale dizer que todos aguardam há menos de 24 horas, prazo previsto e já informado pela Secretaria de Saúde. A Central de Regulação espera a normalização e andamento da fila para as próximas horas. O município continua com o trabalho de ampliação de leitos esta semana, com a entrada de mais 10, no HAC, e 09 aguardando breve licitação”.

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