• Decisão judicial desrespeitada há oito anos

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  • 22/10/2017 09:00

    Exatamente oito anos depois de serem condenados a reformar a Estrada União Indústria, os governos Federal e Estadual, que dividem a jurisdição em trechos distintos da rodovia ainda não realizaram a manutenção necessária, conforme definido pela Justiça. Enquanto isso os motoristas amargam prejuízos por conta dos buracos, rachaduras, desníveis e falta de sinalização. Tudo isso na estrada que já foi a principal ligação entre Petrópolis e Juiz de Fora. 

    Inaugurada pelo então Imperador Dom Pedro II, a União e Indústria que hoje sofre com falta de recapeamento foi a primeira rodovia pavimentada da América Latina, sendo referência e servindo de exemplo para outras estradas do país. Mas com o passar do tempo, sem nenhum tipo de manutenção, os problemas estruturais foram surgindo. Hoje o trecho que corta Petrópolis é dividido em duas partes: do centro da cidade até o distrito de Pedro do Rio a administração é feita pelo Departamento Nacional da Infraestrutura do Transpote (Dnit), vinculado ao Governo Federal. Já entre Pedro do Rio e Areal a responsabilidade é do Departamento de Estradas de Rodagem do Rio de Janeiro (DER), do Governo do Estado. 

    O problema da falta de manutenção se agravou em 2007, quando tanto o Estado quanto a União decidiram editar decretos para entregar a jurisdição da estrada ao município. Na ocasião o Ministério Público Federal embarreirou o decreto e abriu um inquérito para apurar o caso. Até que dois anos depois o DER e o DNIT foram condenados a reformar a rodovia, para que a administração fosse passada ao município.

    Em 2011 o Dnit iniciou um projeto para recuperar a via, mas só abriu licitação em 2015. O que parecia uma solução acabou se tornando mais um problema: a empresa vencedora desistiu e a segunda colocada não entregou os documentos, impossibilitando a concretização do processo. A partir dali uma nova licitação teria que ser marcada. 

    Enquanto isso, tanto o trecho administrado pelo Estado quanto o do DNIT apresentam sérios problemas estruturais, e o pior deles é justamente o mais distante do Centro, na região da Posse, onde alguns buracos passam de dois metros de diâmetro. Na localidade da Jacuba os motoristas precisam transitar pela contramão num trecho de mais de 100 metros em meio à curvas. "Está horrível essa situação. Aqui não tem jeito. Ou você se arrebenta nos buracos ou invade a contramão e conta com a sorte. Então entre a certeza de se prejudicar ou o risco eu prefiro esse risco. É muito ruim esse pedaço. Esta estrada está uma vergonha!”, contou Joelmo Geraldo Dias, carpinteiro.

    Também no distrito da Posse, um outro trecho próximo à Praça de Esportes Corta-Rio tem mais de um buraco por metro de estrada. A situação é ainda mais absurda porque tem buraco com mais de 15 centímetros de profundidade, e tudo isso bem num cruzamento. Passar por ali e não rasgar o pneu do carro é quase impossível. “Já perdi um pneu pra essa estrada, e aí tive que comprar dois, porque colocar um novo e um velho não dá. Não sei se foi nesse buraco ou se foi indo pra Areal. Só sei que só rodo na Posse e meu pneu foi pro tombo”, disse Jonathan Fonseca, técnico em informática.

    O tráfego intenso de caminhões e carretas pesadas que fogem do pedágio acaba agravando o problema, que resulta também em desníveis no asfalto, o que complica ainda mais a vida de motoristas e moradores da região. 

    A Tribuna questionou a União e o Estado sobre o caso. O DNIT disse que vai tentar mais uma vez realizar uma licitação para que a reforma da estrada seja feita o quanto antes. O pregão está marcado para a próxima terça-feira (24). Já o Governo do Estado não nos deu retorno até a publicação dessa reportagem. 



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