• Cresce o número de mulheres que são mães depois dos 30 anos em Petrópolis

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  • 11/11/2018 16:42

    Concluir a faculdade, fazer especializações, viagens e estabilidade financeira são algumas das realizações de muitas mulheres antes de se dedicar à maternidade. Diferente das nossas mães e avós, o sonho de ter filhos vem sendo realizado cada vez mais tarde. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados na semana passada revelam que, dos 2,86 milhões de nascimentos registrados no Brasil em 2017, em 35,1% dos casos a mãe tinha 30 anos ou mais de idade na ocasião do parto. No ano passado, por exemplo, a participação de mulheres nessa faixa etária foi de 25,7% e em 2016, cresceu para 33%.

    Em Petrópolis, em um ano, houve um aumento de pouco mais de 8% na quantidade de mulheres que tiveram filhos depois dos 30 anos. De acordo com os dados do IBGE, em 2016, foram 1.425 registros de nascimentos onde as mães estavam nesta faixa etária. No ano passado, este número passou para 1.542. 

    “Os dados nos mostram que as mulheres vêm adiando a maternidade porque a proporção de mães que tiveram filhos na faixa dos 20 anos ou menos vem caindo gradativamente. A mulher também vem se casando mais tarde, o que colabora para o crescimento da taxa de fecundidade em mulheres após os 30 anos de idade”, explica a gerente da pesquisa, Klivia Oliveira.

    Em comparação com 2016, o ano de 2017 apresentou crescimento de 2,6% no número de nascimentos ocorridos e registrados no ano, porém, ficou abaixo dos totais de 2014 e 2015. No entanto, o total de nascimentos pode ser maior, pois a pesquisa só contabilizou aqueles que já tinham sido oficializados em cartório.

    Para a dentista Aline Santos da Cruz de Araújo, de 35 anos, a decisão de engravidar só veio depois da conclusão do mestrado em ortodontia. Ela e o marido, o jornalista Carlos Felipe de Araújo, de 34 anos, estão casados há cinco anos e o pequeno Vicente chegou em janeiro. "A decisão de encomendar o Vicente veio um pouco mais tarde mais pelo meu lado. Tinha a intenção de ficar mais tranquila na minha profissão, por isso, queria estudar um pouco mais", comentou.

    Vicente, hoje com nove meses, veio depois do "amadurecimento" da mãe, segundo Aline. "Estou muito mais tranquila agora do que se tivesse sido mãe antes, muito mais pelo fato de estar me sentindo mais realizada no aspecto profissional. Hoje eu consigo me dedicar mais a ele e, mesmo sendo autônoma, consegui ajustar a minha rotina e dar mais atenção para o Vicente neste primeiro momento", disse a dentista.

    Aline ressalta a parceria do marido e brinca que os três "formam uma boa equipe". "Tudo está acontecendo aos poucos e conseguimos ir nos ajustando, eu, o Felipe e o Vicente", frisou a dentista. O marido confessa que a paternidade poderia ter vindo antes, mas ressalta que esperar o momento "certo" fez com que o Vicente viesse "em boa hora". "Nós esperamos que ela terminasse os seus estudos e o mestrado em ortodontia, o que a coloca em outro nível profissional, afinal de contas, não estamos tendo apenas um filho. Temos que pensar no futuro dele. Era um momento de vida financeira mais tranquila, alguns objetivos já foram alcançados. Sem dúvida, queríamos antes, eu até mais do que ela, mas em comum acordo decidimos esperar", disse o jornalista, acrescentando que, dentro de um ano, a família deve crescer ainda mais. "Já estamos planejando um irmão para o Vicente", brincou.

    Em Petrópolis, de acordo com dados do IBGE, no ano passado, foram 824 mulheres na faixa etária entre 30 a 34 anos que tiveram filhos. Entre os 35 e 39 anos, foram 564 mães. E acima dos 40 anos, foram registrados 154 nascimentos. 

    Número de divórcios cresce cerca de 22% em um ano

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também fez um levantamento sobre os casamentos e divórcios registrados no país. De acordo com o instituto, em 2007, a média de duração de um casamento civil poderia ser estimada em 17 anos. Dez anos depois, o tempo médio entre a data do casamento e a data da sentença ou escritura do divórcio caiu para 14 anos.

    A pesquisa mostra que entre 2016 e 2017 o número de uniões registradas diminuiu 2,3% e o número de divórcios aumentou 8,3%. A gerente da pesquisa, Klívia Oliveira, mostrou que este é o segundo ano consecutivo com aumento do número de divórcios e diminuição de casamentos. “A proporção é de três casamentos para cada divórcio”, comenta a gerente. E a exceção fica por conta dos casamentos homoafetivos que, apesar de representarem pouco mais de 0,5% das uniões registradas, são a porção que segue crescendo, com aumento de 10% em 2017.

    Em Petrópolis, de acordo com a pesquisa, houve um aumento de cerca de 22% na quantidade de divórcios em um ano. Em 2016, foram 635 separações. Já em 2017, este número passou para 780. Por outro lado, a quantidade de casamentos civis teve uma queda de 8% no mesmo período: foram 1.688 registros em 2016, e 1.551 matrimônios em 2017.

    Depois de 11 anos de casada, a representante comercial, Flaviane Barros, de 40 anos, resolveu por fim ao casamento. O divórcio foi consensual, onde ela o ex-marido tiveram o mesmo advogado. "Não houve brigas, o processo correu super bem", comentou. Ela conta que no grupo de amigas, seis também se divorciaram recentemente. Todas eram casadas há mais de 10 anos.

    "A mulher hoje em dia é mais independente e avalia mais se precisa ou não ficar em um casamento. Antigamente, a questão financeira pesava e hoje isso não acontece mais", disse Flaviane. "Atualmente, encaramos a separação de uma forma bem mais natural. A mulher não precisa mais passar por certas coisas", ressaltou. 

    As novas dinâmicas das famílias brasileiras também podem ser captadas a partir da pesquisa do IBGE. O levantamento destaca o aumento significativo do percentual de divórcios judiciais com sentença de guarda compartilhada dos filhos: essa modalidade de guarda passou de 7,5% em 2014, para 20,9% em 2017. “A partir de 2014, a lei coloca que a guarda seja prioritariamente compartilhada, a não ser que exista algum problema que de fato impeça”, comenta a pesquisadora. Ainda assim, a mulher continua sendo a responsável pela guarda na maioria dos registros de divórcio. “Esse cenário está se modificando”, diz Klívia. “Percebemos que os filhos não são mais um impedimento para os casais se separarem”, concluiu a pesquisadora. 

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