• CPTrans diz que autorização foi dada, mas o Setranspetro diz não ter sido comunicado

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  • 19/07/2016 19:07

    A Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) informou hoje (19) que a linha de ônibus 803 (Taquaril x Terminal Itaipava) já foi regularizada e que opera legalmente depois de diversas reivindicações de moradores do bairro, que tinham que andar a pé por um trajeto íngreme de mais de oito quilômetros até a Estrada União e Indústria, no ponto de ônibus mais próximo.

    A Companhia só se pronunciou oficialmente após reportagem publicada pela Tribuna, com o posicionamento do Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro), com relação ao início de operação da nova linha, que até então não havia sido divulgado pela empresa. A matéria gerou grande repercussão não só nas redes sociais como também nas ruas do distrito de Pedro do Rio, porque em momento algum foi apresentado qualquer tipo de documentação sobre licitação ou legalidade da empresa operante.

    Segundo o presidente da CPTrans, Jorge Fernando Badia, a autorização foi dada em caráter emergencial a título precário e experimental. “Fizemos diversas reuniões com a empresa Turb para tentar ver a possibilidade deles iniciarem operação na região, que é carente de transporte. Porém, até hoje eles não demonstraram nenhum interesse. Aí surgiu a empresa Transpal, que atua na Posse há muitos anos, e se disponibilizou a operar a linha. Eles compraram então quatro veículos e depois de testes e uma série de estudos nós demos a autorização”, explicou. Sobre a licitação, que ainda não foi feita, Badia disse que está seguindo toda a legislação e que em breve o processo licitatório será aberto. 

    Com relação à declaração do Setranspetro, Badia disse que lamenta a “insensibilidade” do sindicato e que agradece ao “ato de cidadania” da empresa Transpal. “Estamos sempre do lado da população. E já que a população sofria com essa carência no transporte, nós trabalhamos nesses últimos meses para suprir essa necessidade e atendê-los regularmente”, completou.

    Moradores aprovam novidade 

    Para os moradores, a novidade foi muito bem recebida, já que o bairro nunca contou com transporte público anteriormente. “Nosso Taquaril agora será outro. Nós nunca tivemos ônibus aqui. Tínhamos que descer tudo a pé ou então ligar para o táxi vir lá da Posse para nos buscar. E isso gerava um custo muito alto, que as pessoas menos favorecidas não tinham condições. Morando aqui sem ônibus não dava pra estudar, para trabalhar, tudo era muito difícil. Eu diria que a história do Taquaril se divide em duas: antes e depois da linha de ônibus, porque a partir de agora nossa vida começa a mudar, a melhorar. Hoje podemos fazer nossas coisas, marcar compromissos porque temos condução pra descer e subir. Não precisamos de carona ou táxi, pois subir isso tudo a pé é impossível”, explicou Maria do Carmo Lins, de 43 anos, que mora no bairro há uma década.

    A dona de casa Dalva Regina dos Santos, de 41 anos, também gostou muito da novidade. “É impossível não ficar feliz com isso. Teve gente que chorou de emoção quando a linha foi inaugurada. Ficamos muito satisfeitos com o nosso ônibus. É o primeiro passo para que o nosso bairro se desenvolva e que nossos moradores sejam atendidos com os serviços básicos. Não sei como encontrar palavras para descrever essa felicidade!”, exclamou.

    O presidente da associação de moradores do bairro, Fabiano Oliva, disse que a luta se arrastava por mais de três anos. “A população nunca teve ônibus. Foi muito sonho, muita briga e tudo com ajuda do prefeito e da CPTrans. A Turb foi solicitada por ofício, pelo menos, três vezes e não demonstrou interesse nenhum em explorar as nossas linhas. Tudo foi feito com o acompanhamento da CPTrans e da Prefeitura e está tudo legalizado. O Taquaril tem pousadas, recebe turistas durante todo o ano. Temos cerca de 800 habitantes, duas fábricas de processados, duas pousadas grandes e uma via com oito quilômetros de extensão, onde moradores tinham que caminhar para chegar em casa”, completou Fabiano, que passou toda a infância no bairro e recordou as dificuldades dos moradores com relação à mobilidade e locomoção. 

    O dono da empresa responsável pela linha, Fabiano Magalhães, explicou como tudo começou. “Nós estamos atendendo à determinação da CPTrans, com uma linha totalmente regular. A Transpal atua há mais de 28 anos na Posse”, disse. “Nós conversamos com o Fernando Badia (presidente da CPTrans) e vimos que existia essa carência de transporte no bairro. A parti daí nós nos interessamos em atender à região, tudo de imediato. Então começamos essa luta, desde janeiro, para a compra dos coletivos novos e a regularização de todos os documentos. Fizemos vistorias e cumprimos com todo o processo burocrático e com todas as exigências e determinações da CPTrans. Comprei coletivos com elevadores para deficientes. Tivemos que enquadrar os validadores na integração da RioCard e cumprimos todos os quesitos”, completou.

    Setranspetro diz não ter sido informado

    O Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis, Setranspetro, disse por meio de nota que “não foi informado oficialmente sobre o início da operação das linhas 803 e 804, que liga o Taquaril à Estrada União e Indústria e, essa, ao Terminal Itaipava. O Sindicato foi pego de surpresa no último sábado, com os coletivos da Viação Emanuel, circulando em um trecho, que é de permissão da empresa Turb Petrópolis, associada ao Setranspetro, e que está em dia com todas as suas demandas junto ao poder público. Além disso, destaca que esta é uma situação grave, que precisa ser devidamente esclarecida, porque se trata de uma empresa que, na opinião do Setranspetro, está operando de forma irregular no município. Ressalta, por fim, que apoia o transporte para o bairro Taquaril, desde que esteja dentro da regularidade” diz a nota. 

    O Setranspetro deixou claro que de maneira alguma é contra a implementação de transporte público no Taquaril e que a grande questão que está gerando problema é a sobreposição das linhas da Turb na União e Indústria, que tem contrato com o município. O Sindicato disse também que busca explicações junto à CPTrans sobre a situação e que defende o transporte no bairro do terceiro distrito. 



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