• Conheça histórias de quem viu a vida mudar no asfalto

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  • 14/05/2018 16:20

    Há 11 anos, Filipe de Mattos voltava do trabalho de moto quando sofreu um acidente que mudou completamente sua vida. Naquela noite chovia muito em Petrópolis e foi em fração de segundos que tudo aconteceu: a queda do veículo na Rua Paulo Barbosa ocasionou lesões gravíssimas que mudariam toda a sua história. A história dele não é muito diferente da vivida por pessoas envolvidas nos 4.278 acidentes de trânsito registrados nos últimos sete anos na cidade, segundo dados do Corpo de Bombeiros. 

    “Foram cinco meses internado no hospital e mais de dez cirurgias. Tive de operar fêmur, costelas, coluna, nariz e até a visão, que, segundo os médicos, ficaria comprometida. A moto em que eu estava ficou apenas com o espelho retrovisor quebrado”, contou Filipe, que perdeu o movimento das pernas. 

    Daniela Pinheiro, 30 anos, viveu de perto essa mesma realidade há dois anos, sem, no entanto, tocar no volante. Ela lembra que os filhos tinham consulta agendada no Centro e ela pediu ao ex-companheiro que os levasse à consulta médica. Na volta para a casa, em Pedro do Rio, a ideia de ultrapassar uma carreta não deu tão certo. “O carro começou a sair do controle e ficar em zigue-zague na pista. Foi então que perdeu uma das rodas e, de repente, atingimos uma árvore. Ainda me recordo de ver o velocímetro marcar 130 km/h. Na hora, eu só pensava em como estavam minhas crianças”, relembra ela, que viu os filhos escaparem com ferimentos leves, mas sofreu fraturas e também perdeu os movimentos das pernas. 

    Após o ocorrido, Filipe e Daniela, que se conheceram em um grupo de whatsapp se tornaram amigos e partilham do mesmo sentimento: a sensação de que a vida é um milagre. Ambos dizem que se sentem mais fortes, gratos e dão mais valor a coisas simples. Os dois fazem acompanhamento e reabilitação em uma unidade hospitalar na capital e alertam sobre a necessidade de ter cuidado no trânsito. “Por mais que a pressa às vezes seja parte da vida cotidiana, não há preço que pague a vida. É necessário seguir as normas e ter atenção”, afirmou Daniela. 

    “O acidente me deu um novo fôlego. Desejo que as pessoas tenham consciência ao andar no trânsito. As estradas ainda fazem parte do meu dia. Dirigir é minha vida. Adaptei um carro e hoje consigo executar todos os comandos com as mãos. Sigo com muita cautela e sem pressa. A cada etapa, uma nova vitória”, conclui Filipe. 

    Outra pessoa que viu o rumo da vida mudar depois de um acidente, há cerca de 19 anos, foi o auxiliar de serviços gerais Luciano Vianna. Ele caiu quando andava de bicicleta. Ao tentar desviar de um carro, atingiu um muro e acabou ficando tetraplé- gico. “Os veículos são como uma arma. No caso de uma moto por exemplo, a segurança acaba sendo o próprio corpo. Imagine só poder fazer tudo e, de repente, ficar dependendo de uma cama ou de aparelhos para viver? Foi muito difícil esse processo. Acredito que as pessoas devem ter mais cuidado no dia a dia no trânsito”, explicou. 

    Dados do Detran mostram que Petrópolis é a segunda cidade do interior com o maior registro de ocorrências no trânsito. Em 2016 foram registrados 334 acidentes, com 27 mortes. No ano passado o número subiu para 42, em 307 registros. De acordo com Jessé Cândido, que é o coordenador de atividades do Maio Amarelo na cidade, o aumento do número de casos é ocasionado principalmente pela imprudência. “As pessoas não se relacionam com o trânsito de maneira que se preservem. Temos percebido uma falta de harmonia entre motoristas e motociclistas, além da pressa que, muitas vezes, não é necessária. Isso sem falar no uso do celular enquanto está conduzindo um veículo”, pontuou. 

    Números do 15º Grupamento de Bombeiros Militares mostram que, entre 2011 e 2017, foram registrados 2.627 casos de colisão, 1.209 de queda de motos, além de 203 quedas de veículos e 239 capotagens. Em 2018, até agora, foram 97 colisões, 42 quedas de moto, sete quedas de carro e três capotamentos. 


    Mês de maio chama atenção para cuidados no trânsito

    Durante todo o mês estão sendo realizadas ações focando na conscientização do público sobre os altos índices de acidentes no trânsito. na programação há palestras, simulações de socorro e uma caminhada que promete reunir centenas de petropolitanos. O objetivo é sensibilizar a população e mostrar que qualquer pessoa – seja motorista, motociclista ou pedestre pode acabar se tornando vítima. 

    Na quinta-feira (17), às 10h, na Praça Dom Pedro, atores participarão de uma simulação de acidente envolvendo um carro com cinco passageiros e uma moto com duas pessoas. Um dos personagens vai acabar não resistindo aos ferimentos e morrendo no local. 

    No dia 18, às 11h, agentes da CPTrans realizam também a ação “Blitz Educativa”, orientando e esclarecendo quem passar pelo local. Doação de sangue é indispensável para socorro a vítimas – Em meio aos acidentes registrados é necessário o apoio da população no socorro aos feridos. O Banco de Sangue do Hospital Santa Teresa frisa a necessidade da urgência de doação de sangue do tipo O, que serve para pessoas com todos os demais tipos sanguíneos. “A gente pede que as pessoas venham doar. É muito importante que a gente possa ter os estoques sempre cheios para garantir um bom atendimento a todos os que precisarem”, explica Eliane Azevedo, que é captadora de doadores.


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