• Como Corrigir o Irmão?

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  • 06/09/2020 00:01

    Homilia do Mons. José Maria – XXIII Domingo do Tempo Comum – Ano A

    A Palavra de Deus, neste Domingo, pode ser desenvolvida, como meditação, refletindo sobre dois aspectos importantes da vida cristã: a correção fraterna e a oração em família.

    Diz Jesus: ”Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo” (Mt 18,15). Este primeiro momento demonstra o respeito e o amor para com o próximo. Muitas vezes acontece que se espalha o erro da pessoa aos quatro ventos… Esta atitude não é cristã! É necessário rezar, pedindo as luzes do Espírito Santo para saber quando se deve calar… quando se deve falar… e como falar…

    Caso o irmão não queira ouvir, Jesus ensina que se deve pedir a ajuda de outras pessoas, que tenham sensibilidade cristã e sabedoria…

    Não se trata de condenar, mas de fazer a correção fraterna para que se restabeleça o amor (cf. Mt. 18,15-20). O grande critério é o amor mútuo (Rm 13,8-10) para que a comunhão se restabeleça.

    Se essa tentativa também falhar, levar o assunto à Igreja (Comunidade) para recordar à pessoa que errou as exigências do caminho cristão. Como se percebe, recomenda-se que fique tudo em casa…

    O importante é colocar-se de acordo no bem. Deve sobressair o amor fraterno, o ágape, pois, “não fiqueis devendo nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o próximo está cumprindo a Lei” (Rm 13,8). Isto vale também para a correção individual entre irmãos… Santo Agostinho aplicou exatamente à correção fraterna as palavras de São Paulo sobre a caridade: “Ama e faze o que queres. Seja que cales, cala por amor, seja que fales, fala por amor; seja que corrijas, corrige por amor; seja que perdoes, perdoa por amor. Esteja em ti a raiz do amor, porque desta raiz não pode nascer outra coisa a não ser o bem”.

    A correção, quando é evangélica, é talvez a manifestação mais genuína do amor fraterno. Ela exclui qualquer desejo de vingança ou ostentação pessoal e é movida unicamente pelo desejo do bem do outro. “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo!” Esta primeira palavra se refere ao âmbito privado, à correção como deve acontecer nas relações interpessoais. A regra de Jesus vale, por isso, também na vida familiar, entre amigos, no ambiente onde passamos nossa vida cotidiana. Se teu irmão pecar contra ti […] pode significar também: se teu marido, se teu filho, se teu cunhado e se teu patrão erram. Dir-se-ia que finalmente nos deparamos com um mandamento do Evangelho fácil e agradável. O que existe de mais natural do que perceber as culpas dos outros? Ao invés, se trata de uma das coisas mais difíceis e isto explica por que seja tão rara nos relacionamentos humanos a verdadeira correção fraterna. Jesus não encoraja a caça aos defeitos alheios, a maledicência ou aquela propensão tão frequente de tornar públicos os defeitos do próximo, embora fingindo estar talvez hipocritamente tristes pelo mal que produzem contra a virtude.

    É importante observar o valor da oração em comunidade, em família.

    “Se dois estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos Céus. Pois, onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles”(Mt. 18,19-20).

    A Igreja viveu desde sempre a prática da oração em comum (cf. At. 12,5). De modo particular, é muito agradável ao Senhor a oração que a família faz em comum!

    “A oração familiar, ensina São João Paulo II, tem como conteúdo original a própria vida de família: alegrias e dores, esperanças e tristezas, nascimento e festas de anos, aniversário de casamento dos pais, partidas, ausências e regressos, escolhas importantes e decisivas, a morte de pessoas queridas, etc., assinalam a intervenção do amor de Deus na história da família, assim como devem marcar o momento favorável para a ação de graças, para a súplica, para o abandono confiante da família ao Pai comum que está nos Céus. A dignidade e a responsabilidade da família cristã, como Igreja doméstica, só podem ser vividas com a ajuda incessante de Deus, que será concedida, sem falta, a todos os que a implorarem com humildade e confiança na oração.” (Exortação Apostólica Familiaris Consortio, 59).

    A oração em comum comunica uma particular fortaleza a toda a família, pois fomenta o sentido sobrenatural, que permite compreender o que acontece ao nosso redor e no seio do lar, e nos ensina a ver que nada é alheio aos planos de Deus: Ele se mostra sempre como um Pai que nos diz que a família é mais sua do que nossa!

    “Onde há caridade e amor, ali está Deus”. Quando nós, cristãos, nos reunimos para orar, Cristo encontra-se entre nós. Ele escuta com prazer essa oração alicerçada na unidade. Assim faziam também os Apóstolos: ”Perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, a mãe de Jesus, e os irmãos dele”(At 1,14). Era a nova família de Cristo.

    Em família, no mês da Bíblia e sempre, intensificar a leitura orante da Bíblia.

    Outra fórmula de oração, que é um belo ato de piedade e de oração familiar, por excelência, é o terço. Ensina São João Paulo II: ”A família cristã encontra-se e consolida a sua identidade na oração. Esforçai-vos por dispor todos os dias de um tempo para dedicá-lo juntos a falar com o Senhor e a escutar a sua voz. Que bonito quando numa família se reza, ao anoitecer, nem que seja uma só parte do Rosário! Uma família que reza unida permanece unida, uma família que ora é uma família que se salva.

    A Igreja quis conceder inúmeras graças e indulgências aos que rezam o terço em família. Esforcemo – nos por fomentar esta oração tão grata ao Senhor e à sua Santíssima Mãe, e que é, no dizer de São João XXlll, “uma grande oração pública e universal em face das necessidades ordinárias da Igreja santa, das nações e do mundo inteiro”.  É um bom ponto de apoio para a unidade familiar e a melhor ajuda para enfrentar as necessidades de toda a família.

    Comportai-vos de tal maneira que as vossas casas sejam lugares de fé cristã e de virtude, mediante a oração em comum”.

    “Estarei no meio deles”, diz Jesus. Tratando-se da correção fraterna através dos meios indicados por Jesus, quando a mesma não for possível, ainda poderá ser possível pela Oração, feita em comum, em nome de Jesus.

    Peçamos a Deus para que nos ensine esta difícil forma de amor que sabe corrigir sem desencorajar e lutar sem ofender.

     

    Homilia do Mons. José Maria

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