• Combatendo o racismo através da educação

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 04/06/2020 10:00

    Em tempos de pandemia a escola, sem sombra de dúvidas, mostrou as famílias sua importância e valor. Muitos pais perceberam que ensinar não é uma tarefa simples e muitos alunos perceberam o quanto a interação diária faz falta; sem falar dos professores que em sua maioria estão em um desdobramento inimaginável para garantir as aulas à distância. Em meio a tudo isso, ocorre ainda, uma discussão de extrema importância nas últimas semanas, que é o combate ao racismo. Antes da pandemia, uma série de medidas poderiam ser adotadas de forma lúdica e prática pelas escolas (e certamente voltarão), no entanto, mesmo diante das aulas em EAD a discussão não pode se perder. Devemos lembrar que não existe uma única forma de manifestação do racismo, tampouco de combatê-lo. 

    Abordar temas atuais com crianças e adolescentes e de extrema importância, afinal é preciso ter consciência de que a informação nos tempos atuais é fluida, ou seja, uma hora ou outra eles saberão o que se passa; seja pelos telejornais, pela internet ou até mesmo pelas conversas paralelas. As notícias geram curiosidade, portanto é nosso papel garantir que elas cheguem ao público infantil e infanto-juvenil da maneira correta, ou seja, com base em um diálogo aberto e adequado.

    É comum que em novembro, mês em que se comemora o dia da consciência negra, as escolas se inclinem a referências e abordagens acerca do assunto, com murais, pesquisas, apresentações. Para os pequenos, uma excelente forma de abordar o tema é apresentar personagens negros nas históricas contadas. Ainda é surpreendente o espanto das crianças quando o príncipe não tem olhos azuis e nem a pele branca. Isso me leva a pensar no menino negro, que também não se identifica com o príncipe das narrativas, sem falar das personagens femininas que nos últimos anos encontraram um pequeno espaço nos enredos, mas ainda é pequeno. Precisamos observar para mudar.

    Outra alternativa é abordar o tema através de filmes, respeitando a classificação indicativa e avaliando o poder de percepção da criança. Uma recomendação é o filme O Triunfo, que trata da hostilização contra alunos negros e das ações de um professor para mudar o quadro de racismo.

    Importante destacar, também, a valorização da cultura africana. Nas escolas o ensino de cultura e história africana é obrigatório, porém ainda é um espaço de luta garantir que ele seja implementado no espaço que merece, não só na sala de aula, mas também nos espaços da administração, da merenda, da limpeza, segurança. Precisamos revelar aos alunos uma percepção de que o cabelo, a cor da pele, não é uma caracterização negativa, para assim, inclusive, aumentar a autoestima e autoconfiança. Precisamos corrigir os erros das gerações passadas, que escreviam letras de música pejorativas e extremamente preconceituosas, mesmo que para alguns ainda pareça “só uma letra de música”, compreende-se seus efeitos na construção do ser de tantos que passaram por elas, repetindo que “é só uma letra”, mas não é.

    Educar para conviver com as diferenças e com respeito é um desafio. Por isso é importante mostrar como o racismo transforma diferença em desigualdade, para isso é preciso compreender as origens do preconceito, explorar o tema, explicar, sanar as dúvidas. Educar é acreditar que o futuro, certamente, será melhor e mais consciente. É acreditar em gerações melhores, em dias melhores e em pessoas melhores.

    Últimas