• Com Parceria Pública Privada, projeto de Centro de Convenções pode sair do papel

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  • 05/06/2016 07:00

    A criação de um centro de convenções em Petrópolis tem sido discutida por diferentes grupos da sociedade. Isso porque foi identificada a necessidade de um espaço que atenda a eventos de grande porte. Atualmente, a cidade conta apenas com pequenos locais que conseguem reunir até 300 pessoas. A maior parte desses espaços são oferecidos pelos próprios hotéis para pequenos eventos como workshops. A situação ficou mais evidente nos últimos anos, depois que o Palácio Quitandinha passou a apresentar restrições para a realização de eventos. O Sesc afirma que a nova conceituação do hotel não inclui o aluguel do espaço. Para os empresários do setor hoteleiro, os eventos são essenciais para movimentar a economia da cidade e desenvolver o turismo em Petrópolis. Eles alegam ainda que é preciso trazer visitantes durante os dias de semana, uma vez que apenas a diária de um dia – sábado para domingo, não supre os gastos com a infraestrutura dos hotéis durante os outros 6 dias. 

    A fim de suprir essa necessidade a prefeitura já viabilizou um projeto que sugere a criação de um centro de convenções no Parque de Exposição, em Itaipava. O prefeito Rubens Bomtempo defende uma Parceria Público Privada (PPP) para que a iniciativa tenha prosseguimento.  Recentemente a situação ganhou ainda mais destaque depois que a prefeitura de Petrópolis precisou intervir para garantir a realização do encontro da Harley Davidson – National H.O.G Rally -que reuniu em abril mais de mil pessoas na cidade. Na época, Evany Noel, diretora de turismo da Fundação de Cultura e Turismo de Petrópolis (FCTP), explicou que a organização do Rally escolheu Petrópolis entre outras 9 cidades para sediar o encontro e enfrentou dificuldades para conseguir um espaço que atendesse as necessidades do evento. 

    “Não podíamos perder um encontro desse porte que atraiu mais de mil pessoas para a cidade com capacidade de retorno e potencial de consumo. Por este motivo, ajudamos a viabilizar”, disse. Segundo a diretora de turismo, será muito importante para Petrópolis que exista um local com capacidade para comportar grandes grupos de pessoas. “Temos perdido eventos corporativos por causa dessa deficiência da cidade. O Quitandinha é que atendia a essa demanda”, comentou, destacando que um centro de convenções poderia gerar oportunidades de negócios para toda a cadeira produtiva, como rede hoteleira, comércio, gastronomia, entre outros. 

    A ideia inicial da prefeitura já foi apresentada ao Conselho Municipal de Turismo (Comtur). Para o prefeito Rubens Bomtempo a melhor forma de tirar o projeto do papel é por meio de PPP, conforme previsto em lei municipal criada no fim de 2015. “A lei criou mecanismos que permitem planejamento de longo prazo para a cidade, ampliando as possibilidades de atração de empresas e geração de empregos. A ideia é aproximar poder público e iniciativa privada, abrindo caminho para a concretização de ações e projetos com recursos privados”, lembrou.

    Em abril, a Tribuna chegou a publicar uma matéria falando sobre a carência de um espaço com essas características na cidade. Na ocasião, a comissão de formatura da Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), comentou que as formaturas do curso, por exemplo, que aconteceram durante anos no Palácio Quitandinha, foram transferidas para Juiz de Fora. Desde que o Sesc assumiu o hotel, proibindo as festas, eles tentaram ainda fazer no Parque Municipal de Itaipava, mas concluíram que o local não tinha infraestrutura para atender o evento. Há quatro anos, as comemorações acontecem na Expo Minas, espaço em Juiz de Fora, que foi muito elogiado pela comissão. 

    Por conta disso, a Tribuna tentou contato com a prefeitura de Juiz de Fora a fim de identificar os benefícios gerados para a cidade por conta desse espaço, mas não conseguiu retorno da assessoria de imprensa da Secretaria de Turismo. A equipe de reportagem também procurou a Expo Minas, mas não obteve sucesso para conseguir dados como número de eventos realizados mensalmente. 

    Com centro de convenções em Petrópolis será possível diminuir sazonalidade no município

    A rede hoteleira de Petrópolis conta, atualmente, com 60 pousadas, 29 hotéis, três resorts de montanha, cinco spas e 7 hostels. Juntos, têm capacidade para acomodar cerca de 5.500 pessoas. Porém, os empresários do ramo estão sofrendo com o problema de sazonalidade, ou seja, maior movimento apenas na alta temporada, de inverno. Durante o verão, a demanda cai. Além disso, mesmo no inverno, os hoteleiros só registram bons índices de ocupação nos fins de semana. 

    Camila Thees, presidente do Petrópolis Convention & Visitors Bureau (PCVB), comentou que esse assunto foi muito discutido durante os três meses do Programa do Sebrae, Lidera Turismo, que tem como principal objetivo fomentar o setor na cidade. Na ocasião, foi sugerido promover, por exemplo, o desenvolvimento do turismo para a terceira idade. 

    Quem reforçou a ideia da necessidade de promover a ocupação nos dias de semana, foi o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares, Germano Valente, que também é presidente do Comtur. Ele disse que em Itaipava, por exemplo, a procura nos hotéis é basicamente para uma diária, que corresponde ao sábado. Isso acontece mesmo durante a alta temporada. “Por causa da insegurança na rodovia BR-040, muitos turistas evitam viajar na sexta a noite e acabam vindo somente no sábado de manhã. Somado a ausência de movimento durante a semana, os hoteleiros acabam tendo que arcar com os custos de manter toda a estrutura com os recursos de apenas uma diária”, relatou. 

    Também foi discutido durante o programa do Sebrae a ideia de movimentar o turismo de negócios que traz visitantes para a cidade durante os dias de semana. Para Germano a situação é preocupante, porque mesmo durante a Bauernfest, maior evento da cidade hoje, há procura apenas para os fins de semana. “O hoteleiro tem um custo fixo para se manter, tendo hóspede ou não. Ele precisa pagar os funcionários, conta de luz, água, aluguel”. Uma das alternativas que os empresários estão adotando é de oferecer pacotes com descontos para atrair visitantes para duas diárias – sexta a domingo. Porém, tanto o PCVB, quanto o Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes, acreditam que, um centro de convenções poderia contribuir para atrair ainda mais pessoas para a cidade, porque seria possível abrigar congressos, simpósios, entre outros. 

    Germano pontua ainda que a realização de eventos em Petrópolis é muito importante porque contribui para movimentar todos os setores da economia. Um exemplo recente comemorado pelo setor foi o feriado prolongado de Corpus Christi. Segundo a FCTP, a média de ocupação nos hotéis da cidade entre quinta e domingo foi de 96,02%, sendo que muitos empresários chegaram a registrar 100%. Eventos como Jogos Jurídicos Estaduais, que atraiu cerca de 5 mil estudantes para a cidade ajudaram a movimentar a economia. “Quanto mais eventos o município sediar, mais desenvolvimento vai gerar para diferentes áreas. Não podemos esquecer que todo visitante quer viver uma experiência e é isso que precisamos oferecer”, finalizou. 

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