• Clínicas já aplicam a vacina contra dengue, mas o preço é alto: R$ 280

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  • 09/09/2016 10:48

    A vacina contra a dengue já está disponível nas clínicas petropolitanas desde junho, após sua aprovação. A necessidade de encontrar um antídoto para imunizar a população contra a doença é consequência do aumento dos casos no país. Ministrada em três doses com intervalo de seis meses, a vacina oferece proteção crescente desde a primeira aplicação. Nas clínicas da cidade, cada dose custa em torno de R$ 280. A indicação é para pessoas com idades de 9 a 45 anos. 

    Segundo informações de uma das clínicas localizada no Centro Histórico, a procura é grande e antes mesmo de chegar as pessoas já estavam buscando por informações para imunização. O público não é específico, ou seja, diversas faixas etárias da população estão recebendo a vacina. Quanto ao valor das dosagens, foi esclarecido que não está tendo rejeição. 

    Para especialistas, a imunização deve ser feita neste período do inverno. “O Brasil é um país tropical e a proliferação acontece o ano todo. Ainda assim, há diferenças, pois o índice é maior no verão. Por isso, é importante que haja imunização agora. O esquema é o mesmo que o da vacinação contra a gripe que, anualmente, é no outono”, explicou o Professor Paulo Cesar Guimarães, pediatra e infectologista, Diretor da Faculdade de Medicina de Petrópolis (Fase) e Membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro.

    O infectologista ressaltou que a vacinação é contra os quatro sorotipos da dengue. “É uma vacina extremamente válida, mas sua imunização é apenas contra a dengue e não pode ser confundida com outras doenças que têm o mesmo transmissor, como o Zika Vírus e a Febre Chicungunya. Esses são vírus completamente diferentes”, frisa.

    O médico, que ainda destacou que apesar de serem três doses com um intervalo grande, na primeira já há imunidade. “Os cuidados devem ser tomados antes. Há muitos anos falo sobre a importância dessa vacina e sempre estimulo a imunização, pois, além de ser preventiva, é terapêutica. É muito melhor prevenir do que tratar. Vale ressaltar que a dengue é uma doença que pode matar”, diz. 

    Segundo o laboratório responsável pela distribuição, ainda não há previsão de chegada da vacina na rede pública. Até o momento, as únicas redes públicas que estão fazendo campanha com a vacina são as dos 30 municípios paranaenses mais atingidos pela doença. 


    Sobre a vacina 

    Desenvolvida pela Sanofi Pasteur, a vacina é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Sociedade Brasileira de Imunologia para áreas em que há endemia. Os dados do Boletim Epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro informam que, entre janeiro e julho deste ano, os casos em Petrópolis cresceram 270% em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2015 houve o aumento da incidência de 71 para 263 casos para cada 100 mil habitantes.

    A imunização tem o objetivo de reduzir a possibilidade de contração em 93% dos casos de maior gravidade, que exigem hospitalização. Sua eficácia sobe para 82% em casos de pessoas que já tiveram a doença, que são justamente as mais suscetíveis de se tornarem casos graves. 

    A vacina se tornou parte da estratégia recomendada pela OMS para atingir a meta de reduzir pela metade as mortes por dengue e, em 25%, os casos da doença nos países onde é endêmica. Fruto de duas décadas de pesquisas e de estudos clínicos em 15 países, a vacina já obteve registro em cinco desses (Brasil, México, Filipinas, El Salvador e Costa Rica), estando em análise em diversos outros.

    O Brasil é um dos países mais atingidos pela dengue: enfrenta epidemias desde 1986, tendo vivido o ápice da doença em 2015, com 1,6 milhão de casos. Este ano, até 9 de julho de 2016 foram registrados 1,4 milhão de casos no país, sendo 639 casos graves e mais de 400 óbitos. Na capital carioca, os casos da doença cresceram 70% e quadruplicaram na região metropolitana. No global do Estado, os novos casos cresceram 28%, passando de 74.669 notificações entre janeiro e julho para 58.062 em igual período de 2015. 


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