Clima ainda é de tensão no Alto Independência

A Polícia Militar continua ocupando a região do Cantão, no bairro Alto Independência, desde a tarde de quinta-feira. Policiais circulam com carros, moto ou em duplas a pé pelas ruas da localidade para garantir a segurança dos moradores, depois das trocas de tiro constantes entre duas grandes facções criminosas do Rio de Janeiro – Comando Vermelho e Terceiro Comando Puro. 

Apesar do policiamento ostensivo o clima no bairro ainda é tenso. Em meio ao cenário de suspense e medo as equipes do 26º Batalhão de Polícia Militar do Quitandinha, direcionadas para o trabalho de pacificação, prometem não deixar o local enquanto a situação não se normalizar. Enquanto isso os moradores tentam aos poucos retomar a rotina. “A gente que mora aqui em cima não tá acostumado com esse tipo de coisa. Apesar de saber que nossa comunidade é conhecida pelo tráfico de drogas, nós nunca tínhamos passado por uma situação como esta”, disse um morador, que preferiu não se identificar.

De um lado estão os criminosos de uma facção e do outro estão os bandidos rivais. No meio da zona considerada de risco, estão os policiais para garantir a segurança dos moradores, que em grande parte do dia decidiram não sair de casa. 

Desde a tarde de quinta-feira, quando os alunos foram dispensados, o Centro de Educação Infantil Romano Canavense não abre as portas. Segundo funcionários da unidade, a creche só reabrirá quando a situação for normalizada. 

Nas paredes das casas e no chão das calçadas estão os estilhaços de pólvora e até de granadas. Uma casa teve a parede rachada e outras estão com marcas de balas. “Nós estamos felizes em saber que a Polícia está aqui em cima, mas o nosso medo é que, quando eles forem embora a situação volte se descontrolar. Foram muitos tiros, muitos estouros e nós que não temos nada a ver com essa briga estamos pagando o pato. Não queremos isso aqui. A Polícia precisa expulsar esses bandidos de uma vez por todas. Tem que impor o respeito para que a gente possa voltar à nossa rotina normal. Já temos muitos problemas, temos a saúde pra cuidar, o trabalho pra fazer, os filhos pra criar, vários problemas no dia a dia e ainda temos que conviver com essa situação porque 'vagabundos' estão à solta por aí? Isso vai acabar!”, desabafou um morador.

Segundo o comando do 26º Batalhão, não há mais necessidade de alarde, ao menos por enquanto. “A Polícia Militar está ocupando o bairro desde as 16h de quinta-feira. A creche resolveu não abrir por conta deles, por não verem necessidade de funcionamento. Mas estamos mantendo nossas guarnições no local e o batalhão está mobilizado para garantir a segurança na região”, explicou Comandante da PM, Eduardo Vaz Castelano.