• Casas interditadas são alvos de ladrões na Br-040

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  • 07/02/2018 08:50

    Três meses após a abertura de uma cratera às margens da BR-040, na altura do quilômetro 81, na Comunidade do Contorno, as famílias obrigadas a deixar suas casas ainda convivem com a incerteza. Sem previsão de retorno aos imóveis, elas relatam ocorrências de furtos na área interditada e dizem que não há nenhum tipo de controle sobre quem entra ou sai da região. 

    A Concer – concessionária que administra a rodovia – instalou tapumes no local onde a cratera, que engoliu uma casa, surgiu. No entanto, o acesso às moradias pode ser feito por uma servidão, onde apenas uma faixa de interdição foi colocada pela Defesa Civil. Desde o fim do ano passado, os moradores também deixaram de contar com o apoio 24 horas da Polícia Militar

    “Três meses depois do desabamento, o que sentimos ainda é muita insegurança e abandono. Ainda há muitas perguntas sem respostas. Hoje o local onde nascemos e criamos os nosso filhos e netos está abandonado. Não sabemos o que estão fazendo no local e, principalmente, não sabemos o que vão fazer da área e nem qual será o nosso futuro”, disse a moradora Angélica Domingas.

    Segundo Angélica, na última reunião realizada com moradores, no fim de semana, houve vários relatos de furtos. A comunidade também condenaram a atitude da Prefeitura, que denunciar a Concer à Polícia Federal (PF) e, assim, proibiu que os moradores entrassem nas casas para buscar os pertences. 

    “Como não há mais segurança na região, os moradores estão com medo que levem tudo. Funcionários da Concer estavam indo com os moradores em casa, tendo um controle de quem saía e entrava, a que horas chegava e quanto tempo ficava no local. Agora, depois dessa denúncia da Prefeitura, não há mais esse controle”, disse a moradora.

    A falta de segurança no local será pauta de encontro entre moradores e representantes do Ministério Público Federal (MPF), que deverá acontecer ainda este mês. “Pedimos audiência com o procurador para que intervenha junto à Prefeitura. Queremos entrar nas casas, pegar as nossas coisas e evitar os furtos. Além disso, precisamos também buscar livros e móveis na escola. As aulas já começaram e agora não temos mais acesso”, lamentou Paulo Proença, morador e membro da Associação de Pais e Professores do Contorno.

    A cratera de cerca de 70 metros de profundidade que se abriu na manhã do dia 7 de novembro de 2017 levou a Defesa Civil de Petrópolis a interditar 50 casas da região conhecida como Vale da Escola, a Escola Municipal Leonardo Boff (onde estudam 78 crianças) e um trecho da rodovia BR-040. O buraco foi coberto pela Concer, que ainda realiza estudos na área, mas não deu um prazo de quando será concluído o laudo final sobre as causas do desabamento e nem informou quais serão as intervenções para garantir a segurança na região.

    Laudos preliminares divulgados em dezembro do ano passado apontaram ruptura no interior do túnel que faz parte do projeto da nova pista de subida da serra. O túnel passava bem abaixo do local onde houve o desmoronamento. Tudo indica que o abandono das obras da nova subida da serra – os trabalhos foram paralisados em julho de 2016 – foi a causa da abertura da cratera. A própria Concer admitiu que desde novembro do mesmo ano, deixou de monitorar a região onde as escavações aconteceram.

    Em nota, a Defesa Civil informou que não estabeleceu um prazo para a liberação da área interditada e que a desinterdição será possível somente após a realização de intervenções estruturais no interior túnel. Em relação à segurança na região, Prefeitura e Concer empurram um sobre o outro a responsabilidade pelo serviço. A concessionária alega que não tem atribuição de prover a segurança pública no local e que cabe a Defesa Civil o acesso aos moradores a área interditada. 

    Já a Defesa Civil diz que “a responsabilidade pela segurança na área é da Concer, uma vez que todo ocorrido no local é decorrente da cratera que se abriu na área onde houve escavações para a construção do túnel”.

    A Prefeitura informou que irá oficiar a concessionária, exigindo que adote as providências para garantir a preservação dos bens dos moradores cujos imóveis estão interditados. O município acrescentou que comunicará o caso à Agência Nacional de Transportes Terrestres, à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para que adotem as medidas cabíveis.

    A Concer, também em nota, esclareceu que continua fazendo as análises na região. A empresa ressaltou ainda que mantém a assistência às famílias da comunidade (com o pagamento dos auxílios moradias, distribuição de cestas básicas e aluguel do novo prédio da escola), cumprindo o que estabeleceu o termo de ajustamento de conduta, bem como um posto de atendimento.

    A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) também não informou quando a rodovia estará liberada para o tráfego. Em nota ressaltou que em conjunto com a Concer e outros órgãos da administração pública, está trabalhando para sanar o problema na BR-040, para que, no menor tempo, a rodovia volte à sua normalidade, com toda a segurança e fluidez necessárias.

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