• Candidaturas coletivas e a nova forma de fazer política

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  • 19/11/2020 10:46

    Pela primeira vez Petrópolis teve uma candidatura coletiva para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal. A Coletiva Feminista Popular – formada por quatro mulheres do PSOL – surpreendeu nas ruas e nas urnas, conseguindo 2.561 votos. Apesar da votação expressiva (elas conseguiram mais votos que alguns candidatos ao cargo de prefeito) elas não conseguiram se eleger, mas estão na primeira suplência do partido.

    “Não nos elegemos, mas conseguimos fazer com que as pessoas passassem a pensar e a falar em política. Muitos nos perguntaram como conseguimos mais votos que alguns vereadores e não nos elegemos, porque as pessoas não sabem o que é coeficiente eleitoral, algumas não sabem como funciona o processo eleitoral. Isso é bom, porque está fazendo as pessoas conhecerem e se interessarem em como tudo funciona”, disse Júlia Casamasso, de 32 anos, professora de Filosofia.

    Além de Júlia, formam a Coletiva Feminista Popular: Maiara Barbosa, de 32 anos, advogada; Cris Moura, de 58 anos, aposentada, e Thaís Paiva, de 25 anos, artista educadora. Juntas, elas querem mostrar a nova forma de fazer política no país, com construção popular e coletividade. “As candidaturas coletivas querem mostrar que a construção das políticas públicas tem que ser em conjunto. Ninguém toma as decisões sozinha, tudo é em conjunto. O processo político tem que ser coletivo”, pontuou Maiara.

    No Brasil, as candidaturas coletivas e compartilhadas se multiplicaram nos últimos quatro anos, de acordo com um levantamento do Centro de Política e Economia do Setor Público (Cepesp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O número passou de 13 registros em 2016 para 257 nas eleições deste ano. O modelo ainda é novo e não é previsto em lei, por isso apenas um dos nomes da candidatura coletiva aparece nas urnas. 

    “Só um nome estava nas urnas, mas nas ruas nós mostramos para as pessoas que lá dentro estaríamos nós quatro, trabalhando juntas e decidindo junto com a população. É uma forma nova de fazer política e que foi recebido de uma forma positiva pelas pessoas. Chamamos a atenção sobre o que a construção coletiva, porque a Casa Legislativa é do povo e não dos vereadores”, disse Cris Moura. 

    Para elas, as pautas que foram levadas paras as ruas durante a campanha eleitoral foi o que levou ao “sucesso” nas urnas. “Falamos não apenas de pautas para as mulheres, mas para toda a população, como a redução do preço da passagem, por exemplo. Apresentamos pautas sociais e que encantaram as pessoas”, comentou  Thaís Paiva. “Todos que trabalharam na campanha foram voluntários. Foram pessoas que abraçaram a nossa causa e acreditaram nas nossas pautas”, acrescentou a artista educadora.

    A Coletiva Feminista Popular teve a quinta maior votação na disputa por uma vaga para a Câmara de Vereadores. Nenhuma das integrantes tinha concorrido a cargos públicos e elas garantem que a luta não parou. “Temos um compromisso e responsabilidade com cada um dos votos que recebemos. Vamos continuar ouvindo a população e ouvir dessas pessoas quais serão os nossos próximos passos. A construção é popular”, ressaltou Thaís.

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