• Canal de TV faz documentário sobre a história do voo livre em Petrópolis

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  • 31/10/2016 11:55

    Um dos cartões-postais de Petrópolis é a pista de voo livre do Siméria. O esporte ganhou recentemente um documentário do Canal OFF, especializado em esportes radicais, que realizou um trabalho de redescoberta da modalidade que está aos poucos voltando a ser pauta na vida dos petropolitanos. O voo livre de asa-delta, premiado com um capítulo na série a História da modalidade no Off, mostra muitos detalhes até então desconhecidos da população petropolitana. Por exemplo, foi exibida uma entrevista com o primeiro voador de Petrópolis, Cláudio Leal, que começou ainda muito jovem, no ano de 1977, após fazer um curso no Rio, logo assim que o esporte surgiu no Brasil.

     O instrutor de Cláudio, Luiz Cláudio Mattos, foi o pioneiro do esporte no Brasil. Depois disso, então no mesmo ano, Cláudio trouxe o esporte e muitos pilotos para Petrópolis, descobrindo um morro que hoje chamamos de Parque São Vicente, no Quitandinha. Ali começaram a praticar a modalidade com muita ousadia, pois na época as asas tinham muito pouca performance e o pouso dos pilotos era distante. Muitos, inclusive, ficavam pelo caminho, muitas vezes nas copas das árvores.

    Vários pilotos do Rio de Janeiro, com a novidade do esporte em Petrópolis, começaram a subir a serra e o voo foi se difundindo e novos adeptos foram aparecendo. Foi o caso de Fábio Donato D´Ângelo e logo depois Fernando Morelli, Marcilio Zillig e Marco Antônio Damico. Já Morelli acabou ganhando relevância à medida que ajudou muito a estruturar as rampas do Parque São Vicente. Na ocasião, ele colocou tratores e contribuiu para a limpeza do local e arredores, proporcionando o espaço que hoje é conhecido em todo o país. Essa foi a primeira parte do documentário. 

    Logo em seguida, em 1982, foi promovido o primeiro Campeonato Estadual. E a festa foi grande, com a presença de vá- rios pilotos do Rio, como Paulo Platino, Beto Dourado, Carlos Niemeyer, Haroldo Castro Neves, Octávio Fiães e outros mais que já frequentavam a rampa do São Vicente. A rampa estava lotada. Daí para frente, o esporte foi crescendo muito rápido e em pouco tempo as rampas estavam cheias de pilotos petropolitanos. Isso contribuiu para a exposição da modalidade como um cartão postal do município, mundialmente conhecida como a Cidade Imperial. Alguns anos depois, foi descoberta a segunda rampa nova, no bairro Siméria, que serviu como uma virada para um outro vale, com vista para a Baía de Guanabara. Com mutirões de voadores, o espaço ganhou um bom acabamento, tornando-se mais um point de voo livre e onde começaram a ter muitos campeonatos locais.

    A terceira rampa de Petrópolis e que ganhou igual destaque no documentário do Off é a rampa da Torre do Morin, com o maior desnível do estado do Rio e uma das mais altas do Brasil, com 1.430 metros acima do nível do mar. Para os pilotos, é uma ótima rampa, porém já tem um voo mais técnico que precisa de uma boa avaliação das condições locais de vento. Sendo assim, novas gera- ções foram surgindo e hoje existem vários pilotos de alto nível. Um deles é Geraldo Magela da Silva, o Lalado, apontado como o maior expoente do esporte em Petrópolis de todos os tempos, participando de competições pelo país afora. Entre os títulos importantes está o campeão brasileiro em 2004 e sendo o maior vencedor petropolitano de todos os tempos.


    Primeira disputa no Brasil foi em 1975

    Em novembro de 1975, o número de pilotos já era mais de uma dezena e resolveram então realizar o campeonato Brasileiro de Voo Livre. Após o primeiro campeonato e por conta do crescente número de adeptos, em Dezembro de 76 foi fundada a Associação Brasileira de Voo Livre (ABVL) com o intuito inicial de controlar o acesso à rampa da Pedra Bonita, que acabou sendo definitivamente cedida aos pilotos e utilizada até hoje. Em 2001, a rampa foi reformada e recebeu o nome de rampa Maurício Klabin.

    De lá para cá muitas conquistas foram alcançadas por nossos atletas. Uma das mais importantes foi o título de campeão mundial de asa-delta conquistado por Pepê, o eterno menino do Rio, no Japão em 1981. Pedro Paulo Guise Carneiro Lopes era um exímio esportista. Além deste título, Pepê conquistou o sexto lugar no Pipe Masters no Havaí e campeão carioca de hipismo. O atleta faleceu em 1991 também no Japão, onde tentava o bicampeonato de asa-delta, quando sofreu um acidente fatal.

    O primeiro Campeonato Brasileiro de Parapente foi realizado em 1989 na rampa da Serra do Vulcão, em Nova Iguaçu, Rio de Janeiro, e teve como campeão o piloto Bruno Menescal. Em 1991, o Brasil recebeu um Campeonato Mundial de asa-delta pela primeira vez. A cidade de Governador Valadares, em Minas Gerais, foi palco da conquista do campeão Suchanek Tomas, da Tchecoeslováquia, seguido pelos brasileiros Pepê, que conquistou o segundo lugar, e Coelho Paulo, que ficou em terceiro. Em 1999, nossa equipe de asa-delta sobe novamente ao lugar mais alto do pódio mundial, agora conquistando o título de Campeão Mundial por equipes na Itália, quando os brasileiros André Wolf e Pedro Matos conquistaram o segundo e terceiro lugares, respectivamente.

    Os brasileiros também foram pioneiros em uma grande façanha: pela primeira vez na história 3 pilotos quebraram o recorde mundial de distância voando juntos 461,8km partindo da cidade de Quixadá, no Ceará, em 2008. Kamira Pereira, em 2009, também conquistou o recorde mundial feminino de distância voando 324,7km partindo da mesma cidade. No dia 15 de outubro de 2013, o piloto Eduardo Fernandes, o Dudu DF, quebrou o recorde sul-americano de distância em asa-delta voando 576km a partir de Tacima, na Paraíba.


    Pilotos buscam resgate do esporte

    O Petrópolis Voo Clube está lutando, desde o ano passado, pela pista de pouso que é essencial para que a cidade volte a receber grandes eventos de voo livre. Porém, a batalha não tem sido fácil. São reuniões atrás de reuniões e os resultados têm sido pouco práticos.

    Só com a Concer – que possui um terreno considerado pelo PVC ideal para ser o pouso dos pilotos que saem a partir do Parque São Vicente – foram, pelo menos, cinco encontros sem resultados práticos. Até mesmo o candidato a prefeito, Bernardo Rossi, participou de duas reuniões e apoiou o pleito dos praticantes do esporte radical.

    Neste ano, o Open Petrópolis só foi possível graças à cessão de um terreno, em Xerém, sem maiores custos para os organizadores. Foi disputada uma etapa, que trouxe para cá dezenas de pilotos de asas-delta em uma competição bastante movimentada. A vitória ficou com Geraldo Magela, o Lalado.

    Para a segunda etapa, o PVC está aguardando as melhores condições do tempo. É certo que ela vai acontecer em novembro, período que, aliás, a Federação de Voo Livre do Rio sugeriu para que Petrópolis receba a quarta e última etapa do Campeonato Estadual.

    O objetivo do PVC é resgatar a importância do voo livre não apenas para a cidade, como também em todo o estado do Rio. Ao lado de Porciúncula, Niterói e Rio de Janeiro, Petrópolis é considerada uma das principais regiões para a prática da concorrida modalidade.

    O vice-presidente do PVC, Marco Antônio Damico, informou que o ano de 2017 poderá ser decisivo para as pretensões do município quanto à inserção do calendário nacional. Isto porque acredita que com a previsão do crescimento do país para os próximos anos com a eleição municipal, que acontece hoje, o interesse pelo voo livre deverá aumentar em muito.

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