• Cambuci e o poeta Oscar

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  • 11/03/2020 14:59

    Cambuci, município do estado do Rio de Janeiro, já nos brindou com um ilustre poeta e trovador, Farid Félix. 

    Agora acabo de receber a obra intitulada “Alma de poeta” da lavra do escritor, jornalista, cronista e político Oscar Baptista da Silva, nascido em São João Nepomuceno, MG, em 10 de outubro de 1873, tendo falecido em 29 de janeiro de 1951. 

    Por que teria deixado sua cidade natal para viver em Cambuci? 

    Na realidade, o que se constata é que com tenra idade viveu em companhia dos pais em São Fidelis e após acabou por residir definitivamente na terra em que veio a falecer. 

    A família de parcos recursos e numerosos irmãos, todavia, Oscar um leitor obstinado, embora não haja conseguido cursar nível superior. 

    Apreciava todo o gênero de leitura, revistas, jornais e livros, tendo abraçado a prosa e versos. 

    Oscar Baptista da Silva desempenhou, no curso da vida, inúmeras atividades profissionais mas acabou por se aposentar no ano de 1941 como serventuário de justiça da Comarca de Cambuci.

    Poeta parnasiano teve um de seus primeiros sonetos difundido no intitulado Almanaque de Lembranças de Portugal, “Alma de Poeta”. 

    A tal propósito, um fato que muitos talvez desconheçam e que deve ser esclarecido, vez que publicado o soneto em causa, integrante do citado Almanaque e posteriormente estampado na “…revista do Rio Grande do Sul, com as iniciais “OB” (Obra citada – apresentação)”, foi o bastante para ser criada uma celeuma atribuindo o soneto não como da autoria de Oscar e sim de Olavo Bilac; teria, assim, plagiado o grande autor de “Tarde” (1919). 

    Mas o mal entendido acabou sendo devidamente esclarecido pelo admirável professor, poeta e pensador Alceu Amoroso Lima – Tristão de Athayde” – através de artigo publicado no “Jornal do Brasil”, data de 3.6.1960, lastreado em pesquisa levada a termo por “… uma ex aluna – Maria José Tavares, licenciada em Letras Neolatinas pela Universidade Católica do Rio”. 

    A conclusão chegada nas palavras de Alceu, “… que o referido soneto é de autoria de Oscar Baptista da Silva, poeta bissexto, da pequena localidade de Cambuci, no Estado do Rio de Janeiro”. 

    Peça de rara beleza! O inspirado poeta, na verdade, rasgou e fez enxergar novos horizontes através da bela obra, que passo a transcrever: 

    Alma de Poeta 

    “Asas ao vento abertas, a gaivota / Parte, buscando a ausente companheira, / Roçando as plumas na azulada esteira / Pousa, distante, na deserta ilhota. 

    “Ali, dos mares na amplidão remota, / Oculto pela encosta da pedreira, / Tem ela o ninho, pendurado à beira / D’água, entre a relva que viçosa brota. 

    “Quando a procela, nos brutais arrancos, / Açoita, irada, do rochedo os flancos. / E os ventos uivam com fragor profundo. 

    “Ela, em seu ninho, sem temores, quieta, / É a vera imagem da alma do poeta / -Tranquila, em face das paixões do mundo”. 

    Vale, finalmente, deixar claro de acordo com o contido na obra em causa – Bardos e Plágios – que “… esse soneto, que Bilac disse que subscreveria com grande satisfação, é um trabalho realmente primoroso, como magníficos são muitos outros, divulgados por aí, de autoria de Oscar Baptista, que não teve a ventura de reuni-los em volume, como era de seu desejo, porque foi sempre, em toda a sua existência, um homem pobre, de mãos abertas, distribuindo entre os seus o pouco que conseguia com seu labor honrado”. 

    Oscar, realmente, Alma de Poeta!

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