• Calote do Estado na área de Saúde em Petrópolis chega a R$ 20 milhões

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  • 29/08/2016 08:40

    O calote do governo estadual na área de Saúde já atingiu o valor de R$ 20.457.063,37 milhões referentes ao não pagamento dos compromissos com a Rede de Atenção Básica, Farmácia Básica, leitos de UTI do Hospital Santa Teresa (HST), leitos clínicos no Sanatório Oswaldo Cruz, órteses e próteses para o HST e serviços de quimioterapia e radioterapia. Além disso, existe a dívida de R$ 13,6 milhões relativa à parte estadual no custeio das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), do Centro e Cascatinha, que passaram a ser administradas pelo município para que não fossem fechadas, como ocorreu em outros municípios.

    Os dados estão em relatório apresentado ao Conselho Municipal de Saúde pelo secretário de Saúde, Marcus Curvelo. Somente na área de oncologia, a dívida estadual é de R$ 2.201.765,37, referente a julho de 2015 a julho de 2016. O teto mensal é de R$ 407.534,95 mil, que deveria ser repassado para o município de Petrópolis. O secretário disse que se for preciso o município vai assumir o serviço, porém isso vai fazer com que a Prefeitura faça uma reestruturação dos serviços, adequando-os ao orçamento da Secretaria Municipal de Saúde para que os pacientes oncoló- gicos não sejam prejudicados. 

    Diante dessa situação e o caos estabelecido na saúde estadual, pois muitos municípios não estão recebendo o repasse do Governo do Estado, o prefeito Rubens Bomtempo manifestou sua indignação, lembrando que a Associação de Municípios do Estado do Rio de Janeiro já se manifestou sobre a dificuldade em receber o repasse do Estado para área de Saúde. “O que o Governo do Estado está fazendo é absurdo. Estão colocando vidas em risco, deixando de dar prioridade ao que é mais importante, a saúde das pessoas. Estamos indignados, mas não surpresos. Todos os dias as manchetes dos jornais mostram a realidade nos hospitais estaduais. É urgente que o Estado reveja suas prioridades e cumpra suas responsabilidades com aqueles que mais precisam”, afirmou o prefeito. 


    CTO e RadioSerra

    O diretor administrativo do Centro de Tratamento em Oncologia (CTO), Nelson Moreira, disse que mesmo com dificuldades, o CTO vem se dedicando e prestando todos os esforços no sentido de atender os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) da melhor forma, como faz ao longo de sua história de mais de 30 anos de atuação. “Atualmente, o CTO atende de 1.500 a dois mil pacientes por mês, sejam do SUS, particulares ou através do uso de planos de saúde. Esse número alterna de acordo com o tratamento e necessidade de cada indivíduo”. 

    Médico e um dos sócios do Centro Regional de Radioterapia (RadioSerra), Carlos Eduardo de Almeida disse que a regularidade de pagamento pelos serviços prestados permite um planejamento operacional e financeiro mais adequado, além de manter a autoestima elevada dos profissionais que dependem do pagamento mensal pelo atendimento atencioso e competente. “Assumimos compromissos com a aquisição do novo acelerador a ser pago em cinco anos e isso requer uma regularidade nos pagamentos para evitar que tenhamos que buscar empréstimos bancários para socorrer essa situação”, frisando que a falta de repasse prejudica os serviços.

    Com relação à possibilidade de interrupção do serviço, Carlos Eduardo disse que o atendimento está sendo realizado dentro da capacidade operacional sem interrupção, “pois entendemos que o câncer é uma doença que está crescendo todos os dias e não pode ficar sem tratamento. O não tratamento pode significar perda de chance de cura para o paciente”, frisando que existe a possibilidade da interrupção: “essa possibilidade existe, embora não desejamos pensar muito sobre ela, pois o prejuízo será maior para os pacientes de toda a Região Serrana, que não terão outro lugar no Estado para serem tratados”.


    Risco para os pacientes

    O motorista Claudio José da Silva está curado de um câncer nos testículos e ao tomar conhecimento que por falta de recursos o serviço de tratamento em oncologia pode ser interrompido ou ser reduzido manifestou sua indignação. “Não posso nem pensar nesta hipótese, pois a cura do câncer depende do tratamento, que pode ser breve ou longo, e interromper é condenar as pessoas”, comentou o motorista, que espera uma solução do problema sem prejuízo para os pacientes. Para ele, a notícia sobre a falta de verbas para o CTO e o RadioSerra é uma notícia chocante, “pois para quem precisa do tratamento, como vi quando estava sendo tratado, ele não pode parar. O CTO é referência para outras cidades e somos muito bem atendidos e cada paciente tem um tempo certo de tratamento”, disse.

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