• Brigadistas petropolitanos do Parnaso contam experiências durante combate a incêndio no Pantanal

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  • 23/09/2020 18:24

    Dois brigadistas petropolitanos – Diego Rodrigues Ludovico (36 anos) e Jobson Moura de Oliveira (49 anos) – do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), fizeram parte das equipes de combate aos incêndios florestais que ameaçam o Pantanal. Os voluntários se inscreveram no programa do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e ficaram 24 dias na região. A volta para casa aconteceu na manhã desta quarta-feira (23). Na bagagem, eles trouxeram não apenas as lembranças, mas também a vontade extrema de lutar pela vida e pela biodiversidade.

    “Somos uma das brigadas mais especializadas e respeitadas em todo território nacional, devido às missões bem prestadas até hoje, mas chegar àquelas regiões do Pantanal foi impactante e triste. Mas, acima de tudo, foi experiência única e incrível que nós levaremos pra vida toda. Não somos mais os mesmos que viemos pra cá. Houve amadurecimento, crescimento e conhecimento; além de muitas amizades e elogios por onde passamos”, disse o brigadista Diego Rodrigues, que desde 2014 atua no Parnaso.

    Os brigadistas Diego e Jobson permaneceram 24 dias na região. Foto: Divulgação

    A ideia de se inscreverem no programa de voluntariado partiu da oportunidade de ajudar outros brigadistas. “Fazemos o que amamos e estamos sempre presentes nas missões de combate e prevenção a incêndios florestais. Era a forma de auxiliar os outros brigadistas com a nossa experiência”, contou Diego. Os dois saíram de Teresópolis (uma das sedes do Parnaso – que conta ainda com a unidade de Petrópolis e Guapimirim) no dia 31 de agosto e chegaram no Pantanal no dia quatro deste mês.

    Antes de chegarem à região de Porto Jofre, no Pantanal, eles fizeram parada na localidade de Chapadão do Céu, em Góias, para a realização do velório de um brigadista que faleceu durante os combates aos incêndios. “No velório do Wellington, prestamos condolências e honrarias aos  famíliares e ficamos até o final, quando levamos seu caixão até o sepultamento. Esse foi o mais difícil pra gente, porque poderia ter sido um de nós”, lamenta o brigadista.

    Estação Ecológica da Serra das Araras. Foto: Divulgação

    Em Porto Jofre foi onde eles iniciaram os trabalhos. Conseguiram extinguir focos de incêndio e evitar novas queimadas na região. Os dois brigadistas petropolitanos também atuaram nas regiões de Estação Ecológica de Taimã (neste ponto foram três dias de combate às chamas) e Porto Estrela, onde fizeram toda a linha de defesa para que a unidade do Centro Ecológico da Serra das Araras não fosse atingida. “Havia um enorme incêndio e a operação era para impedir que o fogo chegasse a um setor chamado Furna do Café, um enclave de mata amazônica único em meio ao cerrado pantaneiro”, explicou Diego.

    Os translados para cada região – cerca de 600 km de distância entre elas – era feito por helicópteros, aviões e carros. “Todos esses dias, o que vimos foram muitos incêndios, pessoas tristes, animais queimados, fumaça em todo o Cuiabá e Pantanal. Vimos também pessoas desacreditadas, mas também a vontade de lutar pela vida e pela biodiversidade”, comentou o brigadista. A chegada em Teresópolis está prevista para acontecer no sábado (26). “Não sei se vai ter festa quando eu chegar, mas a saudade da nossa temperatura (lá estava fazendo 45°), dos meus familiares e da comida está grande”, brincou Diego.

    O Pantanal registra esse ano um recorde histórico de queimadas. Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), os incêndios florestais no Mato Grosso em 2020 são os maiores já registrados desde que o monitoramento começou a ser feito, em 1998. 

    Neste ano, foram identificados 15.756 focos de calor no Pantanal. Antes disso, o maior número tinha sido registrado em 2005, 12.536. O fogo teve início na região de Poconé e já são mais de 1.740.000 hectares queimados em Mato Grosso até o dia 13 deste mês. O Pantanal já registrou o maior número de focos de incêndio, desde então. Foram 5.603 queimadas até o dia 16.

    Dados do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos incêndios florestais do Ibama, mostram que a área queimada no Pantanal, em 2020, já passou de 2,3 milhões de hectares, sendo 1,2 milhão em Mato Grosso e mais de 1 milhão em Mato Grosso do Sul.

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