• Bons tempos

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  • 02/06/2016 11:55

    A rua Saldanha Marinho foi palco de boas recordações para todos aqueles que, como nós, ali residimos nas décadas de mil novecentos e cinquenta até mil novecentos e sessenta.

    Foram momentos inesquecíveis que vivemos com bons colegas que conosco frequentavam o mesmo colégio, sem falar nos amigos que aqui chegavam para, em companhia dos pais, desfrutar dos verões petropolitanos, diga-se de passagem, de boas lembranças.  

    As diversões preferidas eram as bicicletas e as “peladas” de futebol; os passeios tinham início na parte da manhã e só terminavam quando já anoitecia. Isso ocorria, naturalmente, no período das férias escolares, porém, nos sábados e domingos e dias de semana, quando o tempo assim o permitia e os trabalhos escolares já concluídos, as aventuras e as travessuras também aconteciam sempre num ambiente fraterno e sadio, por longas horas.

    Drogas, nenhum de nós sequer ouviu falar de tal assunto. Para esnobar as meninas, às vezes, um cigarrinho Hollywood, sem tragar. 

    As nossas recreações ficavam reservadas, em princípio, a passeios de bicicleta e ao futebol e, posteriormente, quando já completados dezoito anos, iniciaram-se as famosas festinhas ocasião em que aproveitávamos para uma troca de olhares com as moças residentes na vizinhança, tudo num clima de respeito até porque as donzelas estavam sempre acompanhadas por suas mães que a tudo assistiam e controlavam.

    Algum tempo depois já tínhamos aprendido a dirigir e a carteira de habilitação obtida em mil novecentos e sessenta e dois, eis que aprendemos assistindo nosso pai à direção.

    Aí, então, é que passamos a nos divertir ainda mais, já que deixamos de lado as bicicletas para nos dedicar aos carros das marcas DKW Vemag e VW, anos 60, os veículos da época.

    A rua do Imperador, então Av. Quinze de Novembro, tratava-se de uma via praticamente sem grande volume de veículos e, em razão disso, gastávamos gasolina em excesso através de voltas e mais voltas, justamente em companhia de colegas que também já vislumbravam namoradas as quais, às doze horas, deixavam as aulas do Colégio Santa Isabel.

    Quando não podíamos nos valer do carro, até porque a “mesada” era escassa, o ponto era a tradicional Casa D’Angelo, escolhido por todos para um pequeno flerte com os “brotinhos”.

    O tempo, entretanto, passou rapidamente e só lembranças restaram já que cada um de nós seguiu os próprios caminhos.

    Agora, já transcorridos cinquenta anos desses inesquecíveis momentos, os nossos olhos estão voltados para os netos, com a certeza, entretanto, que o mundo mudou.

    É pena, e nos perdoe os jovens, que não mudou para melhor até porque, ao tempo de rapaz, à meia noite, podíamos estacionar o velho Oldsmobile do ano de 1948 à beira da rua, e, calmamente, levantarmos a porta da garagem para a guarda do carro, tudo dentro da mais perfeita calma e total segurança, sem câmeras de proteção e da parafernália que a todos cerca atualmente como garantia de pretensa segurança contra as barbáries que infelizmente ocorrem neste violento país, o nosso Brasil.

    Um grande amigo, em conversa conosco mantida, faz a observação que somos muito saudosistas. Não podemos negar vez que o passado nos conduz a belas passagens e momentos inesquecíveis.

    O amigo certamente é bom observador; entretanto, a família que constituímos, os netos que vieram, a tenaz vontade de vencer pelo trabalho alicerçado na dignidade e os amigos que granjeamos nos conduz ao entendimento de que devemos continuar a jornada na certeza de que o mundo ainda sofrerá grandes transformações para a prevalência do bem.


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