• Bizarrices e caricaturas compõem a Coletânea de Curiosidades da Biblioteca Municipal

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  • 16/07/2017 07:00

    Que a Biblioteca Central Municipal Gabriela Mistral é a terceira maior e mais importante do Estado do Rio de Janeiro, todo mundo já sabe. Mas o que muita gente nem imagina, é que entre as 150 mil obras conservadas no local, existe uma coleção de curiosidades sobre a história de Petrópolis. Entre anúncios de alfinete perdido, concurso para eleger a mulher mais feia, e solicitações incomuns feitas a Câmara Municipal, os mais de 900 mil documentos que vêm desde 1838, contam parte da evolução histórica da cidade. 

    A responsável pela coletânea de curiosidades, é a historiadora Mariza da Silva Gomes, que trabalha na Biblioteca há 32 anos e durante todo esse tempo vem fazendo recortes de fatos curiosos que ajudaram a construir a cidade imperial que conhecemos hoje. “Tem gente que gosta de política ou entretenimento, e eu gosto das coisas do dia a dia da cidade. Por isso separo esses fatos curiosos do cotidiano. Tiro muitas coisas de jornais e revistas. Essas são uma das fontes mais antigas”, contou a historiadora. 

     O arquivo foi criado durante a gestão do então prefeito Paulo Rattes, que por causa da grande demanda de documentos já não havia mais local para guardá-los, precisando serem concentrados em um local adequado, a Biblioteca Municipal. Todas as solicitações que são feita para a Prefeitura, até nos dias atuais, depois que são protocoladas e levadas aos setores responsáveis, são arquivadas. Após 100 anos no arquivo, esses documentos se transformam em acervo histórico e podem ser encontrados no arquivo da biblioteca.

    Mas o que de tão curioso existe nesse arquivo

    Entre “causos” de polícia, solicitações diversas feitas a câmara e anúncios de jornais, a coleção guarda casos divertidos e até estranhos sobre personalidades e moradores da cidade. Como a solicitação feita por Santos Dumont requerendo licença para ter um cão de raça policial, que se chamava Bob, em 1919. Ou em 1913, quando o médico cientista Oswaldo Cruz, pediu licença a Câmara para ter um automóvel particular. Fatos corriqueiros, mas que sem a autorização das autoridades municipais não era possível. 

    Assim como anúncios que eram publicados nos jornais da época, inclusive a Tribuna de Petrópolis, que eram comuns, mas que para os dias atuais soam estranho. Como um anúncio que procurava uma enfermeira, mas a candidata deveria preencher alguns requisitos: tinha que ser de nacionalidade portuguesa, de meia idade, e “que tratasse de qualquer moléstia sem escrúpulo algum”.

    Dá para imaginar abrir a página de anúncios da Tribuna hoje, e ler esse tipo de anúncio? “O Sr. Sanelli récem-chegado da côrte no dia 30 do próximo passado, tem a honra de convidar o respeitável público para assistir as habilidades de alguns de seus ratos” (1858). Esse é um dos convites atípicos da época. 

    No arquivo também é possível encontrar mais de 8 mil plantas arquitetônicas, certidões de óbito, livros de imposto predial entre 1893 e 1968, notas fiscais, fotografias raras do Palácio Quitandinha, e diversos documentos que contam um pouco sobre o início do comércio. Nos registros está a história da colonização, e das várias nacionalidades que contribuíram para o desenvolvimento da cidade, como os portugueses, italianos, franceses e ingleses. 

    Comércio comum neste período era feito por ambulantes, ou pessoas simples que solicitavam a abertura de quiosques nas praças do Centro. As tradicionais lojinhas eram mantidas pelas pessoas que tinham uma condição de vida melhor.

    Mas todas as solicitações tinham que passar pela Câmara Municipal. Para ter uma ideia, até para mendigar o indivíduo tinha que pedir uma licença. E as solicitações eram das mais diversas: um capitão que pediu para realizar uma “corrida de pombos correios” entre a cidade e o Rio de Janeiro, ou um outro que pede licença para vender vassouras pelas ruas do Centro. 

    E não para por aí, os casos, ou causos de polícia como são chamados pela historiadora, trazem fatos que foram noticiados pela imprensa da época, na sessão policial, que hoje em dia, são as chamadas editorias policiais. Como essa nota publicada em 1929, sobre o nascimento de um filho de ciganos, enquanto um grupo passava pela cidade “É o que nos faltava: um cigano petropolitano! Do Nando de ciganos que durante alguns dias permaneceram em Petrópolis, abarrancados nos bairros tradicionaes da Castellania e da Rhenania, uma mulher deu a luz, na noite de quarta para quinta-feira, a um menino, que nasceu na barraca armada para os lados da volta do Kneipp. O seu nascimento causou um movimento geral sympatia nesta cidade”.

    Conheça um pouco mais sobre história de Petrópolis

    Em 1998, a Biblioteca realizou uma exposição desta coleção, e foi novamente exposta em 2010. Mas quem deseja consultar o acervo completo, está disponível ao público na Biblioteca Municipal que fica na Praça Visconde de Mauá, 305, Centro, próxima ao prédio da Câmara Municipal. Funciona de segunda a sexta feira de 8h às 18h, nos sábados a biblioteca está temporariamente fechada.

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